Topo

Técnico colombiano não grita com time. Manda bilhetes

SP fez dossiê de Osório: se encantou com formação acadêmica e forma de trabalho - Lucas Uebel/Getty Images
SP fez dossiê de Osório: se encantou com formação acadêmica e forma de trabalho Imagem: Lucas Uebel/Getty Images

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

21/05/2015 06h00Atualizada em 26/05/2015 18h31

Antes mesmo de fechar com o técnico Juan Carlos Osório, o departamento de futebol do São Paulo elaborou nos últimos dias um dossiê do colombiano.

Coletou o máximo de informações possíveis com o objetivo de conhecer da forma mais precisa o técnico que apontou como certo para conduzir o clube dentro do perfil estabelecido.

Depois dos estudos e dos contatos, a diretoria tricolor se encantou com o perfil de Osório da sala de reuniões ao campo: das três formações acadêmicas de futebol na Europa aos bilhetes que envia aos jogadores durante os jogos.

O São Paulo buscou informações na Colômbia, assistiu a partidas e analisou temporadas. Encontrou em Juan Carlos Osório, 53, um treinador que assumiu um Atlético Nacional mediano em 2012 e o transformou, sem grandes investimentos, no maior clube da Colômbia – venceu três das quatro fases do Campeonato Colombiano disputadas entre 2013 e 2014 e também as duas últimas edições da Copa da Colômbia. Tudo o que o São Paulo busca em um momento de crise financeira e pouca possibilidade de manobra no mercado de jogadores: verticalizar o futebol, usar a base, revelar, formar e gerar receita.

A marca registrada de Juan Carlos Osório à beira do gramado, durante os jogos, é a forma inusitada de passar mensagens aos jogadores. Em vez de gritos, prefere em muitos momentos passar instruções aos atletas em bilhetes. Arranca um pedaço de papel de um caderno que leva sempre no bolso, escreve uma mensagem ou desenha uma mudança tática e dá nas mãos do jogador.

Em perfil publicado em julho de 2013 no jornal “El País”, da Colômbia, de autoria do jornalista Santiago Cruz Hoyos, o método é descrito: ““Nos jogos se viu como escreve e manda mensagens a seus jogadores nos papéis de seu caderno. Alguns, como o goleiro Luis Martínez, leram e depois colocaram o bilhete na boca. Talvez seja uma maneira de garantir que um rival não intercepte a mensagem”.

A publicação conta que o caderno de Osório é fiel companheiro. Está não só nos jogos, mas também nos treinos. É nele, e não só no cérebro, que o treinador documenta tudo. “Em seus bolsos carrega seu famoso caderno e duas canetas: uma vermelha e outra azul [...] Há alguns meses Osório explicava a um repórter: ‘Meu pai sempre me dizia que é melhor um lápis pequeno do que uma memória grande. Gosto de anotar e ter tudo ilustrado para falar prontamente com os jogadores’”, escreve a reportagem.

Impressionou no Morumbi a formação acadêmica de Osório: diploma de treinador pela Associação Inglesa de Futebol, diploma de gestão técnica pela Associação Holandesa de Futebol e pós-graduação em ciência do futebol pela Universidade de Liverpool. Cinco anos como assistente técnico no Manchester City, da Inglaterra, entre 2001 e 2006, e trabalhos como treinador nos Estados Unidos antes de chegar ao Once Caldas e, depois, ao Atlético Nacional. Tudo isso depois de ter sido jogador de futebol profissional.

No campo e nos treinos, com tal método, Osório conquistou a simpatia dos jogadores medianos que transformou em grandes destaques. No Atlético Nacional, desenvolveu atletas que mais tarde seriam protagonistas e deixariam o clube, como o volante Alexander Mejía, o lateral Stefan Medina e os meias Edwin Cardona e Sherman Cardenas.