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Cusparada, racismo e pancadas. Por que nada disso altera nervos corintianos

Elias superou xingamento e fez partida impecável pelo Corinthians - Eduardo Anizelli/Folhapress
Elias superou xingamento e fez partida impecável pelo Corinthians Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

03/04/2015 06h00

Elias evitou dar maiores desdobramentos ao caso de racismo com o uruguaio Ignacio González na última quarta-feira. No dia de folga após o Corinthians vencer o Danubio-URU por 4 a 0, ele demonstrou tranquilidade às pessoas com quem conversou e passou uma ideia clara: pôr um basta no assunto. 

A reação de Elias tem a ver com uma das obsessões de Tite neste retorno à Copa Libertadores, muito clara nos duelos com o Danubio. Resistir a provocações, erros de arbitragem, entradas duras e ser equilibrado e concentrado no que realmente importa. É por isso que o meio-campista já colocou uma pedra sobre as ofensas racistas que ocorreram na Arena Corinthians. 

Exaltar a atitude de Elias durante a partida de quarta foi o principal ponto no discurso de Tite no vestiário. "Nós parabenizamos o Elias por não ter agredido o rapaz", explicou o zagueiro Gil, cujo comportamento passou de temperamental em 2014 para muito mais sereno neste ano. "O Tite tem trabalhado bastante a nossa cabeça e a gente comprou essa ideia", admitiu. 

Há bem pouco tempo, o elenco do Corinthians era criticado porque se preocupava demais com a arbitragem, reflexo da abordagem agressiva que Mano Menezes tomava nesse quesito.

A eliminação na Copa Libertadores 2013, diante do Boca Juniors-ARG, foi outro marco. O paraguaio Carlos Amarilla teve decisões prejudiciais à equipe corintiana, o que deixou em Tite algumas feridas abertas até os dias de hoje. Por tudo isso, a ordem é autocontrole.  

Nos jogos contra o Danubio, os jogadores corintianos sofreram com o excesso de faltas duras, Fagner recebeu uma cusparada, Elias foi chamado de "macaco" e...nada aconteceu além de um cartão amarelo para Emerson Sheik em 180 minutos. Nada mal para quem iniciou a Libertadores com duas expulsões - Guerrero e Fábio Santos. 

"Tenho que dar exemplo em casa e para quem gosta de mim, como fãs, torcedores. Não posso aguçar eles a fazerem a mesma coisa", disse Fagner, cuja fama também já foi de jogador esquentado, agora com repetição a um discurso sempre pregado por Tite.