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"Organização" vira mantra do SP e influencia de esquema tático a reforços

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

02/02/2016 06h00

Organização é a palavra que dita o que o São Paulo tem como objetivo dentro e fora de campo para fazer de 2016 um ano melhor do que o pouco produtivo e desorganizado 2015, ano no qual o time teve quatro técnicos, filosofias de futebol diferentes e viu o ex-presidente Carlos Miguel Aidar renunciar após denúncias de desvios de dinheiro. Agora, a palavra dita por diretoria, técnico e jogadores será testada na estreia na Copa Libertadores, o primeiro desafio de verdade no ano.

Ao ser apresentado como técnico do São Paulo, no dia 23 de dezembro, o argentino Edgardo Bauza afirmou que havia assistido a sete jogos do time em 2015, fez um diagnóstico e usou a palavra agora popularizada: "O que vi em alguns dos jogos é um desequilíbrio que levou o time a perder partidas com resultados que não são habituais. Em todos os esportes, quando há desequilíbrio pode acontecer isso. Vamos lutar para encontrar uma organização que permita ao time chegar aos objetivos".

Minutos antes da declaração de Bauza, o diretor executivo de futebol Gustavo Vieira de Oliveira iniciou a apresentação do treinador da seguinte forma: "Vou começar lendo uma pequena frase do nosso departamento de análise de desempenho que nos motivou há algumas semanas a procurar o Patón para se juntar a nós: 'É um time com muita intensidade, organizado e equilibrado no campo, tanto no sistema ofensivo como no defensivo'”.

Como isso afeta o jogo?

 

O São Paulo escolheu Bauza porque viu organização tática no treinador. Em relação aos conceitos de futebol pregados pelo colombiano Juan Carlos Osorio, por exemplo, Bauza é diferente: primeiro se preocupa em fechar as linhas e se defender. Tal proteção e organização foi fundamental para a volta de Diego Lugano.

O goleiro Denis, sucessor de Rogério Ceni, falou no dia 13 de janeiro: “Nos primeiros treinos do Bauza ele se preocupou sim em ter um time organizado. O mais organizado possível. Dessa organização o time não pode abrir mão. Ele se preocupa muito com a defesa, vem corrigindo muito a defesa, a linha defensiva, para que a equipe consiga se defender melhor e não sofrer tantos gols”.

O que Denis relata é o tipo de treino praticado por Bauza diariamente desde a segunda semana de pré-temporada. O técnico argentino separa os 11 jogadores que considera titulares e arma o time no 4-2-3-1 para realizar atividades com e sem bola de posicionamento tático. O mesmo foi dito pelo zagueiro Breno: “É um treinador que gosta que o time esteja bem organizado. Ele se preocupa muito com a defesa, quer primeiro que a defesa esteja compactada para depois pensar em fazer o gol”.

Titular em todos os treinos táticos até aqui, Alan Kardec também fala sobre o pregado pelo técnico: “Preocupação [defensiva] é total, desde o momento que ele chegou ele passou um vídeo para nós, dos gols que tomamos na temporada passada. E, dos gols que tomamos, sabemos que muitos poderiam ser evitados. Essa orientação é muito importante. Ele tem feito treinos táticos, mas orientando muito. Não é aquele tático que você solta os atletas e eles ficam correndo”, disse.

Como influencia os reforços?

 

O São Paulo não analisa mais apenas os aspectos técnicos, físicos e mentais individuais de um jogador para escolher tentar contratá-lo como reforço. Agora, a capacidade de organização tática é levada em consideração, mas o que pesa principalmente é a análise de como cada reforço poderá trabalhar sob um comando que prioriza a organização.

Ao apresentar o lateral esquerdo chileno Eugênio Mena, primeiro reforço do time, em 8 de janeiro, o diretor Gustavo Vieira de Oliveira falou: "Jogador que nós acreditamos muito. Do ponto de vista técnico, muito combativo, acostumado a jogar em equipes organizadas e com a exigência de organização que nós desejamos", falou.

Além de Mena, as contratações dos atacantes Jonathan Calleri e Kieza também passaram por uma análise do que cada um poderá representar para os objetivos coletivos. No caso dos dois, priorizou-se, além da obediência tática, o comprometimento dentro de campo.