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Elivélton cita títulos para rebater lenda de que pedrada afetou a cabeça

Elivélton atendido no vestiário do Defensores del Chaco após pedrada - Reprodução/TV Globo
Elivélton atendido no vestiário do Defensores del Chaco após pedrada Imagem: Reprodução/TV Globo

José Ricardo Leite e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

23/10/2014 06h00

Taças Libertadores, Mundial Interclubes, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e campeonatos estaduais. Não faltam títulos de expressão na galeria de troféus do ex-ponta esquerda Elivélton, com passagens por diversos grandes clubes, como São Paulo, Corinthians, Cruzeiro, Palmeiras, Internacional e até seleção brasileira.

Fez parte de equipes históricas, com o São Paulo do técnico Telê Santana e o famoso Palmeiras que marcou mais de 100 gols no Campeonato Paulista de 1996, sob o comando de Vanderlei Luxemburgo.

Tinha fama de pé quente e em alguns desses títulos foi o autor do gol do título, como do Campeonato Paulista de 1995 pelo time do Parque São Jorge e da Taça Libertadores da América de 1997, pelo Cruzeiro.

“Me considero um ex-jogador iluminado por Deus. Ele sempre me deu oportunidade e eu sempre estava no lugar certo e na hora certa. Logicamente que eu tive que correr atrás e trabalhar pra caramba; foi mais uma recompensa da semente que eu plantei e sempre procurava dar o meu melhor. Então eu fui muito iluminado por Deus se não eu não teria conquistado nada foi muito trabalho”, resumiu, em entrevista ao UOL Esporte.

Alguns desses gols ocorreram depois de um episódio que marcou a carreira do habilidoso canhoto revelado pelo São Paulo. Ao defender a seleção brasileira no Pré-Olímpico dos Jogos de 1992, Elivélton recebeu uma pedrada na cabeça no estádio Defensores Del Chaco, em Assunção, e teve que ir para o hospital.

Os paraguaios passaram a jogar pedras e outros objetos nos jogadores e comissão técnica da seleção após vitória por 1 a 0 do Brasil. Uma delas acertou em cheio a cabeça do ex-são-paulino, que caiu no chão. Em cena marcante, ficou chorando no gramado com a cabeça sangrando. Saiu desmaiado para o hospital e levou cinco pontos na cabeça.

Depois de algumas horas no hospital, foi liberado e com a cabeça enfaixada avisou que tudo não passava de um susto. “Já estou bem, pronto pra outra”, disse na oportunidade.

Elivelton com a camisa da seleção em torneio disputado em 1993, nos EUA - Getty Images - Getty Images
Elivelton com a camisa da seleção em torneio disputado em 1993, nos EUA
Imagem: Getty Images

Fato é que a carreira de Elivélton foi acompanhada de um rumor de que o jogador nunca mais foi o mesmo depois daquela pedrada e que ela teria afetado seu rendimento em campo nos jogos seguintes. Sempre que comenta o episódio, ele mesmo já se antecipa e fala que tudo isso não passa de lenda.

“Foi um baque (o episódio), porque depois levei um tempinho pra me recuperar. Mas nada que me afetasse de verdade, nem a minha carreira. Depois disso, fui campeão em todos os clubes que passei e marquei gols. E a imprensa ainda assim falava ´ah, o Elivélton tomou aquela pedrada no Paraguai e não é mais o mesmo´”, explicou.

“Isso é uma coisa que não é verdade. Foi o contrário. Depois disso fui campeão no Corinthians, Palmeiras, no Cruzeiro. Foi o contrário do que diziam. A gente fica um pouco desajustado no começo, mas depois volta tudo ao normal de novo”, prosseguiu.

Ele fez parte de muitas convocações da seleção brasileira do técnico Carlos Alberto Parreira no começo da década de 90. Jogou a Copa América e as eliminatórias de 1993, mas acabou ficando de fora da lista final do treinador para o Mundial de 1994, nos Estados Unidos. Diz que ficou tão triste que até cogitou largar o esporte.

“Acho que teve algum dedo político (na ausência na lista). Fui pra todos jogos das eliminatórias e Copa América, tinha uma grande expectativa pela convocação. Quando saiu a convocação e meu nome não estava, fiquei muito desapontado, triste e quis até parar de jogar futebol na época. Fiquei frustrado e mexeu muito comigo. É o que falta pra mim hoje. Muitas vezes penso ´poxa, tenho título disso, daquilo, mas faltou a Copa do Mundo´. Mesmo que não jogasse, queria ser convocado, mas infelizmente o Parreira não permitiu.”

Entre os clubes que defendeu, não esconde qual foi o que lhe deu mais prazer de vestir a camisa. “Vou falar como torcedor, pois na época eu torcia pro São Paulo. Então, na hora que eu acordei e vi que estava lá dentro do São Paulo como jogador do time...pra mim foi o máximo, entendeu? Aprendi muito e o São Paulo abriu as portas pra mim. Tenho um carinho muito especial por eles”, falou.

Elivélton atualmente mora em Alfenas, Minas Gerais, e tem uma escolinha de futebol para garotos de 7 a 14 anos. Não é apenas, o dono, mas também professor dos jovens.