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Times donos dos piores estádios da elite chiam e querem revisão de notas

Barradão foi eleito um dos piores estádios da Série A por projeto do Ministério do Esporte - Eduardo Martins / Ag. A Tarde
Barradão foi eleito um dos piores estádios da Série A por projeto do Ministério do Esporte Imagem: Eduardo Martins / Ag. A Tarde

Luiza Oliveira e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

02/02/2016 06h00

O Ministério do Esporte divulgou na última semana seu novo projeto em que os estádios brasileiros agora serão classificados por estrelas ou ‘bolas’, semelhante ao critério usado com hotéis. Arruda, do Santa Cruz, Barradão, do Vitória, e Moisés Lucarelli, da Ponte Preta, foram apontados como as piores arenas da Série A do Campeonato Brasileiro com apenas duas bolas. Mas os clubes não gostaram do resultado e querem a revisão de suas notas.

As arenas foram avaliadas em três critérios: segurança, conforto e acessibilidade, além de higiene. Dentre as três equipes, o Arruda foi quem teve a menor pontuação. O estádio do Santa Cruz ficou com duas bolas na classificação final: ganhou dois pontos em segurança, dois em conforto e acessibilidade, e apenas um em higiene. E a direção da equipe protestou e diz que o estádio foi avaliado antes de serem feitas melhorias.

“A avaliação foi feita em 2014, portanto é uma avaliação que está ultrapassada, de lá pra cá o Santa Cruz fez diversos tipos de melhorias, várias modificações e continuamos fazendo outras, esta avaliação publicada foi feita com olhos de Copa, a gente reformou vários aspectos do estádio, as entradas, tudo, fiz reforma estrutural, reforma de manutenção, parte hidráulica, elétrica, essa publicação foi infeliz, muito infeliz”, falou Antônio Luiz Neto, presidente da comissão patrimonial do clube pernambucano.

O Barradão também levou duas bolas (dois em segurança, três em conforto e acessibilidade e quatro em higiene). O clube questiona o Ministério do Esporte e quer uma explicação para os critérios adotados. Ainda cita como exemplo o estádio Lomantão, de Vitória da Conquista, que conquistou três estrelas, mas teve nota pior nos quesitos (dois em segurança, um em conforto e acessibilidade, quatro em higiene).

“Não entendemos o relatório, vamos emitir uma carta aos responsáveis pedindo uma explicação, e vamos reivindicar uma nova visita para reavaliação. Não conseguimos entender a avaliação que foi feita. O Lomantão não tem nem assento, área de visitante, não dá para entender”, disse o vice-presidente Manoel Mattos.

O dirigente explica ainda que o estádio vem passando por constantes melhorias e hoje atende a todos os requisitos exigidos pelo Estatuto do Torcedor, inclusive na questão da segurança e da acessibilidade, que foram os pontos fracos da avaliação do clube. Curiosamente, no último fim de semana, o Vitória lançou no jogo contra a Jacuipense, pelo Campeonato Baiano, o projeto de uma nova reforma para que o estádio seja coberto e se torne a Arena Barradão.

“Temos uma área de segurança com centro de controle de operações no estádio todo, instalações de Polícia Militar e Civil, alambrado no campo todo, área dos times reservada, área de visitante com acessos separados, área reservada para segurança da imprensa com ar condicionado, atendemos perfeitamente todos os requisitos”, disse. “Fizemos as melhorias que fizemos com acesso pra cadeirantes, área reservada para cadeirantes, catraca eletrônica, estacionamento para dois mil carros, camarotes VIP, cadeira para o sócio torcedor, sanitários limpos e arrumados. Temos vestiários padrão Fifa, gramado padrão Fifa. Não consigo entender”.

Quem também não ficou satisfeito com a avaliação foi a Ponte Preta. O clube considerou injusta a classificação que garante apenas duas bolas (três em segurança, dois conforto e acessibilidade, um em higiene) ao Moisés Lucarelli. A Ponte alega que a classificação está desatualizada porque o estádio passou por melhorias no fim do ano passado, o que não teria sido levado em conta pelo relatório. Por isso, também pretende fazer uma requisição ao Ministério do Esporte para que uma nova visita.

O diretor de patrimônio Sergio Lattaro conta que recentemente o clube fez uma pesquisa junto aos torcedores para entender porque o estádio estava vazio em dias de jogos. Concluiu que o preço dos ingressos e as condições dos banheiros eram os maiores problemas. No fim do ano passado, a diretoria decidiu então fazer uma reforma para melhorar as condições do estádio.

O clube fez uma alteração nos portões de entrada, que agora estão divididos por setores, facilitando o acesso do público ao estádio. Também fez uma grande reforma nos seis sanitários e construiu outros cinco. Com os novos banheiros, a Ponte acredita ter solucionado a questão da higiene, que foi apontada pelo Sisbrace como o maior problema do estádio com apenas uma bola.

“Esta avaliação não espelha a realidade. Melhoramos muita coisa e até antecipamos esse projeto do Ministério do Esporte. Os sanitários estão todos novos como se fosse de shopping. O estádio está todo pintado com acesso novo. Concordo 100% com as críticas em relação aos sanitários, eram horríveis e não dava para serem usados. Mas agora a realidade é outra”.

Procurado pelo UOL Esporte, o Ministério do Esporte, via assessoria de imprensa, declarou que qualquer clube pode enviar pedido de reavaliação e que eles têm um prazo de até três anos de validação para fazer os reparos tidos como deficientes.