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Arena Amazônia dispensa equipe de limpeza para poder sediar torneio local

Estádio de Manaus deu prejuízo de mais de R$ 1 milhão no ano passado - Portal da Copa
Estádio de Manaus deu prejuízo de mais de R$ 1 milhão no ano passado Imagem: Portal da Copa

Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

20/02/2015 18h54

Os operadores da Arena Amazônia, estádio erguido pelo Governo do Estado do Amazonas por cerca de R$ 750 milhões e com capacidade para 42.300 pessoas, estão adaptando seus procedimentos á realizade do futebol amazonense para tornar economicamente viável a utilização do estádio em partidas de futebol que não envolvem times dos maiores centros do esporte no país. Deixar de contratar uma equipe de limpeza após a realização dos jogos é uma das medidas.

No próximo domingo , o Nacional de Manaus enfrenta o Vilhena (RO) em sua estréia na Copa Verde, torneio que reúne equipes das regiões Norte e Centro-Oeste. Foram colocados 10 mil ingressos á venda, com uma expectativa de venda de, no mínimo, 5.000 entradas, de acordo com os dirigentes do Nacional, mandante da partida.

O preço é R$ 20 (com meia entrada por R$ 10). A expectativa é de uma renda na casa dos R$ 100 mil. Somente o custo do chamado quadro móvel, equipe de funcionários que trabalham na arena em uma partida de futebol, é de R$ 60 mil. Assim, para viabilizar o jogo, será preciso cortar gastos e pessoal.

Das 38 catracas operando no estádio, apenas oito estarão abertas. O público só poderá ocupar o anel inferior da arena, a parte de cima das arquibancadas estará fechada. 

No dia seguinte à partida, a prática usual é contratar uma equipe de limpeza. Desta vez, isso não vai acontecer. De acordo com a diretoria da Fundação Vila Olímpica, instituição de interesse público que opera o estádio, o custo de contratação de uma equipe de limpeza equivale a 15% dos gastos com quadro móvel. Assim, incluindo esta economia, a ideia é que o custo com pessoal da partida do domingo fique na casa dos R$ 12 mil, ou pouco mais de 10% da renda bruta esperada. 


Estádio dá prejuízo

Em 2014, a Arena Amazônia recebeu somente quatro jogos após a última partida da Copa do Mundo disputada em Manaus, ente Suíça e Honduras, no dia 26 de junho. Assim, o equipamento fechou o período de 2014 pós-Copa com uma média de 0,7 jogo por mês, a pior média entre as 12 arenas construídas ou reformadas para receber os jogos do Mundial.

De acordo com a fundação estadual responsável pela administração do estádio, o valor arrecadado nas bilheterias do estádio de julho a dezembro, com as quatro partidas realizadas, foi de R$ 8.237.835.

Por força de uma lei estadual, 10% da renda bruta dos jogos realizados na Arena Amazônia deve ficar nos cofres amazonenses. Isso significa que, em seis meses, o Estado do Amazonas recebeu R$ 823 mil em virtude dos jogos realizados na nova arena, ou uma média de R$ 137,3 mil por mês.

O valor representa 27,45% do custo de manutenção mensal da Arena Amazônia, de acordo com o que informa a UGP (Unidade Gestora do Projeto Copa - órgão estadual que construiu e calculou os custos de manutenção do estádio), que calcula que a arena custe R$ 500 mil mensais aos cofres públicos. Isso quer dizer que o futebol não cobriu sequer um terço dos custos que tem o Estado do Amazonas com sua arena "padrão Fifa".

Outra fonte de renda do estádio são espetáculos musicais e religiosos ocorridos por lá. Segundo a fundação estadual que administra o equipamento, foram cinco os eventos deste tipo ocorridos da Copa do Mundo até hoje, entre eles um show da cantora Ivete Sangalo e o festival de música gospel "Louvarei 2014".

De acordo com o governo estadual, o aluguel cobrado para o uso da arena nesses eventos variou de R$ 40 mil a R$ 160 mil.  Assim, caso todas essas atrações tivessem gerado o valor máximo previsto de receita para o estádio (R$ 160 mil cada), o prejuízo com o estádio teria sido minorado em R$ 800 mil.

Ou seja, o estádio teria tido uma receita de R$ 1.623.000 da Copa até aqui, contra um custo de manutenção de R$ 3 milhões. Assim, a operação do estádio teria gerado um prejuízo mínimo de R$ 1,377 milhão ao Estado do fim da Copa do Mundo até o início de 2015.