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Corinthians não descarta rompimento, mas se esforça para manter a Caixa

Paulinho e Pato vestem novas camisas do Corinthians  - Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians
Paulinho e Pato vestem novas camisas do Corinthians Imagem: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians

Gustavo Franceschini e Mauricio Duarte

Do UOL, em São Paulo

05/04/2013 06h00

O Corinthians se esforça para manter a boa relação com a Caixa e vai propor soluções para o impasse jurídico que atrapalha a parceria, mas não descarta um rompimento no futuro. Impossibilitado de receber o valor que lhe cabe de sua patrocinadora, o clube tenta minimizar o impacto financeiro do imbróglio sem ameaçar o contrato que vai até o fim deste ano.

“A gente projeta uma situação boa, uma situação mediana e uma situação ruim. Na situação ruim, se isso tudo caminhar para um desfecho ruim é possível que a gente tenha de abrir a discussão de patrocínio com a Caixa e verificar alternativas. Hoje, a gente não está neste cenário ainda”, disse Ivan Marques, diretor de marketing do clube alvinegro, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

O Corinthians não recebe sua parcela de R$ 2,5 milhões, de um total de R$ 31 milhões do contrato assinado no ano passado, há dois meses. A Caixa teve de suspender o pagamento para atender a ordem da Justiça Federal do Rio Grande do Sul, que concedeu uma liminar ao advogado gaúcho Antônio Beiriz, que no ano passado entrou com uma ação civil pública alegando que o acordo pode causar danos ao erário.

DIRETOR NEGA QUALQUER PARTICIPAÇÃO DE LULA NO ACORDO COM A CAIXA

  • Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Divulgação

    A simples menção ao ex-presidente Lula faz Ivan Marques mudar sua fisionomia. Principal artífice do acordo entre Corinthians e Caixa, o diretor de marketing alvinegro se incomoda com as insinuações de o político petista teria influenciado o banco estatal a investir no clube do Parque São Jorge, e nega veementemente qualquer relação.

    “Eu, pessoalmente, conduzi as negociações com o sócio de uma das agências [de publicidade] que detém a conta da Caixa, que vislumbrou uma oportunidade por conta de todo o foco que eles estão dando em esporte há alguns anos. Em nenhum momento houve qualquer questão política. A maior preocupação da Caixa era ela falar diretamente com o Corinthians, sem intermediários”, disse Ivan Marques.

    Na visão do diretor, há uma espécie de perseguição à relação entre o Corinthians e Lula. “O que eu acho tendencioso é desconsiderar um ex-presidente da importância do FHC, que fazendo o que fez pelo Brasil, nunca é lembrado como corintiano também. Acho que o corintiano tem de ter orgulho também porque o FHC é brasileiro, foi um p... presidente e é corintiano”, disse ele.

O problema, para o Corinthians, é que a decisão judicial só obriga a Caixa a suspender o pagamento. O clube, no entanto, segue tendo de exibir a logomarca da empresa por força de contrato. Consequentemente, a diretoria alvinegra fica impedida de substituir a receita por outra empresa e começa a sentir os efeitos em sua saúde financeira.

“Vai ser a segunda parcela de um total de 12 que não receberemos. Começa a ficar mais preocupante? Claro que sim. Existem medidas sendo pensadas antes da terceira parcela vencer? Claro que sim, mas em nenhuma delas está a possibilidade de sentar e rediscutir a possibilidade do patrocínio”, disse Ivan Marques.

As sugestões do Corinthians serão apresentadas em breve à Caixa. Entre elas estão a produção de produtos voltados para o torcedor que poderiam gerar receita para o clube, como um cartão especial para o associado, ou um financiamento a juros especiais até que a Justiça tome uma decisão definitiva sobre o assunto. Marques cogita até empenhar algumas propriedades do Itaquerão como garantias.

Tudo para que o Corinthians siga recebendo o valor que lhe cabe de um patrocínio que julga ser totalmente legal. Em sua ação pública, o advogado Antônio Beiriz argumenta que a Caixa, como banco público, não teria necessidade de fazer propaganda em uma entidade privada.

“Se você concorda com essa tese, a gente corre o risco de imaginar um país onde tudo passa por um controle do Estado na economia. Porque se uma empresa que tem capital estatal, mas compete no mercado privado, não pode comunicar sua marca onde ela bem entender, você abre uma discussão sem precedente”, avalia o diretor, acrescentando possíveis novos alvos de ações do tipo.

“Onde isso vai parar? Se o Corinthians não pode, por que o Atlético-PR pode? Por que o Avaí pode? Por que a TV Globo pode? Por que a Band e o SBT podem? Está aberta a discussão”, completou. 

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