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Santos desconfia que R. Oliveira 'faz a cabeça de atletas' e estuda medida

Para a diretoria, Ricardo Oliveira é problema fora de campo e solução dentro dele - Ricardo Nogueira/Folhapress
Para a diretoria, Ricardo Oliveira é problema fora de campo e solução dentro dele Imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

12/05/2016 11h00Atualizada em 12/05/2016 17h17

O termo ‘pilhar’ na Vila Belmiro é utilizado por dirigentes do Santos quando o assunto é a influência do atacante Ricardo Oliveira no elenco. O UOL Esporte apurou que a cúpula alvinegra já via com bons olhos a venda do jogador na abertura da janela de transferências do mercado chinês no meio deste ano por acreditar que o camisa 9 incentiva parte dos atletas a deixar o clube.

No entanto, o papel de herói de Ricardo Oliveira na final do Campeonato Paulista, diante do Audax, no último domingo, quando ele marcou o gol do título mesmo atuando no sacrifício, com dores no joelho, fez a diretoria santista repensar a medida de aceitar liberá-lo no meio do ano.

A cúpula alvinegra acredita que, após vetar a saída de Ricardo Oliveira para o futebol chinês no início deste ano, o seu capitão virou um problema fora de campo e, por isso, já esperava a chegada de uma nova oferta para negociá-lo. No entanto, os dirigentes santistas não negam que o camisa 9 é a solução do time dentro das quatro linhas.  

Agora, a saída de Ricardo Oliveira, que era unanimidade até a final contra o Audax, já divide opiniões na cúpula santista e será levada a votação no Comitê Gestor em caso de proposta. Na Votação no início do ano, apenas um integrante votou a favor da saída do atacante e, por isso, recebeu o apelido de “capeta” pelos demais membros da diretoria.

Ricardo Oliveira ofereceu R$ 26 milhões do próprio bolso para o Santos no início deste ano, pois abriu mão de metade do valor oferecido pelo Beijing Guoian, da China, para conseguir a sua liberação na Vila Belmiro. Mas o clube paulista queria, no mínimo, R$ 34,8 milhões para liberá-lo.

Depois da recusa, foi iniciada uma ‘guerra’ entre atletas e diretoria. Na visão dos dirigentes, o mais influenciado é o meia Lucas Lima, que pediu aumento para Ricardo Oliveira publicamente e ainda externou em entrevistas que espera gratidão do Santos para liberá-lo no meio do ano em caso de propostas do futebol europeu.

Enquanto não decide o futuro do camisa 9, a diretoria santista se previne e busca reforços para a posição. Rodrigão, centroavante do Campinense, já está contratado. Jonathan Copete, do Atlético Nacional, deixar após o término da participação do clube colombiano na Copa Libertadores da América.

Apesar da cúpula ter essa visão, há setores da diretoria que defendem o jogador. Lembram que foi ele quem ajudou a convencer dois jogadores a não deixarem o clube no ano passado, casos de Gabigol (que teve proposta do Galatasaray) e Thiago Maia (procurado pelo Atlético de Madri).

Santos e Ricardo Oliveira negam atrito em nota oficial:

Tendo em vista as inverdades contidas na matéria “Santos desconfia que R. Oliveira ‘faz a cabeça de atletas’ e estuda medida”, assinada pelo jornalista Samir Carvalho e veiculada no site da UOL, temos a esclarecer o que segue em respeito aos torcedores do Santos F.C. e aos leitores deste conceituado veículo de comunicação:
 
1. Lamentamos que, mais uma vez, o referido jornalista utilize argumentos fantasiosos para criar fatos inexistentes, sem qualquer consistência verídica e camuflados em fontes genéricas que não atribuem qualquer credibilidade à matéria citada. Ao contrário, referenciar fontes imprecisas como “dirigentes santistas”, “cúpula alvinegra”, “cúpula santista” e “membros da diretoria”, revela o desinteresse do autor na checagem das informações divulgadas, remetendo a invencionismos que não condizem com as práticas do bom jornalismo;
 
2. Ao contrário do que foi insinuado na referida matéria, o atleta Ricardo Oliveira é merecedor do respeito e admiração de dirigentes, funcionários, atletas e torcedores do Santos F.C., pelo profissionalismo e postura ética com a qual conduz sua brilhante carreira. Não existe, portanto, qualquer fato desabonador ou razão para que sua permanência no clube não seja desejada, até porque sua conduta exemplar serve de parâmetro para os demais companheiros e influência positivamente os atletas mais jovens;
 
3. Por fim, salientamos que o Santos F.C. mantém canais de comunicação abertos para atendimento da imprensa, voltados a esclarecer quaisquer fatos referentes a sua administração e seus atletas, não justificando portanto que maledicências, rumores e fofocas embasem matérias que, ao que parecem, visam apenas desinformar o leitor. Outrossim, salientamos que o Santos F.C. não se furtará a tomar as medidas cabíveis para restabelecer a verdade dos fatos e buscar a reparação dos possíveis danos causados pela propagação sistemática de inverdades.
 
A Diretoria do Santos FC
 
Versão do atacante Ricardo Oliveira
 
Diante da matéria publicada pelo Uol nesta quinta-feira, o atacante Ricardo Oliveira, do Santos, tem a declarar:
 
A matéria publicada não tem fundamento algum. Nem se deram ao trabalho de ouvir algum jogador do Santos. Perguntaram a eles que tipo de orientação eu dou? Seria bem simples conversar com eles, os quais são generalizadamente citados, para darem uma posição sobre o que conversamos.
 
Desde a minha chegada ao Santos, pela minha experiência no futebol e na vida, sempre dei abertura para que todos no clube me procurassem para conversar. E atendi a todos com enorme carinho e atenção. Faz parte da minha índole e da minha postura como homem.
 
Em nenhum momento eu disse que atleta deveria deixar o clube, assim como também nunca disse que deveria ficar. O que faço, quando perguntado, é orientar o que acho melhor para o futuro de cada um. Seja na vida profissional ou na vida pessoal. Mas sempre respeitando as instituições e os contratos envolvidos. Eu não "pilho" ninguém, como citado na matéria.
 
Vejo que na matéria diz que o "UOL Esporte apurou", mas não encontrei nenhuma declaração, de nenhum dirigente do clube, abertamente falando sobre o assunto. A minha relação com a diretoria do clube é boa. É óbvio que temos algumas opiniões diferentes, como todos têm com os quais se relacionam, o que é normal.
 
Dizer que o clube vai me liberar agora no meio do ano soa estranho. Como recusam uma proposta milionária em janeiro e depois de alguns meses me liberam? Já receberam proposta? Onde está o contrato de que vão me liberar? Eu não tenho conhecimento de proposta alguma e sou parte envolvida. Além disso, tenho vínculo até dezembro de 2017, o que também parece ter sido ignorado na matéria.
 
Fui bicampeão paulista, artilheiro do Paulista de 2015, do Brasileiro de 2015, finalista da Copa do Brasil, cheguei a 100 jogos pelo clube, estou na Seleção Brasileira e o gol do último domingo é que fará a diretoria do Santos mudar de ideia em me liberar? Pelo gol de domingo tudo vai ser diferente?
 
Para finalizar, em relação aos valores citados na matéria, é mais uma apuração errada do veículo. Eu, Ricardo Oliveira, colocaria R$ 26 milhões do meu bolso? De maneira alguma! Eu me coloquei à disposição para abrir mão de uma parte do que foi oferecido pelos chineses, para ajudar o Santos, mas não colocaria nada no negócio. Muito menos um valor como o colocado.