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Legado de Juvenal, Cotia rende poucos títulos e não enche time do São Paulo

Quartos do CT em Cotia têm ar condicionado, TV a cabo e conexão sem fio para internet - São Paulo Futebol Clube/oficial
Quartos do CT em Cotia têm ar condicionado, TV a cabo e conexão sem fio para internet Imagem: São Paulo Futebol Clube/oficial

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

28/03/2014 06h00

Daqui a menos de um mês, Juvenal Juvêncio deixará a presidência do São Paulo. Apesar do período de poucas glórias em seu último mandato, um dos principais trunfos para eleger seu sucessor, Carlos Miguel Aidar, é o Centro de Formação de Atletas de Cotia. Juvenal se orgulha do empreendimento, inaugurado em 2005 e alvo de diversos investimentos durante sua gestão. Apesar de ter criado bons jogadores, o CT revelou até hoje poucos que se firmaram na equipe tricolor, e teve pouca participação, mesmo indireta, em conquistas de títulos.

Na eliminação no Paulistão diante do Penapolense desta quarta-feira, o São Paulo teve em campo três jogadores revelados em Cotia: Rodrigo Caio, Wellington e Ademilson. Destes, só o primeiro é titular de Muricy Ramalho: Wellington, muito contestado em 2013, assumiu a vaga após lesão de Souza; Ademilson entrou na segunda etapa, no lugar de Pabón.

Atualmente, vários jovens integram o elenco profissional, a maioria com passagens pelas categorias de base da seleção brasileira. É o caso de Boschilia, Ewandro, Lucas Evangelista, Lucas Farias, João Schmidt e Lucas Silva. As oportunidades, principalmente nos jogos decisivos, não são muitas. Nenhum deles está próximo de conquistar uma vaga no time titular.

A realidade não é de hoje. Nos últimos anos, foram vários os casos de jogadores que se destacaram na base são paulina, mas não conseguiram se firmar no profissional e acabaram emprestados ou negociados com outros clubes. O atacante Henrique, eleito melhor jogador do Mundial Sub-20 de 2011 e atualmente no Botafogo-RJ, o volante Casemiro, hoje no Real Madrid, e o lateral esquerdo Henrique Miranda, que passou 2013 no Figueirense, são alguns exemplos.

Existem, claro, exceções e casos de sucesso provenientes de Cotia. Lucas é o principal deles: foi protagonista no único título importante do clube desde 2008, a conquista da Sul-Americana em 2012, e rendeu aos cofres tricolores mais de R$ 100 milhões quando negociado com o PSG (FRA). O zagueiro Breno é outro: teve excelente participação no título brasileiro de 2007 e acabou vendido para o Bayern de Munique (ALE).

Os dois, porém, não são suficientes para que se considere que o CFA de Cotia vêm cumprindo com excelência sua função. Na conquista de 2012, Lucas era o único jogador chave do time revelado no CT. O mesmo vale para Breno em 2007, sua única temporada completa pelo São Paulo. Pelo time tricampeão brasileiro, aliás, passaram vários atletas revelados pelo clube, como Diego Tardelli, Hernanes e Edcarlos, mas que se profissionalizaram antes, ou logo depois da inauguração do novo centro formador.

Uma comparação com o rival Santos mostra que a capacidade do São Paulo para revelar jogadores que consigam, de forma consistente, encontrar espaço no elenco profissional e ter papel importante na conquista de títulos ainda não está à altura da estrutura encontrada em Cotia. Após Diego e Robinho em 2004, o alvinegro ainda teve a vitoriosa geração comandada por Neymar e Ganso. Atualmente, é a sensação do Paulistão, com diversos jovens aparecendo bem,  casos de Jubal, Geuvânio, Emerson, Gabriel e Diego Cardoso.

Independentemente de qual lado saia vitorioso nas eleições presidenciais do dia 16 de abril no São Paulo, deve haver mudanças em Cotia. A oposição é crítica contumaz da gestão do CT, e promete promover mudanças. Pela situação, Carlos Miguel Aidar se entusiasma com a ideia de terceirizar o local com uma gestão 100% profissional. Até o pleito, os comandados de Muricy Ramalho só entrarão em campo uma vez: no dia 9 de abril, diante do CSA, pela Copa do Brasil.