Sem medo de craques: após enfrentar R10, Levir pode tirar Fred do Flu
Levir Culpi não tem medo de desafios. Aos 61 anos, em 2014, o treinador topou a missão de retornar ao Brasil – após quase uma década no Japão – e comandar o então badalado Atlético-MG de Ronaldinho Gaúcho, que buscava manter o topo do futebol sul-americano após conquistar a Libertadores de 2013. Com um bom trabalho, conquistou a Recopa Sul-Americana e a Copa do Brasil. Mas não foi só isso. O técnico tranquilo aproveitou o período em Belo Horizonte para mostrar uma personalidade forte de quem não se curva às estrelas de seus times.
Foi assim que não temeu Ronaldinho, encarou a estrela do Galo de frente e tirou o camisa 10 do time por entender que o mesmo não se esforçava como os demais em treinos e jogos. “Tive uma briga, sim. Ele não quer pagar o preço de ser um atleta profissional”, disse o sincero treinador.
Agora no Fluminense, o ainda mais experiente Levir Culpi se viu diante de outra estrela com status de “dono do time”. E novamente não se rendeu. Insatisfeito com o rendimento de Fred – oito jogos sem gols –, o técnico passou a substituir o camisa 9, o tirou da relação do jogo do último domingo e irritou o ídolo tricolor.
Aos poucos, Levir foi mostrando pulso e tirando o comando de Fred, que já não palpitava mais como antes e ainda teve uma rusga com o técnico no vestiário – jogo contra o Madureira – ao tentar cobrar jogadores mais jovens.
O treinador também sem incomodava com os seguidos desfalques em treinos e regalias. Para Levir, Fred não iria ficar jogando se não treinasse com os demais companheiros.
“É incrível porque as pessoas passam a liderança para um cara que não tem que assumir a liderança do clube. Ele [Fred] tem que assumir a liderança do time, um líder natural. Não acho que ele tenha que ter esse peso que dão a ele. Não pode comandar o clube, a não ser que pare de jogar e assuma o comando. Ai fica tranquilo, ele manda e dá as cartas”, disse Levir, mostrando mais uma vez toda sua personalidade durante entrevista à TV Record.
“É simples: se o jogador não está satisfeito, tem que sair. Mas algumas coisas precisam ficar claras. O técnico nunca vai ser mais importante que o clube. Muito menos o jogador. Não existe jogador ou técnico maior que um clube. Jogador joga, técnico treina, dirigente dirige e o presidente manda em tudo. É difícil entender isso? Há algo de errado nisso?”, completou, antes do jogo do último domingo.
Em reunião no último sábado, Fred não aguentou e chegou a dizer para a diretoria “ou ele, ou eu” ao comentar a insatisfação com Levir Culpi e informar que não jogaria mais sob o comando do técnico. O ultimato do ídolo tricolor, no entanto, não ameaça o treinador.
Em alta com diretoria, elenco e torcida, Levir não será demitido. Mesmo sem uma definição do caso, o presidente Peter Siemsen chegou a comentar internamente que a saída de Fred poderia ser uma opção viável. O mandatário agora estudaria emprestar o atleta a outro clube brasileiro ou rescindir o contrato – até o final de 2018 – e receber uma verba por isso.
Após a vitória sobre o Volta Redonda, porém, Fred pensou em recuar na briga e Levir também baixou o tom. Ambos agora já cogitam um diálogo por entendimento. Mas o treinador foi claro: "Ele precisa me procurar".
Em nove jogos à frente do Flu, Levir soma seis vitórias e três empates. Mesmo período do jejum de Fred. Não bastasse a invencibilidade que levou o time à final da Primeira Liga e à liderança do Campeonato Carioca, o técnico ainda resolveu o problema da criticada defesa - sofreu apenas quatro gols sob seu comando.
Inicialmente, a ideia é que nenhuma decisão sobre o futuro de Fred seja oficializada até terça-feira. Até lá, o atacante está liberado das atividades com o elenco.
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