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Diretor da CBF promete renúncia do cargo caso Câmara abra CPI do Futebol

Alan Marques/Folhapress
Imagem: Alan Marques/Folhapress

Daniel Brito

Do UOL, em Brasília

10/06/2015 11h25

Recém-empossado diretor de assuntos internacionais da CBF, o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP) disse que abrirá mão do cargo na confederação caso a CPI do Futebol seja instalada na Câmara dos Deputados. A promessa foi feita na tarde de terça-feira, 9, durante a sessão que contou com a presença de Marco Polo Del Nero na Comissão de Esporte da Câmara.

“Se for instalada uma CPI ou CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Futebol, eu já avisei que renunciarei ao cargo de diretor da CBF”, afirmou Cândido. Sua inclusão como membro desta provável CPI depende ainda da indicação de sua bancada. Mas, pelo histórico de atuação no Congresso Nacional, ele é um nome forte a representar o PT. “Obviamente que depende da indicação da bancada se eu vou participar. Se eu for designado para a CPI, não vejo problema que eu participe, desde que eu elime essa zona de conflito”, justificou.

A Câmara dos Deputados só terá representantes na comissão que pretende investigar a CBF se o requerimento para instalação de CPMI alcançar no mínimo 198 adesões (171 deputados e 27 senadores). João Derly (PC do B-RS) é o encarregado de colher as assinaturas. Ele estima que nesta semana consiga reunir o número mínimo para a criação da CPMI. Enquanto isso, uma CPI do Futebol exclusiva para senadores, pedida por Romário (PSB-RJ) está em fase de indicação dos líderes. Por enquanto, está vedada a participação de deputados nesta comissão.

SÓCIO DE DEL NERO

Cândido é um dos líderes da bancada da bola, que reúne parlamentares com ligação com a CBF. Foi o relator da Lei Geral da Copa do Mundo de 2014 na Câmara, atuou no Proforte (programa de fortalecimento dos esportes olímpicos), está na comissão que avalia a MP do Futebol, e é membro atuante da Comissão de Esportes.

O parlamentar acumula debates calorosos sobre a gestão financeira dos clubes contra o Bom Senso FC. O deputado já apresentou um texto pedindo a anistia de 90% das dívidas dos clubes de futebol. A estimativa é que girem na casa dos R$ 5 bilhões as dívidas das agremiações com o governo federal.

Ele é também sócio de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, no escritório de advocacia em São Paulo que leva o nome dos dois: "Marco Polo Del Nero e Vicente Cândido Advogados".

Em sua campanha para deputado federal no ano passado, Cândido declarou ter recebido uma doação de R$ 100 mil do escritório. Ele foi vice-presidente da Federação Paulista de Futebol enquanto Del Nero esteve à frente da entidade. Sobre Del Nero recai a a suspeita de ser um dos co-conspiradores da ação na Justiça dos Estados Unidos que resultou, entre outras coisas, na prisão do ex-presidente da CBF, José Maria Marin. Del Nero negou categoricamente que esteja envolvido.