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Em meio à crise, presidente do Santos pede afastamento por um ano

Presidente do Santos alegou motivos de saúde para o afastamento - Leandro Moraes/UOL
Presidente do Santos alegou motivos de saúde para o afastamento Imagem: Leandro Moraes/UOL

Ricardo Perrone e Vitor Pajaro

Do UOL, em São Paulo e Santos

15/08/2013 20h40

Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro não resistiu à avassaladora crise que atingiu o Santos após a goleada por 8 a 0 para o Barcelona. O presidente do clube pediu um ano de licença por motivos de saúde. O vice Odílio Rodrigues assumirá o cargo. 

O pedido foi entregue ao Conselho Deliberativo que se reuniu nesta quinta. A decisão, aprovada de forma unânime, foi tomada horas depois de a oposição protocolar um requerimento para a abertura de um processo de impeachment contra Luis Álvaro e seu vice, Odílio Rodrigues.

Com o afastamento temporário, o pedido de destituição perde força. Caso seja cumprida até o final, a nova licença médica deixará Laor, como é conhecido o presidente, com apenas cerca de quatro meses de gestão. Seu mandato termina em dezembro de 2014.

A saída foi definida após uma série de reuniões. A última delas aconteceu nesta quinta com representantes do grupo Eu Sou Santos, formado por aliados dos dirigentes, mas que contestam pontos da administração.

O presidente ouviu que teria problemas para conseguir aprovar suas ações no Conselho Deliberativo após 97 conselheiros assinarem o requerimento pelo processo de destituição. Ficou claro para Laor que, dificilmente, ele conseguiria aprovar no órgão os novos nomes para o Comitê de Gestão do clube.

Na semana passada, o dirigente afastou Caio De Stéfano e Pedro Luiz Nunes Conceição do Comitê. Um dia depois, Luciano Moita decidiu deixar o órgão responsável por administrar o Santos.

As saídas de Caio e Pedro agravaram a crise. Colaboradores do presidente entenderam que a queda dos dois foi usada para desviar o foco do incêndio causado pela derrota diante do Barcelona.

A série de reuniões que culminou com a licença do presidente começou no sábado. Laor recebeu um grupo de empresários de São Paulo em sua casa na capital e ouviu a recomendação para que renunciasse. Seria melhor do que enfrentar o desgaste de um processo de impeachment, ainda que não desse em nada.

Nesta quarta, conselheiros efetivos (vitalícios), que moram em Santos, também conversaram com o presidente, que não demonstrou interesse em renunciar, como já fizera no sábado.

Porém, o fato de quase um terço dos conselheiros com direito a voto terem assinado o requerimento pela abertura do processo de impeachment mostrou em números o tamanho da fragilidade do presidente, acusado de provocar danos à imagem do Santos ao aceitar o jogo em Barcelona, entre outros erros apontados pela oposição.

Laor já havia passado longo período afastado por conta de problemas de saúde. Agora ele passa o bastão para um cartola que também está fragilizado fisicamente. O site do Santos chegou a anunciar que Odílio pediria licença média após sofrer uma queda. Depois, voltou atrás, não pediu o afastamento e, segundo a assessoria de imprensa do clube, tem despachado de casa.

Pouco tempo após a confirmação, Luis Alvaro divulgou uma carta no site oficial do clube. Veja o comunicado na íntegra:

Prezado Santista

Como é de conhecimento público, desde 2011 venho acumulado problemas de saúde que têm comprometido meu dia-a-dia na Presidência do Santos Futebol Clube.

Estes problemas me acompanharam durante um bom período em 2012 e agravaram-se no início deste ano, quando sofri um infarto e outras graves complicações pulmonares – já havia sofrido um em 2003, com conseqüentes quatro paradas cardíacas.

Fiquei internado no Hospital Albert Einstein por 50 dias e, desde então, venho tentado retornar a meu ritmo normal na Presidência do Clube, com muita dificuldade.

Nos últimos dias, aflitas com meu estado de saúde, minhas seis filhas fizeram um apelo comovente para que eu me dedicasse de maneira mais séria a meu tratamento, sob risco de acontecer o pior a qualquer momento.

É fato que o Santos FC precisa de um Presidente que esteja presente em seu dia-a-dia, liderando a reformulação em curso após um período de três anos com seis títulos conquistados, o controle das finanças e a redemocratização de nosso estatuto.

Diante disso, em nome do amor à minha família e ao Santos FC, pedi, neste 15 de agosto de 2013, afastamento pelo período de um ano das funções de Presidente do Clube.

Este prazo deve ser suficiente para a continuidade de meu tratamento de saúde, que prevê várias sessões de fisioterapia no Hospital Albert Einstein e uma série de limitações que impedem minha atuação 100% dedicada ao Clube.

Saio tranquilo por saber que tenho um vice-presidente capaz de liderar o Clube em minha ausência, ao lado dos membros do Comitê de Gestão, e um grupo de funcionários extremamente capazes e dedicados, que transformaram o Santos FC em um Clube de vanguarda no futebol brasileiro com uma série de inovações nos últimos anos.

Muito obrigado a todos e até a volta.

Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro.

Pedido de afastamento de Luis alvaro