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Ex-SP diz que sofreu com cobranças após brilhar na Sub-20: "não sou Neymar"

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/10/2015 06h00

O ex-são-paulino Henrique despertou o interesse do mundo do futebol em 2011, quando foi melhor jogador e artilheiro da Copa do Mundo Sub-20, na Colômbia, com cinco gols. A geração é a mesma de Neymar e Lucas, que haviam arrebentado o Sul-Americano Sub-20 meses antes. O atacante do Botafogo, emprestado ao Coritiba, chamou a responsabilidade e, junto com Phillipe Coutinho, Oscar e Casemiro, foram campeões do mundial.

Os cinco gols marcados na competição e o título de melhor jogador da competição pesaram para Henrique. Ele não teve o mesmo destino dos companheiros que hoje jogam em times grande da Europa. O atacante até teve uma breve passagem pelo futebol espanhol, defendendo o Granada, mas a realidade de Henrique ainda é o Brasil. No Botafogo, por exemplo, não teve muita sequência e acabou perseguido por torcedores.

"Não sei se por ter vindo da base com fama de artilheiro [Mundial Sub-20], a impaciência da torcida comigo é grande. É diferente do que ocorre com outros jogadores. Tive companheiros que ficavam oito jogos e continuavam jogando normalmente. Comigo era diferente. Tinha que fazer dois gols em um jogo se não era sacado da equipe. Não sou o Neymar que pode resolver tudo em alguns minutos", disse Henrique ao UOL Esporte.

Melhor fase da carreira no Coritiba

“Estou muito feliz. Meu momento é excelente. É um trabalho que fazia há anos. Focado e sabia que ia voltar. Graças a deus voltou e posso desfrutar o que plantei”, disse o jogador. “Eu tenho contrato com Botafogo até o fim de 2016. Isso não depende de mim. Depende do Botafogo, Coritiba e meu empresário. Estou focado no Coritiba até o fim do ano. Quero fazer gols e ajudar time a se livrar da queda. Não penso no futuro, pois o presente está muito bom”.

Faltou paciência ao Botafogo?

“No início de 2014, quando tive sequência no início do ano, era artilheiro do time [cinco gols em nove jogos] e fui emprestado para o Bahia. No Coritiba, joguei 3 jogos de titular e fiquei em campo os 90min. Isso é totalmente diferente do que ocorria no Botafogo. Jogava 10 minutos em um jogo, 45 em outro. Se juntar tudo, não dava dez jogos completos como titular. [Em 2013 jogou 23 jogos pelo Botafogo, mas ficou em campo 770min, o que representa menos de nove partidas completas.]. Não tiveram essa paciência”.

Europa?

“Tive passagem boa na seleção sub-20 e criou uma visibilidade mundial. Retornei agora ao meu melhor momento da carreira. Quem sabe não aparece [proposta do exterior] alguma coisa? Com certeza voltar ao exterior é uma meta. Tenho esse sonho. No Granada tive essa experiência, mas me machuquei e, quando voltei, acabou o campeonato tenho essa vontade de jogar lá fora”.

Se voltar ao Botafogo, teme perseguição da torcida?

Até brinco com meus amigos. Você é bom até o próximo jogo. Se vai bem e mete três gols, é o melhor. Se não faz, vira perna de pau. Respeito. Torcedor é paixão. Deve cobrar quando acha que está na razão. Se eu voltar fazendo gols a torcida vai me apoiar, não tenho dúvida. Isso acontece em qualquer time não só no Botafogo. Se entrar e meter gol, mesmo quem não gosta vai aceitar.