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Koff lança livro de memórias na Arena e vê Grêmio vivo na Libertadores

Ex-presidente lançou livro de memórias na Arena do Grêmio, nesta sexta-feira - Jeremias Wernek/UOL
Ex-presidente lançou livro de memórias na Arena do Grêmio, nesta sexta-feira Imagem: Jeremias Wernek/UOL

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

11/03/2016 12h51

Fábio Koff está esperançoso com a campanha do Grêmio na Copa Libertadores de 2016. No dia do lançamento de seu livro de memórias, o ex-presidente comparou a trajetória atual do time com o desempenho obtido em 1983 e 1995 – anos em que o clube saiu campeão. Em entrevista coletiva, o dirigente ainda relembrou passagens pelo tricolor e elogiou a criação da Primeira Liga.

“Não vejo nenhuma equipe melhor que o Grêmio na Libertadores. Os quatro pontos, que o Grêmio amealhou no primeiro turno, são suficientes para buscar dois fora e se classificar. O Grêmio está fazendo o que fez nos anos em que foi campeão”, disse Koff, nesta sexta-feira (11), no auditório da Arena do Grêmio.

Segundo colocado no grupo seis da Libertadores, o Grêmio enfrenta o San Lorenzo e a LDU fora de casa no returno. E fecha a atual fase da competição contra o Toluca-MEX, em Porto Alegre.

“Em 1983 começamos em casa, contra o Flamengo, e empatamos. Ganhamos a vaga ganhando do Bolívar na Bolívia. Isso fez a diferença. O Grêmio tem tudo para passar de fase. O San Lorenzo é um time forte, mas não é melhor que o Grêmio. Se ganhar na Argentina, está classificado. Se empatar, posso dizer também que está classificado – se vencer em casa depois", opinou Koff.

À noite, Fábio Koff recebe convidados na Arena para o lançamento oficial do livro onde reúne depoimentos da vida como jurista e dirigente. "Fábio André Koff: Memórias e Confidências – O que faltou esclarecer", é assinado por Paulo Flávio Ledur, Paulo Silvestre Ledur, e conta em 247 com relatos inéditos do presidente do Grêmio  por três mandatos. Na segunda-feira (14), às 18h, a sessão de autógrafos será realizada no estádio Olímpico - fechado desde dezembro de 2012.

Confira outros trechos da entrevista coletiva

ACOMPANHANDO O TIME

Estou vivendo o Grêmio do meu sofá, tenho dificuldade para me deslocar até aqui. E vejo o Grêmio em um momento onde está ajustando suas coisas. Onde o clube tem um presidente inteligente, capaz, competente. Não falo só dos resultados de campo. O presidente Romildo está levando o clube a ultimar negócios que ficaram pendentes.

ORIGEM NO CLUBE

Eu venho de uma família colorada, meu pai e meus tios eram torcedores do Internacional. Eram cinco ou seis primos, e todos, vieram torcer para o Grêmio comigo. Quando vim a Porto Alegre, estudei no IPA e a proximidade me deixou ligado ao clube. Eu era corneteiro de treino. Muitas vezes eu fui na Baixada para ver treino, às vezes para completar o treino. Mas nunca treinei, só me fardava. Sou tão fanático pelo Grêmio como qualquer outro. Às vezes é difícil conter isso, conviver com o lado torcedor e presidente. Exige paciência, contenção. Eu virei gremista por contestar quem tentava mandar a mim. E por gostar do clube, das cores. Eu ia a igreja para rezar e pedir pro Grêmio ganhar. Só para isso. Como se isso fosse mudar algo, né?

SEGREDOS DA GESTÃO DO CLUBE

Os fatos mais relativos à minha infância, a minha juventude, estão fazendo parte do texto. Há uns fatos referentes à negociação pela Arena que havia um pacto para manter sigilo em busca de vantagem na negociação. Está para ser concluída essa etapa. O que me deixa tranquilo é que a diretoria atual fez parte daquele episódio todo. Tem experiência suficiente, conhecem o histórico. Tive o cuidado de não fazer juízo de valor em vários episódios. Não fiz, não fiz porque a minha vida me fez cansar de julgar.

QUANDO SURGIU A IDEIA DO LIVRO

Antes do meu último mandato, eu já tinha ideia de escrever. Eu já estava pensando em escrever, ou ajudar a escrever, sobre a minha história. Infelizmente tive o problema de saúde e não pude fazer o que queria e no tempo certo. Demorei muito para fazer. Foi uma exigência dos meus filhos, parentes. A minha opção por eles foi de natureza pessoal. Já fazia parte da minha vida deixar um registro de minha vida. Eu me fiz lá debaixo, isso me deixa orgulhoso. Eu fui até treinador de futebol profissional. E o mais impressionante é que ganhamos. Eu fui por necessidade. Eu não tinha alternativa, estava no terceiro ano de direito.

PASSAGENS FORA DO FUTEBOL

Eu quase morri na neve. Fui o primeiro cidadão do Rio Grande do Sul a sofrer com o AI-5. Tive dificuldade para me inscrever em um concurso de direito porque havia uma informação de que eu era guerrilheiro. Imaginem.

CONSUMINDO FUTEBOL

Eu estou acompanhando o futebol. Estou recolhido em casa, por causa da minha saúde, mas assisto até jogo do campeonato russo. Estou acompanhando com muito entusiasmo o atual momento. Por incentivo do presidente Romildo, o Grêmio fomentou a criação de uma Liga. Ela está dando seus primeiros passos. Eu não consegui no Clube dos 13. A minha mágoa é que já tinha um estatuto aprovado para Liga Brasileira. Foi encaminhado à CBF e no dia da decisão, o conselho técnico foi convocado. Um dia antes, reunião no C13 e nenhuma voz dissonante. Depois da reunião, a CBF ligou e os clubes recuaram. Um a um. Ele interveio de maneira violenta. Mas essa estrutura caiu, a CBF está enfraquecida agora. Muito embora, para minha tristeza, o Grêmio não está nas finais da Sul-Minas. Mas é por aí o caminho. Autonomia, autoregulação das competições. O nosso calendário precisa mudar. Isto é um grande laboratório e esta ideia vai se estender. O campeonato mais rentável no país é um fracasso em receitas. Falo do Campeonato Paulista. Temos de fazer uma alteração e tu poderia levantar essa bandeira. Temos de mudar nossa competição estadual. Uruguaiana não tem mais futebol, Santa Maria não tem mais futebol. Caxias tem um clube, Livramento também não tem. Vamos regionalizar a disputa. Racionaliza o calendário. Grêmio e Internacional e quem vier pelo ranking, ficariam para a fase final. Disputem e tragam de novo a rivalidade local. Isto também daria tranquilidade aos clubes maiores, em seus jogos.

GRÊMIO NA LIBERTADORES

Não vejo nenhuma equipe melhor que o Grêmio na Libertadores. Os quatro pontos, que o Grêmio amealhou no primeiro turno, são suficientes para buscar dois fora e se classificar. O Grêmio está fazendo o que fez nos anos em que foi campeão. Em 1983 começamos em casa, contra o Flamengo, e empatamos. Ganhamos a vaga ganhando do Bolívar na Bolívia. Isso fez a diferença. O Grêmio tem tudo para passar de fase. O San Lorenzo é um time forte, mas não é melhor que o Grêmio. Se ganhar, está classificado. Se empatar, posso dizer também que está classificado – se vencer em casa.

MELHOR JOGADOR DA HISTORIA DO GRÊMIO

Eu vi Luiz Carvalho jogar na Baixada. Era um jogo contra o Independiente da Argentina, estava 2 a 0 e o Grêmio virou para 3 a 2. Com todas as emoções que me proporcionou, preciso citar o Renato. Ele saiu da média. Tem outros que me foram muito importantes. Tem um pouco mencionado, mas era o equilíbrio do Grêmio nos anos 1990. Era o Dinho, um exemplo de atleta. Não sei quem mais... O Jardel foi o melhor jogador ruim que eu vi jogar. Era impressionante.