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Grêmio repassou R$ 1,1 milhão para "viagens" de organizadas, diz jornal

Do UOL, em Porto Alegre

12/12/2013 13h06

Segundo matéria publicada no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, a direção do Grêmio comandada pelo presidente Paulo Odone repassou cerca de R$ 1,1 milhão entre janeiro de 2011 e dezembro de 2012 para torcidas organizadas do clube. Sem nenhuma exigência de prestação de contas, líderes assinavam recibos que seriam utilizados para despesas de viagens e usavam os valores para outros fins.

Mais de 85% do R$ 1,1 milhão foram destinados a Geral do Grêmio, que tradicionalmente apoiava Odone nos pleitos eleitorais. Apesar de tomar um dos lados da política interna do clube, inclusive com integrantes no conselho deliberativo, o poder da organizada vive em disputa há alguns anos. Apesar das partes negarem, o motivo seria financeiro.

Atualmente são 13 membros do Conselho Deliberativo oriundos da Geral do Grêmio. Entre eles, Rodrigo Marques Rysdyk e Bruno Pisoni Garcia, citados como receptores da verba destinada à torcida de acordo com o peródico da capital.

A força política da Geral cresce a cada eleição gremista. No último pleito presidencial, um dos representantes do Movimento Grêmio da Torcida - formado por tais aficionados - concorreu a cargo de vice-presidente na chapa de Paulo Odone, derrotada por Fábio Koff. E o atual presidente do Conselho Deliberativo, Milton Camargo, teve eleição definida pelo apoio do mesmo movimento, que destinou a ele todos seus votos.

Apesar de Paulo Odone afirmar que os integrantes das torcidas apresentavam valores e que a administração pesquisava para conceder apenas metade do solicitado, o ex-mandatário nega que sabia que parte era embolsado por integrantes das torcidas. A quantidade arrecada, e que sobrava após o pagamento das despesas de viagem, era divida entre os dois principais líderes da Geral: Rodrigo Marques Rysdyk, o Alemão, 35 anos, e Cristiano Roballo Brum, o Zóio, de 33, que disputam o comando da torcida.

“Não era para eles fazerem o que quisessem com o dinheiro. Às vezes, me diziam: ‘Olha, os caras pegaram o dinheiro dos ônibus e não usaram’. [...] Eu tinha que me preocupar com o macro do Grêmio e com o esporte. Já chega o que a gente se incomoda com esse troço de torcida. Agora vou fiscalizar se o cara desviou 200, 200 mil, 600 mil? E tu dizes: ‘Foi R$ 1,1 milhão, presidente’. Porra, eu passei 10 anos tirando o Grêmio do buraco! Eu não conheço esses números”, afirmou Paulo Odone ao jornal Zero Hora.

O periódico teve acesso há nove recibos dos repasses do Grêmio para as torcidas. Em janeiro de 2013, Fábio Koff assumiu o cargo de presidente e determinou o fim da verba destinada às organizadas.