Topo

Neymar foi a gota d'água. Rosell começou a cair ao vender a camisa do Barça

Questionado pela Justiça, Sandro Rosell pediu renuncia da presidência do Barcelona - EFE/Alejandro García
Questionado pela Justiça, Sandro Rosell pediu renuncia da presidência do Barcelona Imagem: EFE/Alejandro García

Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

25/01/2014 06h00

A imagem da marca da companhia aérea Qatar Airways no cartaz atrás do agora ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, durante seu pedido de renuncia, na última quinta-feira, é representativa. Foi um acordo com a Qatar Foundation, em 2011, para estampar o seu nome na centenária camisa azul-grená que originou o movimento político que acabou resultando na queda do cartola. Dois anos depois, a fundação foi substituída pela companhia aérea do país árabe.  

Até 2010, o Barcelona se orgulhava de nunca ter vendido espaço na sua camisa. Durante mais de cem anos, ela se manteve limpa. Em 2006, o clube fechou um acordo com a Unicef (órgão das Nações Unidas que promove ações na defesa dos direitos das crianças). Os catalães pagavam 2 milhões de euros por ano e promoviam ações do órgão.

Passar a ganhar e, principalmente, não divulgar os valores do acordo, para estampar a marca na centenária camisa do Barça levou um grupo de sócios a criar um movimento batizado de “Consulta Catar”. O grupo mudou de nome para “Consulta Barça” e, depois, para “Go Barça”.

Entre os fundadores do movimento estava Jordi Cases, sócio do Barcelona e farmacêutico catalão que apresentou a denúncia ao clube no final de 2013 para que Rosell explicasse os valores pagos por Neymar. O caso foi parar na Justiça da Espanha e, como se sabe, resultou na queda do dirigente catalão.

Em rápida conversa por telefone com a reportagem do UOL Esporte, Cases afirmou que “tudo se tornou muito grande e agora não é momento de falar”. “Não acreditava que haveria esse fim, só queria saber por que pagaram 40 milhões de euros ao pai de Neymar”, completou, antes de desligar o telefone. Segundo o jornal El País, o sócio já admite retirar a demanda contra Rosell “para não prejudicar o clube catalão”.

Negócios duvidosos, inimigos e sucesso em campo
A gestão de Sandro Rosell à frente do Barcelona ficou marcada por acordos milionários e misteriosos, pelo acúmulo de inimigos públicos do cartola e, sim, por sucesso dentro de campo. Com o dirigente, o Barcelona venceu dois Campeonatos Espanhóis, uma Copa do Rei, três Supercopas da Espanha, Liga dos Campeões, Mundial de Clubes.

As vitórias não impediram o cartola de ser pressionado. As primeiras polêmicas foram logo ao assumir o cargo. Além da venda da camisa para a Qatar Foundation, que não teve valores divulgados oficialmente pelo clube, a relação conflituosa de Rosell com Johan Cruyff foi contestada pelos torcedores. Não foram poucas as trocas de farpas públicas entre o cartola e o ídolo holandês.

Rosell também foi atacado e atacou o ex-comandante do time, Josep Guardiola. O treinador entrou na lista de inimigos do cartola, ao lado de Cruyff e Joan Laporta, ex-presidente do clube.