Topo

Bayern caçou craques no Brasil e viu fiasco com Bernardão e "Mazinho 2"

Site alemão mostra foto de Bernardão e Mazinho em 1991 na chegada ao Bayern Imagem: Reprodução/http://www.sueddeutsche.de/sport/

José Ricardo Leite e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

31/10/2014 06h00

Jorginho, Lucio, Paulo Sérgio, Zé Roberto, Luiz Gustavo, Elber, Rafinha e Dante. O que há de comum entre esses nomes no futebol? Todos eles jogaram ou jogam na seleção brasileira, e quase todos (exceto Elber e Rafinha) já jogaram uma Copa do Mundo pelo país. Mas não é esse o ponto em questão.

Os nomes em questão já vestiram a camisa do Bayern de Munique, time que é considerado hoje por muitos o melhor do mundo e com futebol mais envolvente. Para jogar no time de Pep Guardiola é quase que necessário ter um carimbo de atleta renomado e que já encheu os olhos do clube em algum momento. Todos brasileiros citados, inclusive os que estão lá até hoje, jogaram antes em algum clube da Alemanha, foram observados e trazidos a peso de ouro pelo clube mais rico do país. É a tradição da equipe da Baviera de “roubar” os melhores atletas dos rivais, assim como fez recentemente com Goetze e Lewandowski, do rival Dortmund.

Diferentemente de outros grandes clubes europeus, o Bayern não tem tradição de buscar jogadores brasileiros ao observá-los jogando dentro do país. Quando o fez, não se deu muito bem, como recentemente com ex-são-paulino Breno, que além de não emplacar, acabou com problemas judiciais. Além desse caso, há mais de 20 anos, o maior campeão alemão decidiu mandar um grupo de três observadores para o Brasil para observar atletas que poderiam fazer parte do processo de reconstrução do clube para a temporada 1991/92.

Entre os nomes da comitiva que vieram ao Brasil, estava Jupp Heynckes, último técnico antes de Guardiola e que ganhou a Liga dos Campeões de dois atrás. Estavam junto dele Uli Hoeness, presidente do clube com mandato até 2015 (mas está afastado por crimes fiscais) e Egon Coordes, auxiliar de Heynckes. O trio passou a observar vários jogadores do Campeonato Brasileiro de 1991, que teve o São Paulo como campeão e o Bragantino como vice.


Eis que dois atletas, cada um de uma dessas equipes, foram os escolhidos como apostas para reconduzir o Bayern às vitórias após uma temporada sem títulos no ano anterior. O time de Munique acabou contratando o volante Bernardão, do São Paulo, e o atacante Mazinho Oliveira, do Bragantino. Esse ficou conhecido até como “Mazinho 2” na seleção brasileira do técnico Paulo Roberto Falcão por já existir jogador com o mesmo nome, o tetracampeão de 94 Mazinho.

“O diretor na época, que foi até presidente (Hoeness), nos deu uma assistência muito boa e veio com o Heynckes, que foi o treinador naquela oportunidade. Eles vieram ao Brasil nos observar, e acabaram me levando, junto com o Bernardo. Nos deram uma assistência muito boa na época”, lembrou Mazinho Oliveira, em entrevista ao UOL Esporte.

As apostas acabaram dando errado em uma temporada em que o Bayern fez uma de suas mais desastrosas campanhas, sendo apenas o 10º colocado no Campeonato Alemão, 14 pontos atrás do campeão, Stuttgart, e apenas sete acima da zona de rebaixamento. Algo inimaginável não só pelo atual momento do clube, mas por todo seu histórico de supremacia no país. Henckeys não durou até a metade da temporada e saiu. Assim como Bernardão, que acabou dispensado depois de poucos jogos.

Apenas Mazinho ficou por lá. Jogou duas temporadas no time, sendo reserva durante boa parte, até voltar para o futebol brasileiro, no Internacional.

“Não era fácil aquela época não. Agora, nesse time do Guardiola, qualquer um joga. Aquela época era bem mais difícil. O Bernardão ficou pouco e já foi embora. Nossa maior dificuldade é que naquele período só era possível jogar três estrangeiros no time. O idioma e o frio eram muito complicados. Lá pra dezembro o negócio (frio) era terrível. Esse primeiro ano foi muito complicado nesse sentido do frio”, lembrou Mazinho.

O ex-atacante de Bragantino, Internacional e Flamengo diz que os motivos pelo qual não brilhou no clube alemão não se limitaram à falta de adaptação às condições climáticas e de língua, mas também por problemas de contusão.

“Saí de um esquema 4-4-2 no Brasil para jogar no 3-5-2 lá na Europa. E a marcação chegava mais forte do que hoje. Também me machuquei bastante, fiquei duas temporadas lá e fiz três ou quatro cirurgias. Não tínhamos preparador físico naquela época. Meu rendimento começou a cair e eu aguentava jogar um tempo e pouquinho”, explicou. O ex-atacante ainda errou um pênalti que custou o título da final da Copa da Alemanha da temporada 1991/92 depois de marcar para o time no tempo regulamentar.

A dupla que não deu certo no Bayern foi também convocada pelo técnico Paulo César Falcão após a Copa de 90 no processo de redescobrir jogadores do futebol brasileiro com objetivo de formar a base para 94. Em sua “peneira”, o ex-técnico deu oportunidades a muitos jogadores que formaram a base tetracampeã, como Cafu, Márcio Santos, Ronaldão e Mauro Silva. Mas a ex-dupla do time alemão não teve mais oportunidades com a camisa amarela depois de sua saída.

Mazinho, após muito tempo sumido e longe do futebol, agora está como treinador do time sub-20 do Guarujá, litoral de São Paulo. Diz que pretende se dedicar à função e quer fazer estágios com grandes técnicos. Tentará também acompanhar o trabalho de Guardiola.

“Vanderlei Luxemburgo já me deu ok pra fazer um estágio lá. Vou esperar apenas a Copa do Brasil acabar (Flamengo está na semi). Vou tentar também no Kashima Antlers, do Japão, onde já joguei. Já joguei lá e o pessoal liberou. Vou tentar falar com o pessoal do Bayern também.”

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Bayern caçou craques no Brasil e viu fiasco com Bernardão e "Mazinho 2" - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Futebol