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Vasco desfaz 'trem bala' e amarga bolso vazio após receber R$ 32 milhões

Os jogadores do Vasco comemoram o título da Copa do Brasil de 2011: time desfeito - Ricardo Cassiano/UOL
Os jogadores do Vasco comemoram o título da Copa do Brasil de 2011: time desfeito Imagem: Ricardo Cassiano/UOL

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/04/2013 06h10

O Vasco desfez o cantado “trem bala da colina” pela torcida. O time campeão da Copa do Brasil e vice-campeão brasileiro em 2011 não existe mais. Em 20 meses, a diretoria vendeu os jogadores, arrecadou R$ 32 milhões, mas segue de bolso vazio. Afundado na grave crise financeira, o Cruzmaltino gastou o montante recebido na mesma velocidade com a qual precisou negociar os atletas. Apenas o atacante Eder Luis segue no elenco dos titulares na decisão da Copa do Brasil contra o Coritiba.

O último negociado foi o zagueiro Dedé com o Cruzeiro. Apesar do imbróglio entre Vasco e Fazenda Nacional, que bloqueou a transferência do defensor, o clube carioca seguiu o exemplo das saídas anteriores e “torrou” o montante rapidamente para quitar dívidas. Foram cinco milhões de euros (R$ 13 milhões) depositados para pagar salários atrasados, FGTS e demais acordos judiciais. O Cruzmaltino ainda tem 500 mil euros (pouco mais de R$ 1,3 milhão) parcelados para receber.

Dedé, Allan (R$ 1,5 milhão), Fagner (R$ 2,5 milhões), Romulo (R$ 10 milhões) e Diego Souza (R$ 4 milhões) renderam quase R$ 32 milhões ao clube de São Januário apesar das batalhas judiciais e dificuldades para receber os valores, caso envolvendo o último na transferência para o Al-Ittihad, da Arabia Saudita. Por outro lado, Fernando Prass, Anderson Martins, Ramon, Eduardo Costa, Felipe e Alecsandro deixaram o Cruzmaltino pelo chamado “custo zero”, seja por fim de contrato, ações na Justiça do Trabalho pelos atrasos salariais ou participação nula na venda dos direitos econômicos. 

Procurado pela reportagem do UOL Esporte, o diretor geral Cristiano Koehler considerou natural a transformação do Vasco e ressaltou a dificuldade do clube em manter as contas em dia devido ao passivo superior a R$ 500 milhões.

“Os clubes brasileiros precisam vender de forma obrigatória. É para a sobrevivência, sobretudo das agremiações do Rio de Janeiro. Todos os clubes cariocas possuem passivos superiores a R$ 500 milhões. Manter um time por três anos é complicado. Acontece isso quando se chega ao topo. O mercado entende dessa forma. É natural e torna-se irrecusável pelo buraco financeiro. A preocupação é com o clube como um todo mesmo o futebol sendo prioridade. O dinheiro entra e já é utilizado para pagar contas”, afirmou o CEO cruzmaltino.

R. GOMES GANHA FORÇA NO VASCO COM COBRANÇAS E APOIO DE BOLEIROS

  • Marcelo Sadio/ site oficial do Vasco

    Pouco mais de cinco meses após o retorno ao Vasco, o diretor técnico Ricardo Gomes está mais fortalecido do que em outras ocasiões. Apesar da eliminação do time no Campeonato Carioca, o agora dirigente encerrou o trabalho no primeiro torneio após o AVC sofrido em agosto de 2011 nos “braços dos jogadores”. Gomes se destacou pelas cobranças por salários nos bastidores e na forma como se comportou nos momentos de crise. A defesa do elenco esteve em primeiro lugar e aumentou a credibilidade junto aos boleiros.

Com a saída de Dedé, o Vasco perdeu o último jogador no qual poderia apostar em um trabalho de imagem para buscar patrocínios e possíveis parcerias. Em um momento “sem ídolo”, o clube não enxerga a situação como solução e trabalha em outras frentes para a reposição a longo prazo.

“Não é simplesmente trabalhar a imagem e patrocínios. O passivo é gigantesco e um patrocinador ajuda apenas dentro dos seus limites. Nada é suficiente e torna-se obrigatório negociar os atletas. Como eu chegaria no dia 5 de maio em caso de manutenção do Dedé? Não teria como. O vender é necessário, mas repor com competência é o mais importante. Precisamos formar novos ídolos, contratar dentro dos limites e repor o time. O trabalho nas categorias de base traz um benefício ainda maior e com menor custo. É dessa forma que o Vasco está trabalhando”, encerrou Koehler.

Além de Eder Luis, Bernardo também esteve presente na decisão da Copa do Brasil ao entrar no segundo tempo. Entretanto, os remanescentes devem ser negociados em um futuro próximo, o que consolidaria de vez o fim da geração “trem bala da colina”. A administração Roberto Dinamite considera viável arrecadar algo em torno de R$ 7 milhões com a transferência da dupla até o próximo ano.

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