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Exemplo, protagonismo e proximidade com técnico: Kaká já mudou a seleção

Guilherme Costa e Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Pequim (China) e em São Paulo

08/10/2014 15h00

Passaram-se apenas algumas horas desde o desembarque, mas Kaká já mudou a rotina da seleção brasileira em Pequim. O time nacional jogará na capital chinesa contra a Argentina, no próximo sábado, às 9h05 (de Brasília). E o meia do São Paulo, convocado para substituir o lesionado Ricardo Goulart, provocou em pouco tempo uma série de alterações na rotina da equipe.

A questão mais visível é a de protagonismo. Kaká causou furor no aeroporto e no hotel. Nenhum outro jogador teve recepção tão calorosa – a chegada do meia ao local em que a seleção está hospedada, nesta quarta-feira (08), teve confusão e gritaria.

“Às vezes a gente joga do lado e não tem dimensão do que é o Kaká. Hoje [terça-feira] vimos cartazes, inúmeras pessoas gritando”, relatou o volante Souza, que viajou a Pequim no mesmo voo do meia. “Ninguém tem o histórico dele na seleção. Nem o Neymar”, completou.

Desde a chegada de Kaká, o número de torcedores e curiosos no hotel da seleção aumentou muito. Nesta quarta, jogadores foram assediados na saída e no retorno do treino.

Em julho de 2014, quando foi apresentado como reforço do São Paulo, Kaká teve impacto parecido. Ele foi recebido por mais de 20 mil torcedores da equipe em que foi revelado.

A popularidade foi apenas um dos aspectos em que a história de Kaká na atual seleção brasileira repetiu o que havia acontecido meses antes no São Paulo. Outro ponto foi a postura.

“[Kaká na seleção] vai ter o mesmo impacto que ele teve no São Paulo pelo profissionalismo. Ver a chegada dele mais cedo para fazer musculação e a dedicação dele... Os jovens entendem isso como fórmula de sucesso. Ele foi o melhor do mundo e continua trabalhando”, elogiou Souza, companheiro do meia no time paulista.

O sucesso imediato no São Paulo, aliás, virou uma espécie de bandeira para Kaká na seleção. De volta à equipe nacional – ele não era chamado desde 2013 –, o meia sonha com o mesmo impacto que causou na equipe do Morumbi.

“Acho que na parte técnica, tática, dentro de campo, espero ajudar de uma forma como venho contribuindo dentro do São Paulo. Minha convocação é devida ao que eu venho fazendo pelo clube. Fora de campo, posso ajudar com a minha liderança, com a minha experiência, com a minha maturidade e com aquilo que eu vivi na seleção nesse período de três Copas do Mundo”, projetou Kaká, eleito pela Fifa o melhor do mundo em 2007.

A ascendência de Kaká é nítida no treino. Assim como acontece no São Paulo, o meia é um dos que mais falam durante a atividade. No entanto, a primeira atividade com bola ainda não foi suficiente para mostrar outro aspecto em que ele espera contribuir com a seleção: a leitura tática.

“Eu estou bem melhor do que era. Tanto na parte física como em técnica e tática, mas acho que hoje consigo ler melhor o jogo dentro de campo. Tudo isso pela maturidade e pela experiência que hoje eu tenho”, concluiu o meia.

Outro fator relevante é a proximidade com Dunga. Kaká foi protagonista da seleção no ciclo anterior do treinador, que comandou o time na Copa de 2010. Eles costumavam conversar e discutir sobre a formação da equipe.

“Eles trocavam detalhes”, relatou Michel Bastos, que esteve na Copa de 2010 e hoje é companheiro de Kaká no São Paulo. “Acho que ele pode fazer na seleção a mesma diferença que causou no clube”.

No primeiro treino de Kaká em Pequim, o meia e o técnico Dunga não conversaram em campo. Ainda assim, o jogador do São Paulo já mostrou total alinhamento às ideias do técnico e até fez elogios à escolha dele para o comando da seleção.

“O Dunga é uma pessoa que conhece muito bem a seleção e o orgulho do jogador de fazer parte da seleção. No período em que ele ficou como treinador da última vez, o torcedor tinha prazer de ver a seleção jogar. Acho que novamente ele vai poder contribuir”, analisou Kaká. “Acho que ele foi um cara bem escolhido. O Dunga é uma pessoa que pode contribuir muito nesse período de transição, assim como ele fez da outra vez. Ele tem excelentes números”, finalizou.