Há 15 anos, joelho de Ronaldo deu 'nó' em imagem tão marcante quanto gols
Campeão do mundo pela seleção brasileira duas vezes, eleito três vezes o melhor jogador do mundo, segundo maior artilheiro da história das Copas e com outras dezenas de títulos e premiações, Ronaldo tem alegrias de sobra para lembrar da carreira com sorriso no rosto. No entanto, poucos dias desta trajetória marcaram tanto a vida do Fenômeno quanto o 12 de abril de 2000. Neste caso, a lembrança vem junto de um semblante triste e lágrimas nos olhos. E não apenas do ex-jogador, mas de todos que acompanharam de perto o drama pela lesão no joelho direito.
Há 15 anos, Ronaldo desabou no Estádio Olímpico de Roma em uma imagem que comoveu companheiros, adversários e fãs por todo o mundo. Após cinco meses parado por conta de um lesão parcial no tendão patelar do joelho direito, o atacante, então na Internazionale (ITA), voltava aos gramados para provar sua recuperação. A esperança virou tormento em pouco mais de sete minutos. Como de costume, o Fenômeno partiu em velocidade para cima da defesa da Lazio e, ao tentar "pedalar" sobre a bola, viu o pé prender no chão e o já combalido joelho direito se romper completamente.
A imagem entrava para a história, assim como as centenas de gols de um dos maiores jogadores da história.
"Explodiu total. Estourou tudo no joelho na hora. É até difícil definir em palavras o que aconteceu ali no momento", contou o fisioterapeuta Nilton Petroni, o "Filé", que cuidava da recuperação do atleta e acompanhava o lance na tribuna do estádio.
"Foi o dia mais difícil para ele. Aquilo mexeu muito com todos nós que acompanhamos futebol. Foi doído ver aquilo na hora", lembrou o narrador Galvão Bueno, amigo pessoal do ex-jogador e parceiro de transmissões na TV Globo.
Apesar do impacto, pessoas próximas afirmam que Ronaldo só foi ter noção da gravidade do caso quase uma semana após o ocorrido.
"Na hora, o choro era psicológico. Era uma lamentação por tudo que vivemos nos cinco meses anteriores de recuperação. Ele chorava, e nós também, pelo desespero, pela sensação de impotência. Ronaldo me olhava e perguntava: 'por que aconteceu isso com a gente?'. A dor do rompimento passa rápido, mas o drama não", lembrou Petroni.
O fisioterapeuta Filé ainda detalhou o momento em que Ronaldo achou que sua carreira havia acabado no momento da lesão.
"Cinco dias depois, já passada a cirurgia, veio a pior fase na cabeça dele. Ele repetia, chorando, para mim e para o Rodrigo Paiva [assessor de imprensa] na cama do hospital: 'Diz para mim que eu vou voltar a jogar. Diz para mim que dá, por favor'. E repetíamos que ele voltaria, não dava para falar outra coisa. Era muito drama".
E Ronaldo voltou. Mas somente após 16 meses de muito tratamento e desconfiança. O retorno foi cheio de dúvidas. Em campo, foram apenas dez jogos e sete gols na temporada 2001-2002 pela Internazionale. Ainda assim, houve quem acreditasse no Fenômeno, como Luiz Felipe Scolari. O técnico da seleção brasileira barrou Romário e decidiu apostar no camisa 9 para a Copa do Mundo na Ásia – Coreia do Sul e Japão.
"E o final todo mundo já conhece. Foi bom demais ver que aquela nossa certeza do retorno ainda na cama do hospital estava confirmada", recordou Nilton Petroni.
"O Ronaldo é um exemplo de que tudo é possível. Sempre. Sou muito fã dele. E ele mostrou isso naquele episódio. Quantos não apostaram que ele não voltaria? E ele voltou, melhor e mais forte. O título da Copa de 2002 foi ainda mais especial por isso", recordou Galvão Bueno, que ainda convidou o Fenômeno para escrever o prefácio de seu livro, lançado recentemente.
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