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Messi coreano astro da base do Barça é liberado e agita jogos; veja lances

João Henrique Marques

Do UOL, em Barcelona

03/02/2016 06h00

A comunidade do Facebook de sul-coreanos em Barcelona aponta: é dia de jogo do sub-19 em La Masia, a fábrica de craques do Barça. Turistas, imigrantes e amigos; todos querem ver em ação as estrelas da Coreia do Sul. A principal é Seung Woo Lee, 18, apelidado de “Messi coreano” ao chegar na Catalunha, que superou até mesmo algumas marcas do argentino na base. Ele é o pivô da punição imposta pela Fifa ao clube por irregularidades em contratações de jovens e está de volta após quase três anos sem jogar pelo time catalão.

“Me sinto em Seul aqui. O Lee é midiático demais e isso também pesa para um clube como o Barça. Eu gosto de vir acompanhar a Masia e posso te dizer que não via isso aqui tão cheio desde a época do Messi”, comentou ao UOL Esporte, Jordi Sebas, de 58 anos, sócio e fã da base do Barcelona.
 
“Na minha cidade, Seul, as pessoas visitam Barcelona só para o ver jogar. Eu fiz isso, adoro futebol. Sou um fã do Barcelona, ainda mais com eles agora por aqui”, apontou o estudante Seunghoon Lee, de 23 anos, que visita a Catalunha por uma semana e acompanhou a vitória do Juvenil A do Barça por 3 a 1 contra o Zaragoza, no domingo.
 
Seunghoon estava longe de ser o único “maluco”. Um amigo o acompanhava com a bandeira da Coreia do Sul e outros mais de 100 compatriotas escolheram o mesmo programa na pequena arquibancada de um dos campos da cidade esportiva do Barça.
 
Uma montadora coreana promovia ação com funcionários durante a partida. Escolas de futebol da Catalunha levavam crianças filhos de imigrantes da Coreia de Sul para o local. Lee já é um ídolo nacional mesmo ainda aos 18 anos.
 
Com a camisa 11 e jogando aberto pela ponta esquerda, o “Messi coreano” destro mostra habilidade e rapidez para se livrar de marcadores. É em uma jogada desse tipo que arranca do meio-campo conduzindo o time ao gol de empate contra o Zaragoza marcado no minuto final do primeiro tempo (ver vídeo acima). Para alegria e orgulho dos fãs na arquibancada, o bonito gol é marcado por Seung-Ho Paik, o outro sul-coreano tratado como astro na base do clube, e que viveu o mesmo drama de Lee com a punição da Fifa.
 
“Minha mulher ficou aqui com ele (Paik) nesses três anos. Eu viajo a Coreia, pois dou aula em universidade. Venho a Barcelona sempre que posso, e isso aqui é uma reunião da comunidade coreana. Muitos jovens fazem universidade em Barcelona e querem assistir Paik e Lee jogarem. É programa agendado em rede social”, contou o pai de Paik à reportagem.  
 
 
A trajetória 
 
Atuando pelo sub-12 da Coreia do Sul, em 2010, Lee impressionou olheiros do Barcelona na vitória por 3 a 2 sobre o clube em um torneio de base na Ásia. Na época, as informações colhidas ainda reforçaram o apreço: era o artilheiro do campeonato coreano da categoria e acabara de ganhar o mais prestigioso prêmio de base no país, e que foi conquistado por Paik no ano anterior.
 
Meses depois, o Barcelona conseguiu convencer a família do garoto de transferência para o clube. Na primeira temporada, aos 13 anos, Lee atuou no sub-14 e quebrou o recorde de Messi na categoria ao marcar 39 gols, em 29 partidas. Ele ainda deu 19 assistências. Pronto, a fama começou a se espalhar.
 
Com dribles e gols, Lee ia criando expectativa de ida ao profissional ainda com 16 anos, a mesma idade que Messi estreou. No entanto, tudo se complicou aos 15 anos, no dia 5 de fevereiro de 2013. Nessa data, a Fifa aplicou a punição ao clube e jogador por irregularidade na contratação de atleta menor de idade – a transferência só é aceita quando os pais dos atletas se mudam para outro país fora do eixo da União Europeia por motivos não relacionados ao futebol -.
 
Com o sonho de atuar no profissional do Barcelona, Lee cumpriu aos quase três anos de punição –até completar 18 anos - somente com treinos ao lado dos companheiros. Atividades até mesmo com o profissional ao lado dos ídolos, aos 17 anos, foram realizadas. À espera, enfim, acabou.
 
“Tive forças para superar a punição, pois estou no melhor clube do mundo, nunca quis sair daqui. Imagina, Messi, Neymar...são minhas fontes de inspiração. Espero poder fazer parceria com eles em breve”, disse Lee ao site oficial do Barcelona dias antes de estrear novamente pelo clube neste ano.
 
O contrato de Lee com o Barça tem duração até o fim de 2020. O plano profissional traçado para o jogador é de finalizar a temporada pelo Juvenil A e alternar partidas pelo Barça B, com treinos no profissional em 2015/2016.     
 
“Competitividade, técnica e noção tática. São aspectos positivos do Lee. Só que ainda é muito fraco fisicamente, e tem dificuldade para aguentar o jogo todo de maneira intensa”, apontou Josep Capdevila, repórter especialista em base do Barça do jornal catalão “Sport”.