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Jogador mais caro do mundo não garante lucro na Eurocopa 2016

Matthew Childs/Reuters
Imagem: Matthew Childs/Reuters

06/05/2016 13h28

Você é um azarão que conseguiu chegar à festa de gala da Eurocopa pela primeira vez e agora é hora de ganhar algum dinheiro. Bem, talvez não seja assim.

O País de Gales conta com a estrela mais cara do mundo no Real Madrid, Gareth Bale, mas não poderia se sentir mais distante do glamour do futebol internacional ao fazer as contas do custo de enviar sua seleção ao recém-expandido torneio, que começa em cinco semanas na França. Em vez disso, o país de 3 milhões de habitantes, e uma população de ovelhas três vezes maior que isso, oferece um retrato da realidade sobre a participação no maior evento esportivo do planeta depois da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos quando você não é um dos grandes.

Em primeiro lugar estão os jogadores, treinadores e massagistas. Depois vêm os hotéis, os voos fretados com origem e destino nas cidades que organizam as partidas e as despesas com alimentos. Finalmente, adicione os custos mais incomuns: Gales gasta mais de 60.000 euros (US$ 68.300) com a conexão de internet de alta velocidade de sua base de treinamento, no noroeste da França, para atender a mídia internacional.

"Eu já estou, literalmente, nas últimas centenas de milhares", disse Jonathan Ford, CEO da federação galesa, em entrevista. "É ótimo que sejamos os primeiros a conectar a Grã-Bretanha com um cabo de fibra ótica, mas trata-se de uma despesa enorme. Estamos falando, literalmente, da abertura de buracos nas ruas".

Torneio expandido

Todas as 24 seleções participantes recebem 8 milhões de euros do órgão que administra o esporte na Europa, a Uefa. Embora o montante seja equivalente a quatro quintos da receita do País de Gales no último ano financeiro, é improvável que a federação ganhe algum dinheiro com a competição, disse Ford.

Há um prêmio adicional em dinheiro à medida que o torneio avança, incluindo o montante de 8 milhões de euros oferecido ao vencedor. Mas o País de Gales é um azarão: as chances de ser coroado campeão estão em 66-1 nas casas de apostas, mesmo contando com Bale, jogador avaliado em 100 milhões de euros.

Isto reflete, em parte, o novo formato da Eurocopa, que se expandiu após contar com 16 seleções há quatro anos. A mudança permitiu que países pouco aclamados no futebol, como Islândia e Albânia, se qualificassem pela primeira vez, e Gales se unirá à rival Inglaterra, de maior porte.

Gianni Infantino, ex-secretário-geral da Uefa, defendeu a nova configuração no início deste ano. Ele disse que o objetivo da competição são as vitórias, e não o dinheiro. Seleções que anteriormente não acreditavam que podiam chegar às finais agora abordam os jogos qualificatórios com uma atitude diferente, disse Infantino.

"Quando você dá a alguém a oportunidade de participar isso cria uma dinâmica completamente diferente", disse ele antes de substituir Sepp Blatter como presidente da Fifa. "Os times jogam porque acreditam que podem vencer. Antes, celebravam quando caíam no grupo classificatório com a Alemanha ou a Inglaterra por causa dos direitos televisivos que poderiam vender".

Jogo da Inglaterra

O País de Gales enfrentará a Inglaterra em um dos três jogos da primeira fase e as únicas coisas que compartilham é o campo e o estilo de jogo. A renda da federação galesa foi de 10,4 milhões de libras no ano financeiro mais recente, apenas um trigésimo do obtido pela Associação de Futebol Inglesa, que é apoiada por uma lista de patrocinadores, como Mars, McDonald's e Carlsberg. A receita da FA, como é conhecida a associação inglesa, também inclui os direitos televisivos.

Como outras seleções de seu tamanho, o País de Gales não exige que a maioria de seus patrocinadores assine bônus de desempenho, disse Ford, o que significa que os gols de Bale que levaram a equipe à França não renderam nenhum dinheiro adicional. Além disso, Ford não está aceitando nenhum novo patrocinador em busca de tirar proveito com exclusividade da primeira aparição galesa em um torneio importante desde a Copa do Mundo de 1958. Em vez disso, ele confia nos acordos existentes e no montante distribuído pela Uefa para financiar seus preparativos.

"Não quero reclamar porque isto é fantástico", disse Ford. "Mas o problema que temos é que tudo isso custa muito dinheiro".