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Fábio Santos é tão supersticioso que sobra até para mulher depois de briga

Fábio Santos comemora gol pelo Cruz Azul. Ele está no México desde o meio do ano - Xinhua/Alejandro Ayala
Fábio Santos comemora gol pelo Cruz Azul. Ele está no México desde o meio do ano Imagem: Xinhua/Alejandro Ayala

Luiza Oliveira e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

29/10/2015 06h00

Fábio Santos construiu uma carreira vitoriosa com títulos do Campeonato Brasileiro, Libertadores e Mundial de Clubes, especialmente no Corinthians, e tem até uma passagem pela seleção brasileira. Tudo graças ao seu talento e dedicação, certo? Não só isso, pelo menos na opinião dele. O jogador é muito supersticioso e tem uma lista obrigatória de rituais malucos antes dos jogos para que tudo dê certo em campo.

As manias do defensor sobram até para a sua mulher Fernanda. O lateral conta que precisa falar com ela antes de todas as partidas quando está no ônibus a caminho do estádio. O desespero é tão grande que ele teve que reverter uma briga só para ganhar um ‘boa sorte’ da amada.

“Quando estou indo para o estádio tenho que ligar para casa, tenho que falar com minha esposa e com as crianças. Eu falo muito pouco no telefone com a minha mulher, mas para ir para o jogo tenho que falar. Mesmo que seja só para atender e falar: ‘boa sorte, vai com Deus, beijo, tchau’. Ela fala que sou maluco, não dá muito valor não. Já aconteceu (de estarem brigados), de ela não estar falando comigo. Eu mandei mensagem e ela não respondia. Eu falei: ‘por favor, atende porque você sabe que é importante para mim. Aí eu liguei, ela atendeu, falou ‘boa sorte’ e desligou (risos)”.

Mas os rituais de Fábio Santos vão muito além da família. Tudo começou ainda na infância quando ele tinha que repetir o tênis, a chuteira e a caneleira para jogar bola. Mas os hábitos estranhos foram crescendo e hoje ele já chama até de TOC, o transtorno obsessivo compulsivo. “Isso só foi aumentando, foi piorando durante o tempo. Agora tem vez que eu nem lembro mais do que tenho que fazer de tantas que são as superstições e manias, o famoso TOC que eu tenho. Alguns exemplos são até de maluquice mesmo”.

“No dia a dia é normal, é mais a questão do jogo em si, a maneira como você aquece, a maneira como você coloca a chuteira, como você entra no vestiário. Por exemplo, no aquecimento do jogo eu não posso aquecer no time de colete. Aí tenho que me trocar sempre no mesmo lugar, depois de aquecer vou ao banheiro, tenho que beber Gatorade depois água, água depois Gatorade, são várias sequencias. Antes do jogo tenho que urinar no primeiro mictório, não pode ser no segundo, terceiro ou último, tem que ser no primeiro e tenho que lavar a mão na primeira pia”.

Desde que chegou ao Cruz Azul, do México, no meio do ano, Fábio deixou velhas manias para trás e vem incorporando outras. E as mudanças abrangem todos os outros setores da vida. Agora, ele está em fase de aprendizado e de viver novas experiências. Está aprendendo a jogar em um novo campeonato com regulamento diferente do Brasileiro, com outro estilo de técnico e outros jogadores. Mas o lateral já se considera adaptado à Cidade do México que, segundo ele, se parece com sua terra natal São Paulo. Ele comemora a boa recepção mexicana e a oportunidade que os filhos Eduarda, de 7 anos, e Leonardo, de 3 anos, estão tendo de conviverem com uma outra cultura e idioma. 

Apesar de seu time não estar em boa fase na competição, Fábio até faz propaganda e recomenda que mais brasileiros passem a atuar no México. "Jogar aqui é muito legal, o campeonato é competitivo, o povo gosta, comparece. Os campos são bons, têm clubes grandes, pagam bem. Só a questão da visibilidade que ainda falta, tanto que dificilmente passam jogos no Brasil, mas é um mercado muito legal, eu tenho gostado bastante. Antes de vir falei com os jogadores. Sem dúvida nenhuma recomendo para quem tiver uma proposta para vir de olho fechado porque vai ser muito bem tratado e respeitado".

Torcida pelo Corinthians

Dos tempos de Corinthians, ficaram as boas lembranças e a torcida por um novo título do Campeonato Brasileiro. Mas também restou uma chateação pelo seu contrato não ter sido renovado, apesar do desejo de permanecer para mais uma temporada ou até pelo período de seis meses. Fábio conta que seu contrato terminaria no fim de 2015, mas o clube estava passando por um momento financeiro complicado. Naquela ocasião, a diretoria não se manifestou sobre a renovação e sinalizou que poderia ocorrer ou não no fim do ano. Como ele tinha uma proposta boa do México, Fábio preferiu aceitar para não correr riscos de ficar sem emprego depois de já completar 30 anos.

“Eu acho que poderia ter sido conversado de outra maneira, na verdade não foi feita a força necessária ou a força que eu esperava para que eu continuasse no clube. Esse foi o grande problema. Mas bola para frente também, não tenho nenhuma mágoa de ninguém dentro do clube, mas óbvio que eu esperava que fosse tratado de maneira diferente para que eu permanecesse no clube, e eu não vi esse esforço das pessoas de dentro do clube. Pela vontade que eu tinha de permanecer, não vi a vontade deles para que eu permanecesse. Esse é o resumo”, disse. 

Mesmo longe, ele não esqueceu o Timão. Continua acompanhando as notícias e os jogos pela internet e vai continuar na torcida para que o time conquiste o título que está próximo. Ele, inclusive, fez parte da campanha porque jogou o início do Campeonato Brasileiro, mas agora se sente apenas torcedor.

“Se hoje eu me encontrasse dentro do clube atuando, viajando, treinando, eu iria me sentir campeão, mas acho que dessa maneira não. A torcida continua grande como torcedor, mas como jogador não vou me sentir campeão não. Mas acompanho pela internet, sempre vejo os melhores momentos, as notícias, falo com os jogadores ainda, dentro do possível tento acompanhar sempre torcendo, mesmo de longe”.