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Beckham brasileiro relembra tempos de modelo da Apae e fama de galã: "Longe de ser santo"

Rodrigo Beckham sempre sofreu comparações com o astro inglês David Beckham - Montagem UOL com fotos de Zanone Fraissat /Folhapress e Folhapress
Rodrigo Beckham sempre sofreu comparações com o astro inglês David Beckham Imagem: Montagem UOL com fotos de Zanone Fraissat /Folhapress e Folhapress

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

16/05/2013 11h02

Rodrigo Beckham sempre rejeitou as comparações com o craque inglês por reafirmar sua personalidade e estilo próprio. Mas o status de galã que acompanha o astro do PSG também fez parte da carreira do meia, que brilhou no Botafogo no início dos anos 2000. Ele chegou a ser modelo da Apae de Santos e fez muito sucesso com as mulheres.

Casado com a colunista social Viviane Mascaro e à espera de seu primeiro filho, Rodrigo Juliano Lopes de Almeida leva uma vida tranquila em São Paulo. O ex-atleta se mostra até constrangido em falar sobre a fama, quando chegou a ser eleito o jogador mais bonito do Campeonato Brasileiro.

“Para mim era uma coisa que eu não via, achava que era normal. Teve um concurso na imprensa que ganhei como o mais bonito. É a mídia, não era nada a ponto que mudasse a minha vida”, disse, após um tempo em silêncio.

No entanto, admitiu que aproveitou a vida sem conseguir esconder a timidez em tocar no assunto. “Até dava meus passeios. Passei longe de ser um santo”, brincou.

Rodrigo chegou a ganhar o rótulo de modelo, mas ele garante que só usou seus dotes nas passarelas para desfilar roupas sociais na Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) de Santos.

“Fiz trabalhos de desfiles sociais porque meu avô era presidente da Apae Santos, fiz alguns desfiles. Mas fiz por uma causa beneficente, não foi para ganhar dinheiro”, diz ele que em todos os momentos ressalta que seu único foco era o futebol.

Os olhos claros, os cabelos loiros e ‘arrepiados’ até hoje rendem comparações com o astro inglês David Beckham. Apesar do sucesso do sósia, Rodrigo sempre lutou contra o apelido surgido na época em que defendeu o Everton, da Inglaterra.

“Nunca fui uma pessoa que quis copiar o estilo de ninguém, eu tinha minha própria forma. Nunca fiz questão que me chamassem assim. E quanto mais você resiste, mais a coisa persiste. Fui sendo indiferente para a coisa se dissolver”.

Ele encontrou o ícone fashion uma única vez quando se enfrentaram em 2002. Na ocasião, Rodrigo defendia o Éverton, e David estava no Manchester United. Mas, curiosamente, suas histórias se cruzaram anos depois, quando recebeu um grupo de ingleses que queria conhecer melhor o futebol brasileiro.

Não tenho o que fazer. Não sei se é possível. Acho que os atletas de futebol deveriam ter um auxílio doença devido às sequelas que desenvolveram. É uma profissão de tempo curto, limitada, muito intensa e desgastante

Rodrigo, sobre as lesões na carreira

Rodrigo conheceu o empresário do Beckham ‘original’, Terry Byrne, com quem firmou uma parceria que deu início ao projeto ‘Base Brasil’. Rodrigo hoje é um dos principais responsáveis pelo programa que trabalha a inclusão de famílias e crianças carentes por meio do futebol e está em seu terceiro ano em oito estados brasileiros.

“Em 2008 ou 2009, o agente que me levou para jogar na Inglaterra me ligou e pediu que eu recebesse um grupo de ingleses que viriam para cá. Conheci o Terry Byrne, que foi empresário dele por um período. E esse meu projeto Base Brasil surgiu de uma parceria com ele”.

Além do Base Brasil, Rodrigo hoje se dedica também ao projeto ‘Futebol pela Paz’ e ainda faz um curso de Marketing, Gestão e Direito do Esporte. Nas horas vagas se dedica ao surfe, seu hobby preferido desde a época de adolescente.

O ex-jogador viaja pelo mundo para encarar ondas grandes e esteve recentemente nas Ilhas Mentawai, na Indonésia, com um grupo de profissionais. Ele diz que não tem medo.

Meu sentimento de realização e identificação com a torcida é muito especial. Eu costumo até dizer que o lugar onde sou mais acolhido é o Rio. Não é minha cidade natal, mas sempre fui muito bem recebido. Tinha conversado para encerrar a carreira lá, mas não foi possível pela minha condição física

Ex-meia, sobre o sonho de encerrar a carreira no Botafogo

“Cada viagem dessas sempre é muito especial, faço imagens, filmes. Nunca tive medo do mar, sempre foi o lugar onde eu mais gostei de estar na minha vida. Nenhum esporte é mais perigoso que o futebol. Eu não estaria com 36 anos sem poder correr”, diz.

Rodrigo ainda sofre as consequências das seguidas lesões na carreira, especialmente no joelho direito, que o obrigaram a fazer duas cirurgias. Está praticamente vetado do futebol e do futevôlei nas praias de Santos que tanto gosta e tem dificuldades até para correr.

“Se eu fico muito tempo sentado, se eu tenho que caminhar muito, meu joelho incha. Se eu tenho que fazer esforço a mais, meu joelho  incha e sinto muita dor”, disse.

Rodrigo começou no futebol de salão e aos 20 anos foi atuar pela Portuguesa Santista. Na época, ainda conciliava o futebol com os estudos e chegou a cursar um semestre de Direito e outro de Administração. Mas largou a faculdade quando a carreira decolou no Gama, ao ser campeão da Serie B.

O Beckham ‘sósia’ foi ídolo do Botafogo e artilheiro do time no Campeonato Brasileiro de 2000 e 2001. Desde a sua ida para a Inglaterra, em 2002, sofreu com sérias lesões no joelho que o atrapalham até hoje. Ainda atuou por times como Atlético-MG, Corinthians, Juventude, Atlético-PR, Vasco, Boavista, Fortaleza até encerrar a carreira em 2010 no Red Bull Brasil, onde conquistou a Série A3 do Paulistão aos 33 anos.