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Acabou a era Juvenal. Após 8 anos, presidente tem só mais um jogo para ver

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

27/03/2014 10h00

De forma melancólica, acabou a era Juvenal Juvêncio no São Paulo. A eleição pelo seu sucessor só acontecerá no dia 16 de abril, mas o presidente que sentou na principal cadeira do Morumbi pelos últimos oito anos perdeu nesta quarta-feira a chance de ver o São Paulo campeão pela última vez debaixo de seu comando. Agora, Juvenal vê apenas mais um confronto antes de se retirar: contra o CSA, no dia 9 de abril, pela Copa do Brasil. 

Juvenal Juvêncio se descreve como o dirigente mais vencedor da história do São Paulo. Não se refere apenas ao período como presidente, pois comandava o departamento de futebol da gestão Marcelo Portugal Gouvêa quando a equipe foi campeã da Copa Libertadores e do Mundial, em 2005. Como presidente, ganhou o tricampeonato do Brasileirão - 2006, 2007 e 2008 - e uma Copa Sul-Americana, em 2012. Se não foi o mais vencedor, foi certamente o mais marcante desde Laudo Natel, seu primeiro mentor.
 
O São Paulo de Juvenal foi um dos clubes que resistiu à ruptura do Clube dos 13, em 2011. Ele ainda foi um dos que contribuiu para a queda de Ricardo Teixeira como presidente da CBF - comprou briga com a entidade desde junho de 2010, quando perdeu a abertura da Copa do Mundo de 2014 no Morumbi para ver o Corinthians iniciar a construção do Itaquerão. Tudo isso por um preço: Juvenal adotou o continuismo e a centralização de poder. Mudou o estatuto social do clube e, depois, passou por cima do mesmo. 
 
Primeiramente o presidente ampliou o tempo de mandato de dois para três anos. Eleito em 2006, passou dois anos como presidente para ser reeleito e ganhar outros três anos de mandato. Depois, naquilo que foi considerado mais grave, fez com que fosse adotada uma interpretação que lhe permitiria a segunda reeleição, algo proibido pelo estatuto. Baseou-se na primeira mudança para afirmar que, com o novo tempo de mandato, tinha direito a nova reeleição. Conseguiu, em 2011, se manter até 2014. 
 
E foi nesse último triênio que Juvenal viu seu São Paulo viver os piores anos. Parou de frequentar a Libertadores, marca registrada do clube. Errou na montagem dos times, virou uma máquina de queimar técnicos - Carpegiani, Adilson Batista, Emerson Leão, Ney Franco, Paulo Autuori. Acabou onde menos esperava: do céu ao inferno, colocou o time na maior crise de sua história, lutando contra o rebaixamento no Brasileirão. O retorno de Muricy Ramalho - aquele que Juvenal demitiu em 2009 por fracassar em quatro Libertadores - amenizou o problema. 
 
Agora, o candidato da situação Carlos Miguel Aidar e o oposicionista Kalil Rocha Abdalla disputam a sucessão de Juvenal Juvêncio. Um deles será o novo presidente do clube na noite de 16 de abril. Até esse processo de sucessão trouxe conflitos a Juvenal. Sem encontrar sucessor, o presidente teve de quebrar pela segunda vez a promessa feita a um de seus mais fiéis aliados, o vice Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Tirou a nomeação de Leco para dar a Aidar, que hoje é favorito. 
 
No dia 9 de abril, contra o CSA, o presidente Juvenal Juvêncio verá o São Paulo em campo pela última vez. Depois, o time só jogará no dia 20, contra o Botafogo, pela estreia no Brasileirão. Nesta data, o presidente já será outro.