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Andrés festeja vendas para China: "Renato Augusto ficou 2 anos machucado"

Edilson Dantas/Folhapress
Imagem: Edilson Dantas/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

15/03/2016 23h25

Ex-presidente do Corinthians e ex-superintendente de futebol do alvinegro da capital paulista, Andrés Sanchez foi destaque de palestra na noite da última segunda-feira (14), no Rio de Janeiro, na sede de Furnas. Especialmente por não ter poupado acidez nos comentários. Em certo momento, até festejou as vendas de ex-jogadores corintianos para o futebol chinês e comentou: “eles tinham que ter levado mais”.

Campeão brasileiro em 2015, o Corinthians perdeu jogadores importantes do time titular para o exterior – Gil, Ralf, Jadson e Renato Augusto para a China; Vagner Love e Malcom para a França. À época, a debandada foi tratada como “desmanche”, e o clube foi criticado por imprensa e torcida por não ter evitado as saídas.

“Nós temos que mudar a cultura de cobrança da maneira que é feita. Corinthians vendeu o Renato Augusto – que jogou 5 meses também, ficou 2 anos machucado –, vendeu Jadson, que foi mandado embora do São Paulo e chegou a ser 3º reserva do Corinthians, vendeu o Vágner Love, que ninguém queria até 1 mês antes de ser campeão. Diziam: ‘que cagada, contrataram o Love. Não faz gol, é burro...’”

“Aí vendemos e se alarmaram: ‘p... que pariu, desmanchou o time. É um absurdo, tem esquema com empresário, alguém está levando dinheiro’. Isso é insuportável.  Tenho que agradecer aos chineses todos os dias, que vieram no Corinthians e levaram jogador. Tinham que ter levado mais. O treinador ganha bem, é o melhor do Brasil, segundo o que falam por aí, ele que monte time, pô”.

“O Renato Augusto ganhava R$ 450 mil por mês. O Love, R$ 470 mil. Agora que eles saíram nós podemos falar. O Jadson, terceiro reserva no Corinthians – ele começou o ano como terceiro reserva, é verdade – ganhava R$ 400 mil. Você imagina quanto eles iam pedir para renovar agora? Depois de 6 meses não íamos conseguir pagar. E o papo seria de que fizemos loucura. ‘Como é que seguraram esses jogadores, por que seguraram?’, perguntariam”.

Tite segurou Jadson? Não foi bem assim...

Andrés tornou a falar de um jogador que partiu para China mais adiante na conversa - Jadson, especificamente. O ex-cartola tratou de desmentir a história de que Tite teria sido fundamental na permanência do meia, no começo de 2015, quando o futebol asiático apareceu com proposta pela primeira vez.

“A mulher do Jadson não queria ir. Depois, o dinheiro dobrou e ele mostrou o número para ela: ‘olha só meu amorzinho’. Ela notou que poderia comprar não sei quantas bolsas e disse: ‘vou com você, meu amor’”, contou, para reforçar argumento de que são os próprios atletas que decidem a hora de sair ou não, independentemente da força que se faça de dentro do clube.

Ronaldo: um "gordo chapado" que mudou o Corinthians

"Hoje é mais importante ter estrutura, centro de treinamento, aparelhagem para recuperação e prevenção de atletas do que ter um grande jogador. O Corinthians aprendeu isso na dor. Aprendeu porque eu trouxe um gordo chapado que me enchia o saco. O Corinthians era um time de várzea, não tinha nada. Era muito grande só nome, lá dentro era... O Ronaldo foi o que mais encheu o saco: 'isso aqui é uma várzea, pior que o São Cristovão', dizia. Fizemos tudo, e eu aprendi na dor que temos de investir em estrutura". 

Em 2011, "Tite já estava com malas prontas"

Andrés também cobrou mudança de mentalidade dos dirigentes dos clubes de futebol no Brasil. Para ele, a maioria age com paixão, e por isso cede a decisões depois de pressão da imprensa e dos torcedores. O ex-presidente do Corinthians citou a manutenção de Tite no comando da equipe em 2011, após eliminação para o Tolima na Libertadores, para dar exemplo do que já fez contrariando esta lógica. 

“Não mandei Tite embora porque ele não tinha culpa. Ele estava há 8 jogos no Corinthians, tinha perdido 1, empatado 2 e vencido 5. Não havia montado o time. E ficava caro para caramba demiti-lo, algo como R$ 2,5 milhões”.

“No dia em que falei, ele não acreditava. Estava de malas prontas. Falei: ‘trate de ganhar, porque se você não ganhar, você vai ser um cara burro e eu também’. Se não tivéssemos sido campeões, ele estaria massacrado e eu, mais ainda”.

Tite, depois do episódio, foi campeão brasileiro em 2011, e da Libertadores e mundial em 2012. Saiu da equipe em 2013, quando foi à Europa para aprender e se renovar com treinadores do Velho Continente. Pelo menos na história oficial. Para Andrés, não foi bem assim.

“Você acha que ele foi para estudar tática? Deu tapaa nas costas do treinador do Arsenal [Arsene Wenger] e falou: "que beleza, dez anos trabalhando...”