Topo

Corinthians muda política de novos contratos para evitar outro desmanche

Marquinhos Gabriel tem 70% de direitos econômicos ligados ao Corinthians - Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians
Marquinhos Gabriel tem 70% de direitos econômicos ligados ao Corinthians Imagem: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

02/05/2016 06h00

Nada de permitir que contratos se arrastem até os últimos meses. Nada de contratar jogadores com baixos percentuais.

Na reformulação do elenco para a atual temporada, o Corinthians mostra ter aprendido lições com o desmanche que levou embora meio time campeão brasileiro de 2015. Entre reforços adquiridos e renovações de contrato, o clube tem maior autonomia que anteriormente.

É o caso, por exemplo, de Marquinhos Gabriel. Por R$ 10,5 milhões, o Corinthians adquiriu 70% dos direitos econômicos e assinou um contrato válido por quatro temporadas. A porcentagem restante ficará nas mãos do Al Nassr-ARA. O clube também é majoritário nos contratos de todas as outras principais aquisições: Giovanni Augusto (60%), Balbuena (100%), Guilherme (100%) e André (80%). No caso de Marlone, foram comprados 50% de direitos.

O panorama é bastante diferente em relação a alguns jogadores negociados na virada do ano. Malcom, por exemplo, só tinha 30% de direitos econômicos ligados ao Corinthians, exatamente o percentual recebido pela venda de Jadson. Pela operação que levou Renato Augusto à China, o clube também ficou com 50% do valor total.

Nos casos de Renato Augusto e Jadson, também pesou nas negociações o fato de o Corinthians ter contratos curtos com ambos. Quando perdeu os dois jogadores para a China via pagamento de multa rescisória, a direção corintiana tentava esticar os vínculos. Neste ano, Tite ganhou tranquilidade com renovações como as de Yago, Guilherme Arana, Felipe, Bruno Henrique, Rodriguinho e Lucca.

Em dois casos, em particular, o Corinthians fez investimento elevado para ampliar sua autonomia nos contratos de titulares, uma iniciativa pouco comum até os anos anteriores. O investimento no zagueiro Felipe foi de R$ 13 milhões para saltar de 50 para 100% de direitos econômicos. Já em Bruno Henrique, o clube também passa de 25% para 60% de direitos por valores ainda não revelados. Jovem jogador com maior destaque no grupo em 2016, o volante Maycon é outro exemplo de uma mudança de paradigma nos contratos do clube, que tem 80% dos direitos dele.

Gerente do Corinthians, Edu Gaspar diz que clube planejava esse tipo de mudança

"Estamos brigando há muito tempo e colhendo frutos agora. Não é fácil. Todas as coisas no futebol demandam tempo. As decisões que tomamos em negociações são criteriosas e firmes no que o clube está impondo, de forma educada. O Corinthians propõe o que é justo, cabe ao atleta se adaptar. O Rodriguinho entendeu isso bem. Na época, ele pediu um contrato de tempo diferente e passamos a realidade. Ele entendeu perfeitamente (renovou por um ano) e falou 'está correto'. No fim do ano, vamos conversar com ele se vai renovar ou não. No final, Lucca também entendeu. Demorou um pouco mais, mas entendeu".

Fifa vetou cessão de porcentagens a investidores

Um dos pontos que influenciaram essa mudança em contratos do Corinthians e outros clubes é o veto da Fifa à divisão de percentuais com investidores. Nas gestões de Andrés Sanchez e Mário Gobbi, se acostumou a ceder porcentagens em acordos, empréstimos e aquisições de atletas. Hoje, apenas clubes podem ser donos de jogadores.
O maior exemplo desse procedimento ocorreu com o meia Matheus Pereira, 18 anos e que está com a venda encaminhada à Juventus-ITA, mas só tem 5% ligados ao Corinthians.