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Como Douglas consegue ajudar mais jovens mesmo com perfil desregrado

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

28/05/2016 06h00

Aquele 'tiozão' que chega na casa do sobrinho, dá um abraço com força desmedida, cansado das extravagâncias da juventude e que senta-se ao lado no sofá para contar suas aventuras e desventuras, mostrando o que deve ou não ser feito. Que por vezes fez tudo que não deveria fazer, e talvez assim sirva melhor de exemplo. E que procura evitar que outros tantos jovens cometam os erros que cometeu. Um perfil simples de ser desenhado e tão comum no dia a dia pode também ser visto no elenco do Grêmio. É a relação de Douglas com os jovens do elenco. 

Douglas nunca foi um jogador que possa ser dado como exemplo fora de campo. Não esconde as noitadas que fez (e faz). Nunca se omitiu de postar fotos em que está cercado de bebidas alcoólicas ou vídeos (apagados em 24h no snapchat) em que dança na balada em estado avançado de 'alegria'. 
 
Mas ao mesmo tempo tem trabalho reconhecido internamente. Nos bastidores do Grêmio, o camisa 10 é admirado. Mesmo 'curtindo a vida', como gosta de afirmar, jamais se escondeu de treinamentos, jogos ou críticas. Se a conduta pode não ser exemplo, seu caráter é exemplar. 
 
E por isso ele tem encontrado outra função além da armação de jogadas no Grêmio. Até porque deixou de ser titular absoluto. Com a chegada de Bolaños, que agora defende a seleção do Equador na Copa América, e a preferência por atuar com um centroavante de ofício, o técnico Roger Machado deixou o 'Maestro' de lado. 
 
Só que quando muitos poderiam esmorecer e, pela experiência e rodagem até 'puxar para baixo' reclamando da condição, Douglas abraçou os mais jovens. Avesso a entrevistas, não chegou a assumir tal posto mas é nítida a conduta de 'paizão', ou 'tiozão' porque a diferença de idade não é tão grande. 
 
Jogadores como Everton, Lincoln, Pedro Rocha, Tontini, todos ficam repetidamente próximos a Douglas. Entre brincadeiras e orientações em campo, lições de batida na bola e melhor momento de agir, o camisa 10 assume a posição de 'orientador' deles. Mesmo longe de ser o melhor exemplo, também dá dicas de como se comportar para crescer na carreira.
 
Com isso, ele se torna ainda mais importante no elenco. Se não em campo, fora dele. Entre sorrisos e brincadeiras, ele faz os garotos adaptarem-se rápido ao elenco principal e à vontade renderem melhor. O '10' - como é chamado pelos companheiros - tem 34 anos e contrato com o Tricolor até o fim da temporada.