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Queda de técnico ofuscou feito de Guilherme contra o Real no Bernabéu

19.abr.2013 - Atacante Guilherme comemora gol do Atlético-MG em 1999 - FOLHA DE S.PAULO - FOLHA DE S.PAULO
Imagem: FOLHA DE S.PAULO

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

29/05/2016 06h00

Velho conhecido das torcidas do Corinthians e do Atlético-MG, o ex-atacante Guilherme, hoje treinador, não esconde que o clube mineiro foi ‘a menina dos seus olhos’ na sua carreira. Jogando por lá ele chegou a disputar uma Copa América (2001) e as eliminatórias da Copa do Mundo de 2002 pela seleção brasileira – é ainda o sétimo maior artilheiro da história do Galo. Segundo palavras do próprio, ‘foram quatro anos excepcionais’ que fizeram do Atlético-MG o clube mais importante dentre todos que passou. Mas um momento em especial, longe de Belo Horizonte, não sai da cabeça de Guilherme e ainda é apontado pelo atacante como um dos mais memoráveis de sua carreira: dois gols na vitória de 2 a 1 sobre o Real Madrid, em pleno Santiago Bernabéu, no ano de 1996, pelo Campeonato Espanhol.

Guilherme defendia o Rayo Vallecano, e proporcionou a única vitória de sua equipe sobre o gigante Real dentro do Bernabéu. Algo histórico mas que, infelizmente (para Guilherme), não acabou tendo a repercussão que se imaginava. Isso porque a derrota merengue resultou na demissão do então técnico do Real Madrid, o argentino Jorge Valdano. E foi este o assunto mais comentado do momento, deixando os gols históricos de Guilherme em segundo plano.

“Foi a última vez que o Rayo Vallecano ganhou lá dentro do estádio do Real Madrid. Ganhamos de 2 a 1 e eu fiz os dois gols. E o Valdano caiu naquela tarde... Eu tinha 20 anos e me lembro muito bem deste jogo, estava chovendo bastante em Madri. Infelizmente, para mim, como o Valdano caiu, eles [imprensa] deram muito mais ênfase à saída dele do que a nossa vitória, mas logicamente são coisas que ninguém esquece porque,  desde aquele ano, toda vez que o Rayo Vallecano vai jogar no Bernabéu o pessoal da imprensa espanhola me liga, porque foi a última vez que o Rayo ganhou lá dentro”, recorda em entrevista ao UOL Esporte.

Como o Valdano caiu, eles [imprensa] deram muito mais ênfase à saída dele do que a nossa vitória, mas logicamente são coisas que ninguém esquece"

Guilherme chegou ao Rayo cedo (apenas 20 anos), após uma breve passagem pelo São Paulo, segundo clube de sua carreira – depois do Marília. “Para mim foi muito importante essa minha ida, ainda mais jovem... Logicamente a adaptação sem os pais é um pouco complicada, porém a língua não é tão diferente da nossa, você aprende muito mais fácil do que outra língua... Alimentação, este tipo de problema, eu não tive, mas se adaptar à maneira do europeu de como lidar com o futebol foi o mais importante: esquema tático, obediência, tudo o que envolve realmente ser um atleta profissional. Foram três anos excelentes”, disse.

Além da passagem marcante pelo Rayo, clube pelo qual marcou 39 gols em três anos, Guilherme conversou com o UOL Esporte sobre outros assuntos como seleção brasileira, Atlético-MG e seu atual momento na carreira. Confira:

Carreira de técnico

“Agora acabou o contrato, a gente vai começar a negociar agora, eu já tive convite para dirigir equipes da série C, mas a preferência é renovar com o Novorizontino”.

“Eu tinha certeza que tinha condições para ser as três coisas: empresário, comentarista ou treinador. Logicamente eu tinha que me preparar pra isso, mas sempre soube que seria treinador. Aí fiquei me preparando por cinco anos... Em 2007 fui fazer um estágio e o Jorge Rauli [ex-jogador] assumiu o Marilia e me chamou para ser o auxiliar técnico dele – hoje ele é meu auxiliar – e eu aceitei. Fui auxiliar no Marilia um ano e meio, depois fui tirar o CREFI e comecei a fazer os estágios, me preparar para a reta final. Logicamente, dos treinadores com quem eu trabalhei, você tira algumas coisas deles. Eu trabalhei em times grandes e peguei os melhores treinadores do país, aí você guarda as coisas boas como eu guardei do Telê Santana de 93/94, você acaba aplicando no dia a dia, mas cada um tem a sua maneira de trabalhar”.

Atlético-MG

“Foi onde tudo aconteceu de melhor na minha carreira como jogador. Eu cheguei na seleção brasileira, então para mim o Atlético-MG é tudo. Foram quatro anos, artilharia do Brasileiro [1999, pelo Atlético-MG, com 28 gols], depois entrei entre os 10 maiores artilheiros na história do Atlético-MG, cheguei a sétimo maior artilheiro do clube [139 gols], disputei uma Copa América com a seleção brasileira [em 2001], joguei eliminatórias para a Copa de 2002, tudo jogando pelo Atlético-MG, então não tem como dizer que, para mim, o mais importante na minha vida como jogador foi o Atlético-MG”.

Seleção brasileira

“Sempre há discussão se aquele jogador foi importante ou se não foi, esse é o mérito da questão, isso aí a gente não entra, mas tem algumas coisas que são fatos e fatos e números você não tem como argumentar. Então eu fui convocado pelo Felipão para uma Copa América dentro de um espaço de tempo e fui importante pra ele no grupo da seleção brasileira para disputar a Copa América... Isso é um fato, para mim é muito importante e fica no currículo, isso ninguém tira”.

[derrota para Honduras na Copa América de 2001, por 2 a 0]

“Talvez tenha sido a derrota mais amarga que eu tenha tido na minha carreira, sem dúvida alguma. Foi aquela derrota doída... Mas a diferença técnica, peso de camisa, ou seja, com tudo isso que você sabe o que eu estou falando, não poderia ter acontecido aquilo. São coisas assim... Como é que o Mazembe ganha do Internacional no Mundial de Clubes? Como o Leicester é campeão da Inglaterra? São coisas que vão acontecer de 100 em 100 anos. Sabe quando Honduras vai ganhar do Brasil novamente? Daqui a 100 anos. Isso só acontece no futebol”.