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Diagnóstico errado faz Boquita, ex-Corinthians, recomeçar na Segundona

Boquita despontou no Corinthians e recentemente acertou com o Atibaia - Almeida Rocha/Folha Imagem
Boquita despontou no Corinthians e recentemente acertou com o Atibaia Imagem: Almeida Rocha/Folha Imagem

Luis Augusto Simon

Do UOL, em São Paulo

23/08/2013 06h00

Um jogador que conquistou quatro títulos – três pelo Corinthians e um pela Portuguesa – nos três primeiros anos de carreira e que, em seguida, chega ao Atibaia, da Segundona paulista (que na verdade equivale à quarta divisão em SP), está em decadência? “Longe disso”, afirma Rafael Aparecido da Silva, de 23 anos.

Ele é o Boquita, campeão da Copa São Paulo de Juniores, Copa do Brasil e Campeonato Paulista, todos em 2009, e da Série B em 2011, como destaque daquela “Barcelusa” que fez campanha memorável.

“Estou aqui para me recuperar e retomar minha carreira rapidamente”, conta o jogador, que estreia neste sábado, contra a Portuguesa Santista, pela terceira fase do campeonato.

A chegada tão precoce a um time quase inexistente foi causada por um erro de diagnóstico. Do próprio Boquita. “Eu estava na Portuguesa, na fase final da Série B e sentia muitas dores. Nem treinava, só jogava. Tinha certeza que era púbis e fomos tratando assim”. A dor não parava e ele não deixava o time. Ferdinando havia se contundido e ele era o titular.

“Boquita foi fundamental naquela campanha”, diz Geninho, que assumiu o time depois da passagem de Jorginho pelo comando da "Barcelusa". “O Luís Ricardo atacava muito e ele segurava as pontas na defesa. E quando subiam juntos, faziam boas jogadas pela direita porque o Luís Ricardo começou como atacante e o Boquita como meia. Eles defendiam e atacavam. Foram muito bem”.

As boas partidas, os elogios e a proximidade do título impediam um exame mais acurado. Já campeão, voltou ao Corinthians, que tinha os seus direitos. Ao chegar, fez dois treinos e novamente sentiu dores. E, novamente, informou aos médicos que era pubalgia. Só então, Boquita pensou que poderia ser outra coisa. Fez exames e recebeu novo diagnóstico. Nada de pubalgia, o problema era hérnia.

“O jeito foi operar. Fiquei seis meses parado e aí terminou meu vínculo com o Corinthians. Como estava me recuperando, não pude procurar um time para jogar a Série A ou B do Brasileiro. Perdi o trem”, conta Boquita.

Procurou um empresário e planejou sua vida apenas para 2014. Assinou um pré-contrato com o Atlético Sorocaba para o Paulistão e foi se recuperar. Então, o amigo Leonardo Silvério, diretor de futebol do Atibaia fez o convite, assim por fazer, sem esperar uma resposta positiva. “Falei assim para ele jogar pelo Atibaia até o final do ano e ele aceitou. Nem acreditei. Arrumei um patrocinador e estamos pagando o salário dele”, afirma. “É um esforço nosso, mas continuamos gastando apenas R$ 50 mil por mês com a folha salarial”, diz o presidente Edivaldo Lima.

Boquita aceitou e começou a sonhar. “Quem sabe algum time não me vê no Atibaia e ainda consigo uma vaga no Brasileiro. A janela fecha logo, mas pode dar tempo, por que não?” Há uma cláusula que o libera do Atibaia quando e se o convite vier.

Se não houver convite, sem problema. “Não vim aqui por causa de dinheiro. Não vou dizer que o baque não foi alto, mas eu soube cuidar bem do dinheiro que ganhei. Fiz bons investimentos e não tenho problema financeiro. Na verdade, é apenas uma preparação para o Paulistão”, diz, Boquita. A não ser que venha aquele convite irrecusável e ele volte a jogar no Brasileiro.