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Projeto obriga São Paulo a devolver CT em 2022; clube reclama e pede igualdade

Goleiro Rogério Ceni participa de treinamento do São Paulo no CT da Barra Funda - Julia Chequer/Folhapress
Goleiro Rogério Ceni participa de treinamento do São Paulo no CT da Barra Funda Imagem: Julia Chequer/Folhapress

Mauricio Duarte e Renan Prates

Do UOL, em São Paulo

12/04/2013 06h00

A Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara dos Vereadores de São Paulo deu parecer favorável na última quarta-feira ao projeto de Lei 505/12, que determina a devolução dos terrenos cedidos pela Prefeitura para os Centros de Treinamento do São Paulo e do Palmeiras após o fim do período de concessão dos mesmos. O Tricolor é o maior prejudicado da decisão, pois o seu prazo finda em 2022. Sentindo-se prejudicado, o clube tenta prorrogação da sua posse do terreno, pelo menos até o mesmo ano de seus pares paulistas, Palmeiras e Corinthians, que têm direito de manter os seus locais de treino até 2078.

A notícia não foi bem recebida pela cúpula tricolor, pois os rivais terão 56 anos a mais de concessão. Para o Corinthians, foi a lei 10622 de 9 setembro de 1988 que deu ao clube 90 anos de posse do CT Joaquim Grava. A cessão da área vizinha ao São Paulo foi alterada pela lei 12001 de 18 de janeiro 1996 pelo ex-prefeito Paulo Maluf, que concedeu ao Palmeiras 90 anos da Academia de Futebol.

O QUE ACONTECE SE O TERRENO FOR RETOMADO PELA PREFEITURA

  • O documento publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial foi assinado por 16 vereadores. De acordo com o Artigo 47 do projeto, assim que acabar a concessão do terreno em que fica o CT do clube, em 2022, ele será incorporado a um parque urbano que será erguido no local, chamado pela Prefeitura de Subsetor A1. Este projeto é uma modificação do Operação Urbana Água Branca, criada por Paulo Maluf, e pede a revogação da Lei nº 11.774/85. Para entrar em vigor, precisa ser submetido à votação na Câmara.

O vereador Marco Aurélio Cunha (PSD), ex-dirigente do São Paulo, quer a igualdade nas concessões. “Não faz sentido as concessões serem tão dispares. Não faz sentido o São Paulo devolver o terreno sendo que o vizinho [Palmeiras] ficará até 2078. O que eu quero é isonomia. Que a Prefeitura conceda o mesmo incentivo”, disse ao UOL Esporte.

Segundo a publicação do Diário Oficial, "as áreas verdes situadas no Subsetor A2 e atualmente cedidas ao São Paulo Futebol Clube e à Sociedade Esportiva Palmeiras deverão, quando devolvidas à posse do Município, ser incorporadas ao parque urbano a ser criado no Subsetor A1”. Pelas datas da concessão, porém, o terreno do time tricolor deve ser devolvido 56 anos antes que o do rival.

ALTERNATIVAS PROPOSTAS ATÉ AGORA FORAM NEGADAS

  • O vereador Marco Aurélio Cunha é autor de um projeto que alterava a concessão do São Paulo até 2072, mas que não foi aprovado. “Não é muito competência do vereador, é mais do Executivo, mas é para alertar. Tem lei que você faz que induz o Executivo a pensar”, afirmou.
  • O ex-prefeito Gilberto Kassab fez no ano passado uma lei que dava concessão de 70 anos a oito clubes de São Paulo, lista na qual se inclui o trio de ferro, que teria concessão até 2083, também vetada pelo Ministério Público.

O São Paulo afirma que não foi notificado oficialmente pela Prefeitura. “O São Paulo se incomodaria muito se isso que estão comentando como extinção da concessão não fosse estendido para todos os terrenos concedidos pela Prefeitura pra clubes de futebol. Estou falando de todos, não só do São Paulo e Palmeiras”, afirmou ao UOL Esporte José Francisco Mansur, assessor da presidência do clube.

Cunha se diz tranquilo sobre o desenrolar da situação. O vereador acredita que o clube não será prejudicado e não existe risco real de o São Paulo perder seu centro de treinamento em 2022. “Nem será o Haddad reeleito que vai fazer isso [autorizar ou não o fim da concessão ao São Paulo]”, afirmou.

Por fim, ele negou se preocupar com as críticas que recebe por sua ligação com o São Paulo e sobre como pode ajudar o clube com seu mandato de vereador. “Não posso tomar um e deixar o outro, não tem como. Todo politico vai entender que se trata de uma desigualdade. Estou pedindo a mesma condição que deram pros outros”, completou.