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Fifa revela que Ricardo Teixeira e Beckenbauer estão sob investigação

Teixeira teria recebido 30 milhões de euros para favorecer o Qatar na escolha do Mundial de 2022 - Steffen Schmidt/Efe
Teixeira teria recebido 30 milhões de euros para favorecer o Qatar na escolha do Mundial de 2022 Imagem: Steffen Schmidt/Efe

Do UOL, em São Paulo

21/10/2015 12h12

O comitê de ética da Fifa revelou nesta quarta-feira (21) a relação de dirigentes que estão sob investigação. A lista inclui nomes como o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira e o alemão Franz Beckenbauer, que teriam "violado o código de ética" da entidade.

Os outros investigados são Angel Maria Villar (vice-presidente da Uefa e mandatário da Federação espanhola), Worawi Makudi (presidente da Federação tailandesa), Jeffrey Webb (presidente da Concacaf e ex-vice da Fifa), Amos Adamu (diretor da Federação nigeriana), Eugenio Figueredo e Nicolás Leoz (ex-presidentes da Conmebol).

A Fifa não informa o teor das investigações, mas a imprensa inglesa destaca que as averiguações teriam a ver com suspeitas de compra de votos nas escolhas das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022.

Também foram citados o presidente da Fifa Joseph Blatter e o mandatário da Uefa Michel Platini, investigados por um suposto pagamento ilegal de 2 milhões de francos suíços em 2011, e o ex-secretário-geral Jerome Valcke, envolvido em um esquema ilegal de venda de ingressos dos Mundiais. Os três já haviam sido suspensos por 90 dias pelo comitê de ética.

Webb e Figueredo estão presos na Suíça desde maio. Eles estão entre os dirigentes detidos, entre eles o brasileiro José Maria Marin, na operação coordenada pela polícia norte-americana às vésperas do congresso geral da Fifa e que deu início à crise na entidade. 

Segundo o comunicado do comitê de ética, os casos de Villar e Beckenbauer já estão avançados e foram repassados para a câmara julgadora. A entidade ainda anunciou que pretende concluir as investigações sobre Blatter, Platini e Valcke antes do término da punição de 90 dias, imposta em 8 de outubro.

A revelação dos dirigentes investigados ocorreu um dia após a mudança no estatuto do comitê de ética. Visando maior transparência, foi aprovado que a entidade passe a divulgar os nomes dos réus em processos formais, que até então eram mantidos em sigilo.

O comitê de ética ainda informou que atualmente investiga supostas irregularidades cometidas por outros dirigentes. As investigações, porém, ainda estão em fase preliminar e o nome dos envolvidos será divulgado apenas caso encontrem evidências concretas. 

Suborno milionário e relógio de ouro

De acordo com reportagens da revista americana World Soccer e do jornal "Folha de S. Paulo", publicadas em junho deste ano, Teixeira teria recebido 30 milhões de euros (R$ 134 milhões) e um relógio de ouro do emir Hamad bin Khalifa Al Thani para votar em favor do Qatar na escolha da sede do Mundial de 2022. 

O pagamento teria sido feito por empreiteiras do Qatar em uma conta secreta de Ricardo Teixeira em Mônaco - que estaria com os tais 30 milhões de euros. Um juiz do principado enviou as informações para a justiça brasileira, que investiga paralelamente o cartola por lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

A polícia suíça já tinha revelado a suspeita de que o amistoso entre Brasil e Argentina em 2010 teria sido usado de fachada para transferência do dinheiro para o brasileiro.

Apesar de todas as suspeitas, Ricardo Teixeira negou que seu voto tenha sido influenciado por conta de quantias volumosas de dinheiro. À revista americana, o ex-presidente da CBF disse que criou sua conta dois anos depois da escolha do Qatar para sediar o Mundial. "Eu votei para o Qatar, mas eu não recebi um centavo para isso".