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Corinthians promove artilheiro da base, mas não sabe o que fazer com ele

Gabriel Vasconcellos foi o artilheiro do Corinthians na Copa São Paulo de 2015 - Adriano Vizoni/Folhapress
Gabriel Vasconcellos foi o artilheiro do Corinthians na Copa São Paulo de 2015 Imagem: Adriano Vizoni/Folhapress

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

16/02/2015 06h00

Capitão do time que conquistou em 2015 o título da Copa São Paulo de futebol júnior, o zagueiro Rodrigo San será o único representante da equipe entre os jogadores inscritos pelo Corinthians no Campeonato Paulista profissional. No entanto, o contingente de egressos da base no elenco principal da equipe alvinegra será maior. Após ter promovido o volante Marciel, o meia Matheus Cassini e ter reconduzido ao grupo o lateral esquerdo Guilherme Arana, o zagueiro Pedro Henrique e o atacante Gustavo Tocantins, o time do Parque São Jorge decidiu apostar em Gabriel Vasconcellos.

Vasconcellos, 18, anotou seis gols e foi artilheiro do Corinthians na Copa São Paulo. Depois disso, recebeu férias até o dia 23 de fevereiro e foi comunicado, durante o período de descanso, que seria integrado aos profissionais.

"Meu objetivo era subir, e isso eu já alcancei. Agora minha meta é me estabilizar no profissional do Corinthians, e depois conseguir um lugar entre os titulares para poder fazer história no Corinthians", enumerou o atacante.

Nascido em Porto Velho (RO), Vasconcellos começou a jogar futebol aos sete anos. Aos 12 anos, destacou-se por ter sido artilheiro do Campeonato Mineiro sub-15 com a camisa do Amparense, um time de empresários.

O desempenho na equipe mineira levou Vasconcellos ao Fluminense. O atacante fechou com a equipe tricolor quando tinha 13 anos e saiu em 2014, após não ter conseguido acordo para renovação de contrato. O vínculo dele com o Corinthians vai até 2017, e o clube detém 70% dos direitos do jogador - o time carioca tem 15%, e os outros 15% são repartidos entre o atleta e o empresário Rodrigo Pitta.

Além dos gols, o atacante chamou atenção na Copa São Paulo por ter provocado a torcida do São Paulo ao anotar um gol numa vitória por 3 a 0, em partida válida pelas semifinais. Vasconcellos cruzou os dois braços, num gesto similar ao que os torcedores tricolores costumam fazer, mas trocou os punhos cerrados por dedos médios em riste - algo que já havia sido feito em 2009, nos profissionais, pelo volante Cristian.

A comemoração foi criticada por Menta, técnico do São Paulo. Por causa disso, a diretoria do Corinthians chegou a blindar Gabriel Vasconcellos e evitar contato entre o atacante e a imprensa.

"No calor da emoção eu fiz a comemoração, e toda comemoração em clássico é um pouco provocativa. Isso faz parte do futebol. Esse negócio de ser politicamente correto não combina com o futebol. Eu não faria de novo no profissional porque há STJD e punições. A pegada é diferente. Mas se pintar algo no momento…", disse o atacante.

O título da Copa São Paulo mudou o status de Gabriel Vasconcellos em Porto Velho. O atacante voltou à cidade natal para passar férias e precisou se acostumar com um acréscimo considerável no nível de assédio.

"Antes, quem acompanhava futebol de base e gostava até sabia quem eu quera. Mas eu podia andar normalmente, ir ao shopping, jantar com a minha família. Agora, até para tomar um açaí ficou complicado", relatou o jogador. A agenda de férias incluiu palestras motivacionais em escolinhas e pelo menos 30 entrevistas.

Depois do período de estrelado, Vasconcellos cairá num limbo. Ele e outros garotos oriundos da equipe que venceu a Copa São Paulo treinarão com os profissionais, mas não têm perspectiva de entrar em campo no Paulistão - a única chance é a vaga ocupada por Lodeiro na lista inicial, que deve ficar com Matheus Cassini, jogador da mesma posição.

A possibilidade mais concreta para os garotos, na verdade, é a Copa Libertadores. O Corinthians usou 25 jogadores na fase preliminar, mas poderá ter 30 na etapa de grupos. Duas vagas ficarão com Rodrigo San e Vagner Love.