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Organização "militar", regras pro celular e almoço: o estilo Argel no Inter

Argel Fucks ganha momentos de paz no Internacional antes das finais do Gauchão - Ricardo Duarte/Divulgação SC Internacional
Argel Fucks ganha momentos de paz no Internacional antes das finais do Gauchão Imagem: Ricardo Duarte/Divulgação SC Internacional

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

25/04/2016 06h00

Argel superou as críticas e conquistou a paz. Antes questionado, principalmente pela torcida, o comandante vermelho baseou seu trabalho numa trinca de fatores que estão dando resultado. A vaga na final do Gauchão foi um novo passo consolidando garantia de sequência no clube. 

Contestação é algo com que o treinador convive desde seu anúncio. Logo de cara tinha rejeição de parte dos aficionados. Ainda não havia comandado um grande clube e o Colorado e assumiu o time em momento turbulento. Foi quando começou a mostrar duas bases de sua atividade que se referem à relação interna de trabalho. 
 
Argel impõe 'estilo militar' durante atividades. Cobra de seus jogadores empenho absoluto. Cortou uso de telefone na concentração, impôs que as refeições fossem feitas com todos juntos, promoveu a regularidade em períodos concentrados - que não existia desde o tempo de Abel Braga - recuperou estatutos internos de disciplina. 
 
Externamente, tratou de colocar os mais jovens no mesmo patamar dos experientes. Disse que o tratamento de 'meninos' aos vindos da base era inadequado. Eram homens, que se jogavam estavam prontos para cobranças da mesma forma dos demais. Neste sábado, usou um novo termo para se referir aos atletas: soldados. 
 
"Fomos com os melhores soldados para a guerra... Eu protejo meus soldadinhos", disse em momentos da coletiva.
 
Nas palavras dele, o segundo pilar de relação interna: blindagem. Quando o erro é coletivo, individual ou tático, Argel sempre repete que a culpa é dele. Mesmo quando a vitória não aconteceu por um pênalti desperdiçado, na última semana por Eduardo Sasha, o comandante assumiu a responsabilidade. 
 
"É uma coisa que trago desde o tempo de jogador. Não cobro meus atletas publicamente. Internamente nós conversamos. E eu vejo que é assim que se consegue sucesso", completou. 
 
No contato com público, o ex-zagueiro repete as mesmas frases para sublinhar questões que julga importante. "Não fizemos mais que nossa obrigação", vem a cada vitória. "Estamos trocando o pneu com o carro andando", dizia no ano passado. "O projeto de rejuvenescer o grupo foi feito e estamos no caminho certo", também aparece a cada entrevista. Assim, sublinha seus pontos prediletos. 
 
E contando com resultados positivos - mesmo que ainda oscilando - o treinador conquistou a paz entre os diretores e principalmente com os aficionados do Inter. Algo que jamais o preocupou diretamente. 
 
"Não vejo a torcida impaciente. Moro em Porto Alegre, vou a todos os lugares que sempre fui, vejo a torcida bastante satisfeita com a reformulação, com a garotada jogando. Ninguém tem cadeira cativa no time, isso é o mais importante. Joga quem estiver melhor e quem se escala é o jogador", finalizou. 
 
Argel disputará sua primeira final pelo Inter. Ele, porém, considera a segunda pois contra o São José, na primeira fase do Estadual em jogo que valeu também pela Recopa Gaúcha, o título foi conquistado nos pênaltis.