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Fanatismo quase fez novo parceiro de Tevez fugir de amistoso contra o Boca

Alejandro Pagni/AFP
Imagem: Alejandro Pagni/AFP

Do UOL, em São Paulo

09/01/2016 06h00

Apresentado nesta sexta-feira como novo reforço do Boca Juniors, o atacante Daniel Osvaldo retorna ao clube pelo qual torce desde a infância com o objetivo de levar a sétima taça da Copa Libertadores para a Bombonera. Prestes a completar 30 anos, ele forçou a rescisão com o Porto e deixou para trás a possibilidade de ganhar salários em euros para reeditar a parceria com Carlos Tevez, seu companheiro de ataque nos tempos de Juventus.

Osvaldo levou 29 anos para realizar o sonho de atuar profissionalmente pelo Boca. No primeiro semestre de 2015, emprestado pelo Southampton, ele fez 11 partidas pelo clube da Bombonera e anotou seis gols. O atacante confessa que, mesmo nos tempos em que atuava por equipes importantes da Europa – casos de Juventus, Roma e Internazionale –, não abandonava a obsessão de vestir a camisa xeneize.

"Ninguém me fez torcedor do Boca. Quando eu era pequeno, via a torcida do Boca, e isso faz com que você não possa torcer para outro time (risos). A Bombonera e a torcida chamam muita atenção, porque tudo isso é místico, gera incredulidade. Sempre que eu vinha ao estádio, tinha uma ideia fixa: olhava os jogadores do Boca e sentia muita inveja, seja como criança ou adulto. Eu já tinha minha carreira feita na Europa, vinha à Bombonera e sentia inveja dos jogadores", contou à revista argentina El Gráfico em março de 2015.

A infância e a carreira de Osvaldo são recheadas de passagens que comprovam seu fanatismo pelo Boca. Nos tempos de garoto, pegava carona de Lanús, na Grande Buenos Aires, até a Bombonera no caminhão do pai de um amigo para acompanhar as partidas da equipe.

Na temporada 2010/2011, quando defendia o Espanyol, entrou em pânico com a possibilidade de enfrentar o Boca em um amistoso. Cogitou a hipótese de não entrar em campo, mas acabou escalado e balançou as redes duas vezes. "Não comemorei os gols por amor ao clube. Seria uma traição", disse.

Após o fim do amistoso, ignorou as ofensas do zagueiro Schiavi – que o responsabilizou por sua expulsão – e fez questão de ir ao vestiário para tirar uma foto com Riquelme, que aponta como o melhor jogador que viu atuar pelo Boca e "um dos maiores da história do futebol". "Consegui a foto, estive um pouquinho no vestiário e queria voltar com eles [para jogar pelo Boca]", revelou.

Osvaldo não concretizou o sonho de atuar ao lado de Riquelme, mas dividirá o ataque em 2016 com Tevez, que também considera um de seus ídolos. Ele conta que, quando atuavam juntos pela Juventus, comiam churrasco "duas ou três vezes por semana e viam os jogos do Boca".

Em Turim, o argentino naturalizado italiano repetia a Tevez que desejava jogar na Bombonera ao lado do amigo, outro fanático pelo Boca. "Com Carlos, tenho uma relação diferente, porque é de amizade. Sempre falamos sobre o Boca. Carlos é mais torcedor do Boca que qualquer um; eu, também. Ele tem muitos amigos que são fanáticos pelo Boca".

Apesar de estar vivendo a segunda parte de seu sonho, nem tudo é motivo de alegria para Osvaldo. Ele espera deixar para trás os problemas com a imprensa argentina, que marcaram sua primeira passagem pela Bombonera.  "Se vocês me ajudarem e me deixarem um pouco em paz, vai ser mais fácil", disse aos jornalistas, durante sua apresentação.