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Ex-bicheiro faz acordos e já surge como favorito para presidir Corinthians

André Negão (à esquerda) é favorito para disputar eleições em 2018 pela situação - Dassler Marques/UOL
André Negão (à esquerda) é favorito para disputar eleições em 2018 pela situação Imagem: Dassler Marques/UOL

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

20/02/2015 13h09

A distribuição de cargos feita pelo presidente Roberto de Andrade no Corinthians deixou uma certeza para todas as correntes políticas que o levaram ao poder. O terreno foi preparado por ele e o ex-presidente Andrés Sanchez para que o sucessor seja André Negão, apelido de André Luiz de Oliveira, hoje o primeiro vice-presidente do clube. Polêmico, ele foi até bicheiro, história contada pelo Blog do Perrone.

André teve papel decisivo na escolha, por exemplo, sobre o novo diretor de futebol. Roberto e Andrés chegaram a convidar Fernando Alba, diretor das divisões de base, mas André Negão foi responsável pelo veto. Liderança jovem no Corinthians, Alba era visto como um possível concorrente dentro da situação para ser o candidato a presidente.

No fim das contas, a opção por Sérgio Janikian para diretor de futebol acomodou interesses. Nome de confiança de Roberto, ele não possui dois mandatos como conselheiro, condição para concorrer à presidência. Assim, não terá como atrapalhar a linha sucessória. A força de Alba e seu grupo foi até reduzida, já que mesmo o comando da base mudou de mãos. José Onofre de Souza Almeida, que passou pelo departamento na era Dualib, acabou agraciado.

Já nos demais cargos de maior importância da nova diretoria, ninguém que possa ameaçar a ascensão de André Negão foi colocado. No marketing, um executivo, Marcelo Passos, foi selecionado. Já nas finanças, Emerson Piovesan trocou a oposição pela situação, onde não terá força política para ser o escolhido. O recado aos aliados foi muito claro.

No ano passado, vencer a concorrência interna foi difícil para Roberto de Andrade ser o escolhido. Frequentador assíduo do clube e apoiador de Andrés Sanchez há mais de uma década, André Negão lutava para ser o sucessor de Mário Gobbi, mas topou esperar três anos com a condição de que seria primeiro vice-presidente e o nome número 1 para 2018.

Nesse processo, adversários internos de Roberto de Andrade foram minados pelo grupo de Andrés e André. O principal deles foi Raúl Correa, diretor financeiro das últimas duas gestões e que se afastou do clube. Também houve brigas com Sérgio Alvarenga, ex-diretor jurídico, Ilmar Schiavenato, ex-diretor social, e Luís Paulo Rosenberg, vice de Mário Gobbi.

Em três anos, mudanças de todos os tipos podem ocorrer, mas hoje só existe uma possibilidade de esse cenário mudar nas eleições de 2018. Após dois mandatos sem cargo, Andrés Sanchez está apto a concorrer e considera essa alternativa. Agora superintendente de futebol, ele pretendia ser o primeiro vice de Roberto, mas não foi possível por força do estatuto.

Andrés e André, porém, têm relação de confiança muito grande. Foi graças ao ex-presidente que André Negão foi diretor administrativo do clube, chefe de delegação na seleção sub-20, viajou aos Emirados Árabes Unidos em negociação de naming rights do Itaquerão e até à posse do agora deputado federal em Brasília.