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Aidar será aconselhado a renunciar para evitar impeachment

Guilherme Palenzuela/UOL
Imagem: Guilherme Palenzuela/UOL

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

08/10/2015 15h19

Carlos Miguel Aidar será aconselhado a renunciar à presidência do São Paulo nas próximas horas, em reunião com os ex-presidentes do clube e com seus aliados políticos Ives Gandra Martins e Antonio Claudio Mariz. Aidar discutiu nos últimos dias a possibilidade de renúncia e até a noite de quarta-feira estava decidido a não deixar o cargo. Nesta quinta-feira, porém, o cenário, segundo aliados, pode mudar.

Segundo informaram ao UOL Esporte conselheiros que até terça-feira eram dirigentes da agora dissolvida diretoria do São Paulo, será aberto um processo de impeachment na próxima semana caso Aidar não aceite o conselho de renunciar. À reportagem, os mesmos dizem que, além dos ex-presidentes liderados por José Eduardo Mesquita Pimenta, o braço-direito político do presidente, Antonio Claudio Mariz, também votará pela renúncia. Ele nega, mas admite que o cenário será analisado ainda na tarde desta quinta-feira.

"Não vou aconselhá-lo a renunciar. O que vou fazer é conversar com ele para expor o quadro. Quadro visto do nosso ângulo e de fora. E a partir disso discutir com ele a governabilidade do São Paulo. Ele que irá nos dizer se acha posível a recomposição de uma gestão, para que o São Paulo seja governado de forma sustentável. O quadro político, ele que precisa nos dar. A partir daí, poderemos chegar a uma conclusão conjunta. Agora, renúncia é um ato unilateral. Tem uma subjetividade absoluta. Poderemos mostrar o quadro, dar iopinião sobre o quadro que nos mostrará, e ele decidirá", disse Mariz ao UOL Esporte.

Pessoas próximas a Aidar afirmam que, se aconselhado por Mariz a renunciar, o presidente deverá aceitar a sugestão e decidir pela renúncia até sexta-feira. Amigos acreditam que o melhor para Aidar é renunciar ao cargo para evitar o processo de impeachment e o levantamento de novos e velhos pontos polêmicos da gestão.

Risco de impeachment 

Um grupo de conselheiros do São Paulo prepara o requerimento para o impeachment e pretende entregá-lo na próxima semana ao conselho deliberativo do clube, órgão hoje presidido pelo ex-vice-presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Este grupo de conselheiros afirma ter posse de documentos e imagens que contêm novas informações sobre o caso Iago Maidana, a negociação frustrada de Rodrigo Caio para Valencia e Atlético de Madri e outros temas.

Se Aidar renunciar à presidência, Leco terá trinta dias para convocar novas eleições presidenciais no clube. O próprio presidente do conselho deliberativo poderá ser candidato e é um dos favoritos de diferentes grupos políticos.

O São Paulo atualmente vive enorme crise de gestão. O episódio da briga entre Aidar e Ataíde Gil Guerreiro na última segunda-feira causou a exoneração do vice de futebol e iniciou processo de dissolvência da diretoria. Alguns vice-presidentes e diretores entregaram cargos, outros renunciaram e motivaram o presidente a convocar demissão coletiva, em massa. Desde a noite de terça-feira todas as vice-presidências e diretorias do São Paulo estão vazias, e o clube é comandado apenas pelo CEO Paulo Ricardo de Oliveira.

A crise

Aidar tenta reconstruir a nova diretoria, mas encontra dificuldade. Na quarta-feira, a seu serviço, os conselheiros Ives Gandra e Antonio Claudio Mariz conversaram os ex-presidentes do clube e os convidaram a participar ou indicar nomes para a nova cúpula. Não obtiveram apoio. Nesta quinta-feira, há programação para que o próprio Aidar se reúna com os ex-presidentes.

Diferentes grupos agora na oposição articulam para que conselheiros que sejam convidados por Aidar para ocupar cargos não aceitem os convites. A estratégia é impedir a composição da diretoria para isolar Aidar e causar a renúncia. Importantes dirigentes que entregaram os cargos na última terça-feira já avisam que não voltarão à diretoria se convidados.