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Muricy deixa o São Paulo por problemas de saúde; Milton Cruz assume

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo *

06/04/2015 15h09

Nota atualizada às 16h15

Muricy Ramalho não é mais técnico do São Paulo. O treinador soube nesta segunda-feira que seu estado de saúde é mais grave do que parecia e deve ser operado na próxima semana para retirada de pedra na vesícula. A derrota contra o Botafogo por 2 a 0, domingo, em Ribeirão Preto, deixou Muricy balançando no comando, cuja saída foi sacramentada nesta segunda à tarde em reunião com a diretoria. 

Pelos próximos quatro jogos, o São Paulo será comandado pelo auxiliar Milton Cruz. Em nota oficial, Muricy ressaltou a necessidade de se afastar do futebol em virtude de problemas de saúde.

“O presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, o Vice-Presidente de Futebol, Ataíde Gil Guerreiro, e eu nos reunimos agora à tarde e decidimos pela minha saída do clube. Estou com problemas de saúde, devo fazer uma cirurgia na próxima semana e preciso desse tempo que o São Paulo não tem no momento. Quero agradecer ao presidente, aos jogadores, os funcionários do clube, os meus companheiros de comissão técnica e, principalmente, aos torcedores que entendem esse meu momento. Preciso nesse momento dos devidos cuidados com a minha saúde. Não é um adeus, é um até breve pela relação que tenho com o São Paulo Futebol Clube. Desejo muito sorte a todos”, disse Muricy.

Ao Blog do Perrone, o presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, conta que a decisão foi em comum acordo.

“A saída foi decidida de comum acordo, eu continuo tendo o Muricy como meu técnico, mas não posso ser injusto a ponto de colocar tudo acima da própria saúde dele. O mais importante é ele se tratar, cuidar da saúde, descansar. As portas do SPFC sempre estarão abertas para um técnico e uma pessoa como ele. É um ídolo!”

O vice de futebol do São Paulo, Ataíde Gil Guerreiro, informou no fim de março que o clube pretendia contratar um técnico europeu para a sucessão de Muricy. No entanto, o dirigente disse nesta segunda-feira que um técnico europeu recusou convite do São Paulo minutos depois da confirmação do desligamento de Muricy. 

“O técnico estrangeiro não poderá vir. Ele informou que não pode sair no momento. Então o meu projeto foi por água abaixo”, disse Ataíde, sem citar o nome do treinador estrangeiro que estava nos planos tricolor.

O treinador já havia se queixado de problemas de saúde. Segundo pessoas próximas de Muricy, ele se sentiu indisposto na manhã desta segunda-feira e teve de trocar o horário de uma consulta médica que já estava marcada.

Muricy já estava com o cargo em risco no São Paulo. A falta de padrão tático, a saúde debilitada e a aposta em jogadores contestados contribuíram para o desempenho irregular do São Paulo na temporada. Mesmo com tropeços do time em campo, o técnico contava com o respaldo da diretoria, que bancava sua permanência até o fim do ano. 

O pedido para deixar o São Paulo já havia sido feito pela mulher de Muricy, Roseli. Preocupada com a saúde do marido, Roseli revelou ao UOL Esporte em 30 de março que Muricy estava no limite.

"Ele precisa fazer uma operação de vesícula. O médico já falou isso, mas como ele está trabalhando ainda, ele fica assim sobre ter de parar para fazer esta operação, onde o retorno é de 20 dias, mais ou menos. Ele tem uma pedra na vesícula e o médico já falou que é bom ele tirar, mas ele não vai parar, não. Eu não sei de onde está surgindo este boato que ele vai parar, mas ele não vai parar, imagina, está no sangue dele o futebol", disse Roseli.

Discípulo de Telê e ex-jogador do São Paulo

Muricy - Folha Imagem/Arquivo - Folha Imagem/Arquivo
Imagem: Folha Imagem/Arquivo

Muricy assumiu o time em 10 de setembro de 2013. Ex-atleta do São Paulo na década de 70, Muricy foi discípulo de Telê Santana. Enquanto Telê comandava o time principal do São Paulo nos anos 90, Muricy dirigia o "Expressinho Tricolor", assim chamada a equipe formada por jovens atletas do time do Morumbi.

Muricy reassumiu a equipe após o Mundial de 2005 e foi tricampeão brasileiro. Com juras de amor ao São Paulo, o técnico tornou-se um dos maiores ídolos da história. Teve seu nome cantado no Morumbi entre 2009 e 2013, enquanto treinou Palmeiras, Fluminense e Santos – dois deles rivais, outro carrasco na Libertadores.

No fim de 2013, voltou ao São Paulo e salvou o time do rebaixamento, com excelente campanha de recuperação. Foi vice-campeão brasileiro no ano seguinte. Muricy é imenso no São Paulo. Fosse outro treinador, sem a mesma história, a crônica seria comum. Mas como já disse o próprio treinador, "tem que ser fera para me derrubar".