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Caça Rato viveu drama ao ser baleado e se exalta como matador de roedores

Lucas Tieppo

Do UOL, em São Paulo

05/11/2013 06h00

Cabelo extravagante, ídolo da torcida, abordado por torcedores na rua a todo momento e garoto propaganda em uma ação publicitária. Não, não estamos falando de Neymar. Este é o perfil de Flávio Caça Rato, atacante de 27 anos e autor do gol que levou o Santa Cruz de volta à Série B do Campeonato Brasileiro.

Dono de um apelido do qual se orgulha, o jogador atingiu a fama mesmo sendo reserva do time pernambucano. Ainda assim, foi ele o responsável pelos gols decisivos do time em 2013.

Em maio, marcou o primeiro gol da vitória por 2 a 0 sobre o Sport que resultou no tricampeonato pernambucano – Flávio foi expulso ainda no primeiro tempo, mas acabou absolvido pela torcida pela conquista. No último domingo, o tento de cabeça deu a vitória por 2 a 1 sobre o Betim e a vaga na Série B.

“Sempre trabalhei muito para conquistar isso. Deus me deu muita força”, disse Flávio ao UOL Esporte.

Em 2010, Flávio passou por um momento complicado fora de campo. Ao ser abordado no bairro onde morava, discutiu com dois assaltantes e levou dois tiros, um na perna direita e um nas costas.

“Quando você tenta alcançar coisas melhores na vida, tem gente que não quer deixar. Estava na rua e tentaram levar uma corrente minha. No meio da discussão, um moleque, que eu conhecia, disparou duas vezes. Fiquei quase dois meses sem jogar, mas me recuperei bem”, lembra. 

Já o apelido surgiu na infância, pois Flávio era obrigado a caçar ratos e admite que gostava da brincadeira, que também era necessária.

“Isso é desde os meus 13 anos. Eu morava em uma comunidade perto do Arruda (estádio do Santa Cruz) e gostava de matar rato. Deram o apelido e pegou. Não tenho problema”, afirmou.

Carismático, o atacante conquistou a torcida do Santa Cruz e também tem pouca rejeição entre os rivais. Por isso, se tornou garoto propaganda de  uma revendedora de automóveis do Recife. Ajuda que chegou em hora providencial, já que o clube devia três meses de salário.

“Estava sem receber e surgiu a oportunidade. Foi muito bom, rendeu na parte financeira. Tenho contrato até o fim do ano e meu empresário que cuida desta parte. Mas estou aberto”, analisou. Já o cabelo diferente, louro e com moicano, foi resultado de uma brincadeira de carnaval que foi mantida.

A trajetória do atacante, no entanto, é comum no mundo do futebol. Flávio surgiu na base do rival Sport e passou por sete times, inclusive um da Croácia, até chegar ao Santinha em 2011, onde nunca foi titular absoluto.

“Passei seis meses muito bons na Croácia, mas fui em um esquema de empresário e voltei com seis meses. A chegada ao Santa foi tranquila, não teve rivalidade”, afirmou.

Agora, ele admite que pensa em tentar a sorte em algum time grande do Sudeste brasileiro. "Todo jogador sonha em com voos mais altos. Estou feliz no Santa Cruz, mas quero sim coisas maiores", analisou. 

  • Diego Nigro/JC Imagens/Estadão Conteúdo