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Inter faz pedido inusitado e não quer rótulo de time de garotos

Quase 70% do elenco do Internacional em 2016 veio das categorias de base - Ricardo Duarte/Divulgação SC Inter
Quase 70% do elenco do Internacional em 2016 veio das categorias de base Imagem: Ricardo Duarte/Divulgação SC Inter

Do UOL, em Porto Alegre

29/02/2016 06h00

O Internacional rejuvenesceu seu elenco em 2016, com a promoção de vários jovens, mas não quer ser chamado de time de garotos. Com direito a desabafo dos atletas e pedido público do treinador, o Colorado iniciou uma luta para combater contestação sobre falta de experiência e abordagens pejorativas. Justamente na semana que precede o clássico contra o Grêmio, fora de casa.

A postura é, até certo ponto, surpreendente. Desde janeiro, o próprio Inter usou termos como ‘garotada’ e ‘meninos’ em conteúdos oficiais. Após a vitória contra o Juventude, o discurso foi regular – de jogadores a dirigentes e comissão técnica.

“Eu gostaria de pedir para a imprensa não falar mais garotos, meninos. Não, eles são jogadores profissionais. Independente da idade, são homens”, disse Argel Fucks.

Minutos antes, o lateral direito William e o atacante Aylon também tocaram no assunto. E com a mesma linha de raciocínio.

“Muita gente falou que a gente ia se complicar quando pegasse um time melhorzinho... Está aí, a gurizada está surpreendendo”, disse o camisa 18 à Rádio Guaíba. “Nosso grupo já mostrou que não tem moleque aqui, todos são homens”, reiterou o camisa dois.

Nos números, o elenco do Inter em 2016 é, sim, feito de meninos. A média de idade caiu para 23,8 anos após as saídas de Dida, Juan, Lisandro López, Rafael Moura e D'Alessandro. E 22 atletas - o equivalente a 67% do grupo à disposição de Argel, passaram pelas categorias de base.

Contra o Juventude, sete titulares foram formados no clube. Na goleada em cima do Cruzeiro-RS, há duas semanas, este número chegou a ser nove.

“Trabalhamos com homens. A gente dá liberdade e cobra responsabilidade. Todos aqui são homens e temos de tratar eles assim. Eu já faço isso, dentro do vestiário. A partir do momento em que eles chegam ao elenco profissional, tem de ser tratado como profissional. Eles estão dando resposta muito boa. Estamos satisfeitos com a performance de cada um. E em grandes jogos é que se vê os grandes jogadores”, discursou Argel Fucks.

O mais curioso é que, desde 2014, o Internacional tem aumentado o percentual de aproveitamento da base no time principal. O clube, conhecido como 'celeiro de ases', também investe forte na estrutura para formação e captação de jogadores. E usou, nos últimos 14 anos, as categorias de base para dar um salto técnico e financeiro. Agora, a meta parece ser evitar que os adjetivos virem o fio e deem margem para críticas e cobrança elevada.