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Movimento de jogadores quer atrair nomes como Seedorf, R10 e Fred

Guilherme Costa e Gustavo Franceschini*

Do UOL, em São Paulo

25/09/2013 06h00

Lançado com mais pressa que os seus participantes gostariam, o movimento de atletas em prol do futebol brasileiro quer crescer nos próximos dias. No primeiro dia após o anúncio de suas intenções, o grupo gostou da repercussão positiva, já ampliou sua rede de contatos e quer atrair mais medalhões como Seedorf, Ronaldinho Gaúcho e Fred.

Os três nomes foram algumas das ausências mais sentidas na lista de signatários do Bom Senso F.C., lançado na última terça com 75 participantes. Dois motivos, segundo os líderes do movimento, explicam o fato deles estarem fora da carta que pede uma reunião com a CBF para tratar do calendário do futebol brasileiro.

O primeiro foi a correria para a oficialização. Com reunião marcada para a próxima segunda, o Bom Senso F.C. foi lançado em caráter de urgência, porque os jogadores souberam que o jornal Folha de S. Paulo publicaria uma reportagem sobre o tema. Antes disso, os líderes do movimento tiveram problemas para encontrar cada um desses medalhões, já que a comunicação necessariamente se deu em caráter particular, dada a gravidade do assunto.

A ideia é que, depois de tornada pública a manifestação, mais gente decida se unir ao processo. No primeiro dia, a resposta foi positiva. Tite, Osvaldo de Oliveira e Jayme Brandão (interino do Flamengo), manifestaram apoio ao movimento. Técnicos, ex-jogadores e demais profissionais do esporte são bem-vindos e aguardados no movimento, que também ganhou adesão de outros atletas em atividade. Em poucas horas, por exemplo, o Bom Senso F.C. ganhou o reforço de Réver, que ao longo do dia decidiu juntar-se aos colegas.

O capitão do Atlético-MG, atual campeão da Libertadores, é exatamente o tipo de reforço que o grupo procura. Em um primeiro momento, na visão dos líderes, era importante reunir líderes e jogadores mais experientes. A busca foi por qualidade, em vez de quantidade, para que ficasse clara a seriedade do protesto, já que muitos dos signatários sequer seriam beneficiados por uma eventual mudança, por estarem em fim de carreira. Entre os principais signatários estão Rogério Ceni, Juninho Pernambucano e Zé Roberto, entre outros, todos atletas que defenderam a seleção brasileira em Copas do Mundo. 

Além disso, a repercussão positiva se encarregaria de engrossar o movimento em seguida, do mesmo modo que esses primeiros a darem a cara a tapa encarariam melhor as críticas. Já no primeiro dia, os cartolas protestaram. Em entrevista ao blog do Rodrigo Mattos, do UOL Esporte, presidentes das federações de Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco reclamaram da atitude dos jogadores.

As entidades de classe também condenaram a criação do Bom Senso F.C.. Alfredo Sampaio, presidente em exercício da Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas), por exemplo, chegou a dizer que “Paulo André fala demais”, pedindo que os sindicatos sejam consultados em qualquer movimentação.

O zagueiro corintiano é um dos líderes, mas não o único. Alex (Coritiba), Juninho (Vasco) e Juan (Inter), por exemplo, também se encarregaram de contatar atletas de praticamente todos os principais clubes do país. Da Série A, só Náutico e Vitória não cederam “representantes” – assim como os medalhões, também por dificuldade no contato.

As conversas aconteceram por telefone, email e whatsapp, o aplicativo que permite a troca de mensagens entre um grupo de pessoas. A não participação dos sindicatos está longe de ser ocasional. Os jogadores signatários entendem que só eles podem mudar a situação atual do futebol brasileiro, por entenderem que federações, clubes e as entidades de classes estão “engessados”.

O “modus operandi” da mudança será definido na próxima segunda-feira. Até lá, ninguém espera nenhuma resolução. Como nenhum ofício foi enviado diretamente à CBF, espera-se que a confederação mantenha o silêncio por não ter sido comunicada. Na reunião com vários dos signatários da carta, serão definidos os representantes do grupo que lidarão com a imprensa e o modo de contato com os cartolas, entre outros temas. 

*Colaboraram Bernardo Gentile, Guilherme Palenzuela, Jeremias Wernek, Pedro Ivo Almeida, Rodrigo Paradella e Vanderlei Lima

JUCA CHAMA SINDICATO DE 'OPORTUNISTA'; BIRNER PEDE MENOS JOGOS

  • JUCA KFOURI - Como era de se esperar, os acomodados “sindicalistas do futebol” que há décadas fazem de seus cargos meros cabides de empregos, agora surgem radicalizando, propondo até greve e querendo tomar para si as conquistas trabalhistas dos atletas que jamais tiveram o dedo deles.

  • VITOR BIRNER - A reformulação do calendário do futebol brasileiro é muito importante. Se houver menos jogos, a qualidade deles aumentará. Com os atletas mais bem preparados na parte física, o nível técnico das partidas ficará mais alto.