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Argentina se vinga de um desfigurado Chile e respira nas Eliminatórias

MARTIN BERNETTI/AFP
Imagem: MARTIN BERNETTI/AFP

Do UOL, em São Paulo

24/03/2016 22h30

Quase um ano depois de sua maior glória – o título da Copa América -, o Chile voltou a se encontrar com a Argentina. E o palco foi o mesmo daquele momento inesquecível: o Estádio Nacional, em Santiago. O resultado, não: vitória argentina por 2 a 1, gols de Mercado e Di María – Gutiérrez marcou para os donos da casa, no confronto válido pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018.

Desfigurado com quatro desfalques, o Chile chegou a dominar o começo do jogo e abriu o placar com Gutiérrez. A força argentina, no entanto, fez a diferença ao decorrer da partida. Para piorar, dois erros defensivos chilenos resultaram nos gols da Argentina.

Com a vitória, a Argentina vai aos 8 pontos e assume provisoriamente a quarta colocação – o Brasil ainda joga na rodada e pode recuperar o posto. Já o Chile permanece com sete pontos, caindo para a sexta posição.

Na próxima rodada, a Argentina recebe a Bolívia, na terça-feira (29), em Córdoba. Já o Chile sai de casa para enfrentar a Venezuela, no Estádio La Carolina, na cidade de Barina, no mesmo dia.

UM INÍCIO PROMISSOR NO REENCONTRO

Jogadores do Chile comemoram gol marcado contra a Argentina - MARTIN BERNETTI/AFP - MARTIN BERNETTI/AFP
Imagem: MARTIN BERNETTI/AFP

O encontro no Estádio Nacional quase um ano depois da conquista da Copa América tinha tudo para ser de festa para o Chile. Antes de a bola rolar, o goleiro Bravo foi homenageado pelo 100º jogo com a camisa chilena. Com ela rolando, Gutiérrez precisou de apenas 10 minutos para aproveitar uma falha de posicionamento da zaga argentina e cabecear para o fundo do gol de Romero, abrindo o placar para o Chile.

FALHAS CRUCIAIS REESCREVEM A HISTÓRIA DE CHILE X ARGENTINA

Di María comemora o gol de empate da Argentina com o Chile - MARTIN BERNETTI/AFP - MARTIN BERNETTI/AFP
Imagem: MARTIN BERNETTI/AFP

Cheio de desfalques, o Chile deu indícios de que conseguiria equilibrar as ações com a Argentina. Duas falhas, no entanto, decidiram o confronto. Na primeira, Orellana saiu jogando errado e permitiu o ataque argentino. Agüero tabelou com Banega e deixou para Di María empatar o jogo, aos 19 minutos do primeiro tempo. Cinco minutos mais tarde, a defesa chilena afastou parcialmente uma cobrança de falta e não conseguiu evitar o passe de cabeça de Otamendi para Messi. O camisa 10 avançou e Isla, ao fazer o corte, cruzou para Mercado mandar de voleio para o gol, virando o jogo para a Argentina.

DESFALQUES SÓ AUMENTAM. E SÁNCHEZ SOZINHO NÃO FAZ VERÃO

Sánchez conduz a bola durante a partida entre Chile e Argentina - STRINGER/REUTERS - STRINGER/REUTERS
Imagem: STRINGER/REUTERS

Pizzi teve que quebrar a cabeça para montar a seleção do Chile para seu primeiro jogo oficial. Para o confronto contra a Argentina, quatro jogadores eram desfalques certos: Vidal, Valdivia e Vargas, suspensos, e Aránguiz, machucado. E se a vida já estava complicada, ficou ainda pior em 20 minutos de partida. Logo aos 6, Matías Fernández sentiu e foi substituído por Francisco Silva. Antes dos 20, Marcelo Díaz sentiu a coxa e deu lugar para Bryan Rabello. Com tantos problemas, Alexis Sánchez se apresentava em campo como a esperança em meio a um time desfigurado.

“Sánchez está se movimentando mais, aparecendo mais para o jogo. Hoje, não tem a ajuda de jogadores fundamentais, como Vargas, Vidal, Valdivia. Ele é a estrela, que tem a responsabilidade de levar a equipe”, analisou o comentarista Lédio Carmona, durante a transmissão do “Sportv”.

NOVO TÉCNICO APOSTA EM UM CHILE DIFERENTE. MESSI AGRADECE

Juan Antonio Pizzi, novo técnico do Chile, durante a partida contra a Argentina - MARTIN BERNETTI/AFP - MARTIN BERNETTI/AFP
Imagem: MARTIN BERNETTI/AFP

Em sua primeira partida oficial como treinador do Chile, Juan Antonio Pizzi mudou o esquema tático utilizado por Jorge Sampoli. No lugar do 3-5-2, o técnico decidiu apostar no 4-3-3. Uma opção que ao passo que deu mais poderio ofensivo ao Chile, deixou Lionel Messi bem mais livre do que na final da Copa América. E o resultado foi uma série de jogadas iniciadas pelo craque do Barcelona. O segundo gol, inclusive, feito por Mercado, o camisa 10 só não deu a assistência porque Isla o puxou e acabou sendo o responsável pelo passe para o tento.

“Sampaoli nunca deixou tanto espaço para Messi. Muito mal Pizzi...”, analisou Tancredi Palmeri, jornalista do italiano “Gazzetta dello Sport”, no Twitter. Lédio Carmona, no entanto, deu méritos ao novo treinador. “Não dá para cornetar o Pizzi. Com tantos problemas, o Chile faz um jogo interessante, consegue equilibrar a partida contra uma forte Argentina. Um começo interessante do Pizzi”.

DITADURA “NUNCA MÁS”

Antes do início da partida, os jogadores da Argentina lembraram os 40 anos da ditadura militar argentina, que fez desaparecer 30 mil pessoas no país. Por causa da proibição da Fifa de exibir mensagens políticas em campo, os atletas se reuniram ainda no vestiário com a faixa “24 de março. Dia Nacional da MEMÓRIA pela VERDADE e JUSTIÇA”.

O ato teve ainda mais significado por ter sido feito no Estádio Nacional, em Santiago. O local foi o maior campo de concentração e tortura da América Latina. Em 11 de setembro de 1973, um golpe militar derrubou o então presidente chileno Salvador Allende. 40 mil presos de 38 países foram mantidos no estádio no período do regime.