Flu pode arrecadar R$ 50 mi com Maracanã, mas terá que triplicar público

O Fluminense tem um desafio pelos próximos 35 anos: lotar arquibancadas regularmente. O contrato assinado na última quarta-feira com o consórcio que administrará o Maracanã livra o clube da maioria dos custos para mandar seus jogos e dá direito à receita de 43 mil lugares. Apesar de não poder explorar estacionamentos, camarotes, restaurantes e demais áreas, o time das Laranjeiras pode alcançar uma arrecadação de R$ 50 milhões. Para isso, porém, terá que praticamente triplicar sua média de público do último Brasileirão, contando ainda que todos os torcedores comprem os ingressos destinados ao Tricolor.

Em um exercício hipotético, levando como base o número de jogos do Fluminense como mandante em 2012 (35), a taxa de ocupação da meia entrada (38%) e o preço médio do ingresso cobrado (R$ 40 inteira, R$ 20 meia), o Tricolor teria um lucro de quase R$ 1,4 milhão se vendesse todas as cadeiras destinadas para seu setor. Em um ano, a arrecadação chegaria perto de R$ 49 milhões. 

O número, no entanto, soa quase utópico se comparado com as recentes médias de público do Fluminense. Em 2012, ano do quarto título nacional da equipe, foram 12.599 pagantes em média, praticamente três vezes menos que a capacidade que terá à disposição no novo Maracanã. Além disso, a tendência é de que o número de meia entrada aumente mais com a ampliação do programa de sócio futebol. Atualmente, são 17 mil tricolores cadastrados em alguma categoria com desconto.

"O sócio torcedor só terá prioridade na nossa área. O modelo do sócio futebol tem conotação mais popular, o que atende aos ingressos do Fluminense. Quem busca um camarote por três anos não vai fazer essa conta de desconto. Comercialmente não seria interessante. O interessante é utilizar isso na área popular", disse o presidente do Fluminense, Peter Siemsen.

Da capacidade total do Maracanã, 43 mil lugares (56,6%) estão reservados para o time das Laranjeiras, que estabelecerá o preço dos ingressos que deseja cobrar, promoções e facilidades para seus sócios. O lucro com a venda das entradas das área restantes do estádio vão para o consórcio. 

O valor que a equipe carioca poderá atingir pode até mesmo ultrapassar clubes com estádio próprio. Segundo um estudo do especialista em marketing e gestão esportiva Amir Somoggi, o Vasco arrecadou R$ 10 milhões com a administração de São Januário em 2012. O Botafogo, arrendatário do Engenhão, teve praticamente os mesmos números: R$ 10,4 milhões. Na ponta do estudo aparece o São Paulo, que atingiu R$ 65,2 milhões com o Morumbi.

O Fluminense ainda não definiu o preço que cobrará pelos ingressos no Maracanã. A equipe das Laranjeiras vinha negociando as entradas neste Brasileirão por R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) nos jogos realizados em Macaé. O clube carioca fará alguns estudos durante esta edição do torneio nacional, testando alguns valores, para ter um modelo mais funcional em 2014.

"Se for equilibrado e dentro do que planejamos, os dois vão sair ganhando. As cláusulas garantem que ninguém sairá no prejuízo. O clube  se sente seguro de entrar neste modelo. Isso [preço dos ingressos] vai depender mais do planejamento do ano. Fizemos um contrato no meio do campeonato e, a partir do ano que vem, teremos uma ideia e um modelo ideal em relação à venda dos 43 mil ingressos e seus valores", destacou o presidente tricolor.

O retorno do Fluminense ao Maracanã será no clássico contra o Vasco, no próximo dia 21, pela 8ª rodada do Campeonato Brasileiro. O time das Laranjeiras também terá direito a uma loja dentro da arena e vestiário exclusivo e personalizado. O contrato tem duração de 35 anos.