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Prefeitura diz que Itaquerão foi mais barato que previsto e quer 'desconto"

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

11/10/2014 06h00

O custo do Itaquerão para Corinthians e Odebrecht bateu a casa de R$ 1 bilhão. Na avaliação da Prefeitura de São Paulo, porém, o estádio que recebeu a abertura da Copa custou R$ 675 milhões. O valor mais baixo é a explicação para o órgão municipal ter liberado R$ 15 milhões a menos que o previsto para o clube e a construtora, como divulgado pela Folha de S. Paulo no meio da última semana.

A diferença nos números é complexa. A Prefeitura chegou à sua conta com base em um laudo técnico da SEMDTE (Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo). O número obtido pela pasta faz toda a diferença para as contas do Itaquerão, que em tese receberia R$ 420 milhões em forma de CID’s (Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento).

Na última sexta, a Prefeitura publicou no Diário Oficial a liberação de R$ 405,2 milhões para o Itaquerão, ou 60% dos R$ 675 milhões teoricamente gastos na obra. O percentual é o limite de renúncia fiscal que o poder público pode aprovar para cada projeto. Se a conta passasse dos R$ 700 milhões (outro teto estipulado pela lei), o Corinthians poderia receber os R$ 420 milhões a que tem direito.

A conta ficou menor por dois motivos. O primeiro é que a Prefeitura não considera os gastos com montagem do canteiro de obras. A reportagem apurou com a Odebrecht que foram gastos mais de R$ 100 milhões com alojamentos, estrutura de segurança e convivência dos trabalhadores do Itaquerão, valor ignorado pelo poder público e que faria os CID’s atingirem os R$ 420 milhões.

O segundo é que a prestação de contas do Corinthians e da Odebrecht foi incompleta. Via assessoria de imprensa do clube, Andrés Sanchez explicou que faltaram documentos no processo, mas que a burocracia foi resolvida e há a expectativa de que os R$ 15 milhões restantes sejam liberados na próxima semana.

A Prefeitura se limita a dizer que ainda não houve comprovação de gastos superiores a R$ 700 milhões. A reportagem apurou, no entanto, que o valor pode ser atingido se clube e construtora avançarem na papelada daqui em diante.

A liberação do valor é fundamental para o Corinthians, que quer ir ao mercado vender os CID’s e minimizar a dívida do estádio. Na avaliação dos gestores do Itaquerão, os papeis, ainda que sejam vendidos com deságio, desafogariam as contas consideravelmente.