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Como o Atlético-MG mudou a vida de Tardelli e do ex-goleiro Bruno há 6 anos

Trocados há seis anos, Tardelli e Bruno vivem realidades bem distintas - Arte UOL
Trocados há seis anos, Tardelli e Bruno vivem realidades bem distintas Imagem: Arte UOL

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

09/01/2015 06h00

Ídolo de uma das maiores torcidas do Brasil, autor do gol do título na final nacional contra o maior rival, titular da seleção brasileira e com propostas para ganhar mais de um milhão por mês. Esse é o momento atual de Diego Tardelli, o atacante do Atlético-MG.

Preso há quatro anos e meio, condenado por assassinato, pena de 22 anos e três meses de reclusão, fim de um contrato com remuneração mensal de R$ 200 mil. Assim se encontra o ex-goleiro Bruno, presidiário na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Vidas totalmente distintas, mas que mudaram completamente há exatamente seis anos, quando o Atlético comprou o atacante que estava no Flamengo e usou o ex-goleiro como forma de pagamento.

Revelado em Minas Gerais, Bruno logo despertou o interesse de investidores e deixou o clube alvinegro. Depois de uma passagem sem sucesso pelo Corinthians, ele foi parar no Flamengo. No entanto, a diretoria carioca não quitou totalmente o valor da compra. Montando a equipe para a temporada 2009, o então presidente do Atlético, Alexandre Kalil, usou a dívida de R$ 1,2 milhão, mais um pagamento de R$ 700 mil, para contratar seu camisa 9.

O primeiro ano foi de sucesso para ambos. Bruno terminou a temporada como o capitão do Flamengo no título do Brasileirão. Diego Tardelli não conseguiu nenhuma taça, mas em 2009 foi convocado pela primeira vez pela seleção principal, além de ser o artilheiro do Brasileiro, com 19 gols, e goleador máximo do Brasil na temporada, com 42 gols.

Tudo começou a mudar a partir de 2010, principalmente para Bruno. Acusado de assassinar a modelo Elisa Samúdio, o então goleiro do Flamengo foi preso. Já Diego Tardelli seguia muito bem no Atlético, portanto, bastante cobiçado por clubes estrangeiros. Além disso, o atacante integrou a lista dos 30 jogadores relacionados por Dunga para a Copa do Mundo. No final, não fez parte do grupo de 23 jogadores que disputou a competição na África do Sul.

Seis anos depois da troca, Tardelli tem muita história para contar. Já são mais de 200 jogos e 110 gols pelo Atlético. Conheceu a Rússia, o Qatar, voltou para a Cidade do Galo, ganhou a Copa Libertadores, a Copa do Brasil e é o camisa 9 da seleção e parceiro de Neymar no ataque. A retomada de mais uma boa fase faz com que o jogador seja cobiçado por equipes chinesas, o novo ‘El dorado’ do futebol mundial. Especula-se que a proposta salarial de Tardelli supere o valor de R$ 1 milhão por mês. Tanto que ele a descreve como irrecusável.

“Vai mudar a vida da minha família, a minha vida financeiramente, por isso estou pensando, conversando direto com minha esposa. Ela também se interessou para ir pelo mercado chinês, que pode nos proporcionar bastante coisa na área onde ela trabalha. Enfim, várias coisas que podem mudar nossas vidas”, disse o atacante atleticano, que já aceitou a oferta dos chineses, sem revelar se é do Guangzhou Evergrande ou do Shandong Luneng. Agora, é preciso que o clube vencedor se acerte com o Atlético.

Enquanto Tardelli sonha com milhões, Bruno sonha apenas com a oportunidade de jogar futebol. Com ajuda de ex-companheiros, o mineiro de Ribeirão das Neves recebeu alguns equipamentos esportivos para treinar na penitenciária. Por enquanto, as tentativas de retornar ao gramado foram em vão. Bruno até assinou com o Montes Claros, para receber R$ 1,4 mil por mês. Conseguiu ser transferido para a Penitenciária de Segurança Máxima de Francisco Sá, cidade a 55 quilômetros de Montes Claros, cidade que fica no norte de Minas Gerais, em julho do ano passado.

Mas não passou disso. A Justiça não liberou o ex-camisa 1 do Flamengo para atividades fora do presidio. Bruno desejava trabalhar durante o dia e retornar à noite para a penitenciária. Sem sucesso na primeira tentativa, em novembro o retorno ao presídio de Contagem. O contrato com o Montes Claros continua em vigor. Em 2015, Bruno pretende conseguir o benefício de passar os dias fora da cela, enquanto Tardelli pode se mudar para outro continente, muito disso por conta de uma decisão de seis anos atrás.