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Da farmácia à 'bota' de ouro: Jonas vira solução para Brasil sem ataque

Lucas Figueiredo / MoWA Press
Imagem: Lucas Figueiredo / MoWA Press

Danilo Lavieri e Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Manhattan Beach (Estados Unidos)

21/05/2016 06h00

Jonas, 32, foi o escolhido por Dunga para ocupar a vaga de Ricardo Oliveira, 36, cortado da Copa América de 2016 na sexta-feira devido a uma lesão no joelho direito. Campeão e artilheiro no Benfica, Jonas agora chega como solução para a seleção brasileira depois de competir com gigantes pela "bota de ouro" européia, como é chamado em Portugal o prêmio dado ao principal goleador do continente. Anos antes, porém, pensou em largar o futebol para ser farmacêutico.

A bota de ouro da temporada 2015-16, no final das contas, ficou com o uruguaio Luis Suárez, do Barcelona, que também estará nesta Copa América Centenário, em edição especial disputada nos Estados Unidos. No topo do ranking, atrás dele, ficaram o argentino Gonzalo Higuaín, do Napoli, o português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, e Jonas, na quarta posição.

Competir pelo prêmio de principal artilheiro europeu não foi algo fruto de uma boa fase passageira. Há duas temporadas Jonas mantém média assustadora de gols pelo Benfica: 36 gols em 48 jogos nesta última temporada, e 31 gols em 35 jogos na anterior. Suficiente para ser considerado hoje, de forma isolada, o maior goleador brasileiro na Europa.

A melhor fase da vida chega para Jonas de forma tardia e pouco usual, na idade em que a maioria dos atletas se vê em decadência física e anos depois do auge habitual. Peculiaridades de uma carreira que desde o início não seguiu o script básico do jogador de futebol: aos 20 anos de idade, em 2004, Jonas trabalhava ao lado do irmão Tiago em uma farmácia em Taiúva, no interior de São Paulo; no mesmo ano Cristiano Ronaldo já havia sido comprado por 15 milhões de euros pelo Manchester United.

Foi então, aos 20 anos, que Jonas começou a jogar entre os profissionais do Guarani. Destacou-se e passou por Santos, Portuguesa e Grêmio. Depois, foi para o Valencia, da Espanha, e chegou a tentar voltar para o Brasil ao receber investidas de São Paulo e Palmeiras. Acabou no Benfica, onde brilharia.

Jonas chega como solução e com grandes chances de ser titular da seleção brasileira porque, com a saída de Ricardo Oliveira, ele será o único centroavante de ofício para uma equipe que não terá Neymar como fonte de gols. As outras alternativas para a vaga são Hulk, que em 46 partidas pelo Brasil jamais fez um gol em competições oficiais - marcou 11 vezes, mas todas em amistosos, e Gabigol, que poderá estrear na seleção nesta Copa América.

A boa fase de Jonas pelo Benfica, com gols e título português comemorado na semana passada, fez com que nas últimas surgissem no noticiário de Lisboa a possibilidade de uma transferência para a China. Ele nega a possibilidade de mudar de clube agora, mas poderá atrair novos interesses caso tenha um bom rendimento na Copa América. 

A seleção brasileira se apresentará em Manhattan Beach, perto de Los Angeles, na Califórnia, a partir de domingo - a cidade será sede dos comandados de Dunga até a estreia no dia 4 contra o Equador. Antes, o time faz um amistoso contra o Panamá em Denver, no dia 29.