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Santos busca "tiki taka" com Dorival e tenta implementar filosofia na base

A mudança já surtiu efeitos e começa pelo goleiro Vanderlei, com o fim dos chutões  - Divulgação/Santos FC
A mudança já surtiu efeitos e começa pelo goleiro Vanderlei, com o fim dos chutões Imagem: Divulgação/Santos FC

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

14/03/2016 06h00

A busca do Santos pelo futebol convincente apresentado no fim do último ano passa por uma reformulação de estilo. O técnico Dorival Júnior trabalha para implantar a filosofia do “tiki taka”, sistema caracterizado por manutenção da posse de bola por meio da troca de passes curtos. O estilo é um clássico das equipes dirigidas por Pep Guardiola.

A mudança já surtiu efeitos e começa pelo goleiro Vanderlei, com o fim dos chutões nas bolas recuadas. A equipe, por sua vez, é a segunda que mais acerta o fundamento no Campeonato Paulista, de acordo com o Footstats.

O reformulado time de Dorival está atrás, somente, do Osasco Audax, que adota um estilo de jogo que favorece o passe, imposto como espécie de norma dentro do clube.

No último ano, por exemplo, mesmo com o título sob o comando do técnico Marcelo Fernandes, os santistas terminaram como quarto melhores passadores da competições, mas com outras características: mais finalizações – lideraram tanto nas certas, quanto nas erradas – e desarmes.

“Não tem como comparar, cada equipe tem uma característica. Valorizo a posse de bola, não quer dizer que não temos que dar chutões. Existe a liberdade de escolha, mas estamos treinados para não fazer. Treinamos para a compactação, para a posse de bola e saída em velocidade”, disse o treinador, que assegurou que a equipe não perderá a sua principal marca.

“Defendo a posse de bola, mas temos que manter as características do Santos que são a velocidade, a mobilidade e a busca do gol. Melhoramos muito as nossas ações, trocamos muitos passes, uma média de 20 a 30% superior a do ano passado. Todos os trabalhos desde o ano passado visam isso. Estamos em um outro estágio”, argumentou.

Dorival, no entanto, é realista. Não esconde que a nova filosofia só será bem aceita caso termine vitoriosa: “tudo só é bonito quando se ganha”.

O Santos ainda apresenta dificuldades. Fez no último domingo, na vitória por 2 a 0 no clássico contra o Corinthians, na Vila Belmiro, a sua melhor apresentação na temporada, porém ainda com a visível queda de rendimento no segundo tempo quando viu o rival criar oportunidades para empatar o confronto.

Sistema já chegou a base

Na base, o Santos também trabalha poder incluir a nova filosofia. Para isso, dispensou Pepinho, campeão da edição de 2014 da Copa São Paulo, e aposta no desconhecido Marcos Soares desde outubro.

Soares acompanhou Dorival no próprio Santos e passou por uma série de estágios na Europa, o principal deles com Guardiola, no Bayern de Munique. O treinador, também, se encaixa a uma outra estirpe de treinador, longe da linha “boleiro”. Fala cinco idiomas e foi bancado mesmo com uma campanha pouco empolgante na atual Copinha.

Os jogadores do sub-20 já relataram sobre o nível dos treinos do novo treinador, dizendo que nunca haviam feito trabalhos parecidos em muitos anos de base. O treinador já declarou se preocupar muito mais com a qualidade de passe nos treinamentos do que propriamente com finalizações.

Dorival e membros da diretoria costumam se reunir periodicamente para alinhar a mudança de filosofia dentro do futebol do clube.