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Torcedor do Avaí que decepou mão de idoso em jogo é preso ao registrar B.O.

Aline Torres

Em colaboração para o UOL, em Criciúma

22/01/2016 11h00

Uma partida de futebol em 2008 mudou para sempre a vida de Ivo Costa. Aos 63 anos ele foi assistir a disputa do seu time, o Criciúma, contra o Avaí no estádio Heriberto Hülse. Era o primeiro turno do Catarinense. No meio do jogo uma bomba caseira foi arremessada pela torcida adversária e caiu na arquibancada. Ivo se assustou, tentou jogá-la para longe, mas a explosão foi imediata. Ele teve a mão direita decepada. Morreu dois anos depois, com depressão. Mas somente nesta quarta-feira, 20/01, o responsável pelo crime foi preso.

Franklin Roger Pereira, 29 anos, perdeu os documentos e foi registrar B.O. (boletim de ocorrência) na 3° Delegacia de Polícia de Florianópolis. No sistema foi verificado o mandado de prisão e a sentença de quatro anos e oito meses em regime semiaberto. Franklin foi imediatamente encaminhado para a Central de Triagem da Capital. Ele ainda não tem advogado.

O torcedor do Avaí era procurado desde setembro de 2012, quando foi decretada sua sentença. O outro réu, Juliano Marinho de França, 29 anos, foi preso no final de 2014.  Ele também estava foragido e cumpre pena idêntica. Ambos eram membros da Mancha Azul.

Ivo Costa perdeu a mão quando uma bomba caseira explodiu durante o jogo entre Criciúma e Avaí, em 2008 - Divulgação/Jornal da Manhã - Divulgação/Jornal da Manhã
Ivo Costa perdeu a mão quando uma bomba caseira explodiu durante o jogo entre Criciúma e Avaí, em 2008
Imagem: Divulgação/Jornal da Manhã


A torcida organizada tem um longo histórico de agressões. Em 2006, Júlio César da Cruz, 17 anos, morreu após ser atingido por uma pedrada. Ele tinha ido ver o JEC (Joinville) jogar contra o Avaí. Em 2011, a Mancha entrou novamente em confronto com a torcida organizado do JEC, dez pessoas ficaram gravemente feridas, um policial militar teve traumatismo craniano. Já no ano seguinte, as torcidas organizados do Avaí e da Chapecoense se enfrentaram. Três torcedores foram hospitalizados, um deles com um tiro no braço.

Mas, um dos casos mais trágicos de violência nos estádios catarinenses é o de Ivo. Apesar disso, a Federação Catarinense de Futebol se recusou a pagar indenização para sua família. O idoso não tinha filhos, os beneficiados pelo recurso seriam seus irmãos, explica o advogado Jeferson Dannus. Segundo o advogado, a depressão de Ivo após o acidente foi a principal motivação dos familiares. Ele morreu dormindo. Foi encontrado na cama pela irmã Dalva, com quem dividia a casa.

A Federação justificou que não teve culpa no episódio, pois não revista os torcedores, disse que essa é responsabilidade da Polícia Militar. Franklin entrou com a bomba escondida na cueca.