Em depoimento de 1h30 na Espanha, Neymar diz que assinava o que o pai pedia
Neymar e seu pai, Neymar Santos, prestaram depoimento nesta terça-feira às 14h (horário de Brasília) no Superior Tribunal de Madri sobre a transferência do atacante ao Barcelona, ocorrida em maio de 2013.
Depois de quase 1h30 falando ao juiz José de la Mata, o jogador deixou o Tribunal às 15h40, para regressar a Barcelona junto com um amigo e alguns assessores. O pai do brasileiro ainda está no Tribunal. Membros do clube catalão também estiveram presentes no local, o porta-voz do clube, Josep Vives, e um segurança.
A agência de notícias EFE informou que em sua contratação pelo Barcelona junto ao Santos, limitou-se a assinar os documentos apresentados por seu pai, que por sua vez isentou o filho de culpa diante do magistrado.
Segundo informações fornecidas à agência por fontes ligadas ao caso, Neymar declarou a De la Mata que quando jogava pelo Santos tinha o desejo de defender o Barça, mas não participou da negociação, deixando tudo nas mãos do pai.
Na chegada e na saída, Neymar fez questão de parar para dar autógrafos para os fãs que estavam do lado de fora do local, na capital espanhola. O brasileiro, no entanto, não quis dar declarações à imprensa.
O Ministério Público espanhol considerou fraudulento o acordo e questionou Neymar o pai a explicar a origem dos 40 milhões de euros recebidos pela família na transação.
Os 40 milhões pagos pelo Barcelona à família Neymar foram depositados da seguinte forma: 10 milhões de euros foram depositados pelo Barça, em 2012, quando ele ainda não defendia o time da Espanha. O dinheiro de adiantamento foi depositado em uma empresa aberta pelo atleta.
Os 30 milhões restantes foram pagos pelo Barcelona em outra empresa de Neymar nos anos de 2013 e 2014 (quando ele já atuava pelo clube espanhol). Desde que as cifras foram levantadas pela Justiça, Neymar e Neymar negam veementemente ter havido fraude e sonegação fiscal e alegam que os 40 milhões recebidos são referentes à comissão e direitos de imagem.
Para as Justiças brasileira e espanhola, esses pagamentos exclusivos a Neymar foram uma manobra para driblar o fisco e os então donos dos direitos econômicos (Santos, DIS e Teísa).
Oficialmente, o Santos havia declarado logo após o acerto com o Barcelona que a negociação representou 17,1 milhões de euros. Ou seja: menos do que a metade do depositado nas empresas de Neymar.
Posteriormente ao anúncio do Santos de que Neymar teria sido vendido por 17 milhões de euros, o clube catalão declarou que a contratação de Neymar havia custado 57 milhões. Pressionada na época, a diretoria do Barça depois corrigiu as cifras e admitiu que o valor foi superior a 85 milhões de euros.
O Tribunal de Madri ouviu na segunda-feira o presidente do Barcelona, Josep Bartomeu, e o ex-presidente do clube, Sandro Rosell. Ambos voltaram a dizer que o Barça agiu corretamente na transação.
Nesta terça, foi a vez de o Tribunal ouvir a advogada do Santos, Fatima Bonassa, que culpou Neymar filho e pai por terem supostamente ocultado o valor real da transferência do atacante para o Barcelona.
Processo também na Justiça brasileira
Em sua conta na internet, Neymar questionou o promotor Thiago Lacerda Nobre, responsável por denunciar o jogador e pai por sonegação e falsidade ideológica em processo aberto pela Justiça brasileira.
A revista Veja desta semana publica que Neymar teria feito uma manobra para diminuir a alíquota a ser paga ao fisco brasileiro. Com isso, ele e seu pai teriam fugido de um abatimento de mais de 50% do valor a ser pago.
Para se defender, Neymar divulgou alguns documentos de sua saída do Santos.
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