Palmeiras x Santos já teve gol de árbitro: 'Melhor coisa que aconteceu'
Ele não tinha o número 9 às costas, tampouco vestia camisa verde. O homem que decidiu o clássico entre Palmeiras e Santos no Morumbi, em 1983, carregava cartões no bolso, tinha um apito à mão e era dono de um notável e até então desconhecido faro de gol. Há 32 anos, o então árbitro José de Assis Aragão marcou, sem querer, um gol para o time palmeirense depois de um bate-rebate na área no último lance da partida, que terminou empatada por 2 a 2.
Inicialmente, o inusitado lance foi encarado como um problema pelo ex-árbitro. Ao término do clássico válido pelo campeonato Paulista, no Morumbi, Aragão, cercado por repórteres e jogadores do Santos, disse que o gol tinha sido válido porque o juiz fazia parte da partida. "O que eu posso fazer? Eu tô dentro do campo de jogo", disse.
Mais de três décadas depois, Aragão, que à época chegou a pedir para ser afastado do quadro da Federação, encara a situação com bom humor. "Não sofri muito porque o jogo tinha pouca validade. Já estava tudo definido, era um cumprimento de tabela. Seria ruim se fosse uma decisão. No dia eu fiquei p.. com isso, mas foi a melhor coisa que aconteceu. Ninguém esquece, até hoje lembram disso. Todo mundo vai lembrar", disse Aragão ao UOL Esporte.
Ele estava certo ao validar o gol. A regra é clara: o juiz é neutro nas partidas. Quando a bola bate nos árbitros, o jogo continua em andamento, sem paralisações. Oficialmente, o gol do empate do Palmeiras foi creditado a Jorginho, que chutou a bola à meta. A finalização do meia sairia pela linha de fundo, mas a bola encontrou Aragão no meio do caminho.
"Foi para entrar na história. Eu chutei a bola e ela ia passar do lado da trave. Eu fiquei em dúvida, nem sabia da regra. Eu achava que o Aragão estava impedido. Eu pensava: como é que a bola entrou?", afirmou Jorginho.
O ex-jogador do Palmeiras também conta que os reencontros com Aragão sempre rendem uma brincadeira. "No começo eu falava: 'valeu, golaço, muito obrigado pelo meu bicho'. Eu falava que ele estava com a camisa do Palmeiras por baixo", disse.
Marolla, ex-goleiro do Santos, disse que chegou a reclamar da validade do gol, mas depois concordou com a decisão ao ser avisado pelo treinador que o lance era legal. "Todos foram pra cima do Aragão e ele correu até ao meio-campo para validar o gol. Depois, com calma, vimos que não adiantava. No vestiário, o técnico Formiga comentou que o árbitro é neutro. Foi um momento marcante", frisou.
Os palmeirenses, por sua vez, comemoraram o gol de empate salvador. O zagueiro Luís Pereira, que estava à frente de Aragão no momento do chute de Jorginho, tentou concluir a jogada e marcar o segundo gol do Palmeiras. Sem sucesso, acabou salvo pelo juiz. "A bola passou por mim. Não consegui pegar a bola. Ele (Aragão) estava atrás e não viu. Foi muito rápido: bateu nele e entrou. O principal naquele momento era empatar", admitiu.
Aragão conta que tentou salvar o gol, mas não teve tempo de reagir. "Eu coloquei o pé dentro do campo para acabar com o jogo. Aí veio o chutão de fora da área. O Luís Pereira estava na minha frente. Quando ele saiu, eu não consegui sair. A bola pegou no bico da chuteira e entrou", explicou.
Pedido à Federação
No dia seguinte ao clássico, Aragão pediu para ser afastado do quadro de árbitros da Federação Paulista de Futebol. O juiz fez uma carta de demissão e entrou ao então presidente da entidade, José Maria Marin. O dirigente, no entanto, negou. "Ele pegou a carta, rasgou e falou que eu estava escalado para a partida Corinthians e Santo André (disputada três dias depois)".
Aragão encerrou a carreira em 1989. Depois do gol marcado no clássico entre Palmeiras e Santos, ele apitou a decisão do Paulistão de 1984, entre Corinthians e Santos. Naquela oportunidade, porém, o árbitro não balançou a rede e o Santos venceu por 1 a 0.
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